Análise: Heartstopper – terceira temporada amadureceu ao seu próprio estilo

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Demorei, sim é verdade… mas cá estou para comentar um pouco sobre esta terceira temporada da aconchegante Heartstopper, assim como eu fiz com a primeira e segunda temporadas. Em mais um capítulo desta adaptação das Graphic Novels de Alice Oseman, vemos os personagens sendo mais conscientes de si e encarando as mudanças ao seu redor com temor e um pouco de esperança.

Sabemos que a série engloba uma linha narrativa mais familiar, tanto que ela costuma ser indicada nas premiações em categorias que envolvem crianças, adolescentes e família. Neste novos episódios, esta sensação permanece, mas com um pouco mais de molho apimentado, temas como sexo; bebidas e saúde mental tornam-se o grande foco destes oito novos capítulos.

Saúde mental, então… assume o primeiro lugar. Na segunda temporada, já notávamos que Charlie Spring (Joe Locke) estava passando por alguns problemas e isso se intensifica bastante. Há toda uma conversa sobre distúrbio alimentar e como a presença de amigos e pessoas que gostamos podem ajudar a lidar com a condição. Todavia, é deixado bem claro que uma possível cura só vem com encontros médicos e terapia. A série não romantizou toda a situação, lidando da forma séria que o tema pede, mas com o jeitinho ‘colo de mãe’.

Netflix / Divulgação

A participação da tia de Nick Nelson (Kit Connor), chamada Diane e interpretada de uma forma bem harmoniosa por Hayley Atwell (Capitão América), foi o ponto chave de toda a situação. A personagem é psiquiatra e soube iluminar todas as dúvidas de seu sobrinho ‘namorado modelo’ para que ele pudesse ajudar seu amor.

Esta questão do Charlie também trouxe mais protagonismo para duas pessoas em sua família: mãe, Jane Spring (Georgina Rich), e a irmã Tori Spring (Jenny Walser). Ambas tiveram um pouco mais de destaque, com a mãe possuindo cenas de embate, preocupação e carinho com o filho e a Tori obtendo um certo desenvolvimento – aquela sementinha que, provavelmente, será melhor explorada na quarta temporada.

Afinal, Tori e Michael são ou não um casal? Como ela enxerga toda esta situação? Há uma cena, onde notamos, que ela queria poder falar mais, no entanto não o faz.

Pela leitura, deu para notar que o Charlie foi o grande verbo de ligação disso tudo. Basicamente, este novo ano de Heartstopper o utilizou como sua âncora. Dando espaço e crescimento aos demais, mas mantendo o foco no jovem rapaz. Isso pode ter deixado a situação um pouco morna, afinal, as cores vibrantes de outrora foram levemente substituídas por um tom mais sombrio. Crescer é difícil em todas as realidades, mesmo em uma fofa como esta daqui.

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Lá em cima eu falei de sexo e, sim, esta é outra questão levantada mas não ocupa tanto tempo ou discussão quanto a saúde mental. Na verdade, achei tudo relacionado a isso bem raso, talvez por não ser um Sex Education da vida e tudo bem. Bebidas são outro ponto que levaram com bastante naturalidade, diga-se de passagem. Achei relativamente estranho. Mas nada grave.

No mais, Heartstopper manteve seu padrão de dialogar com sua audiência, sempre mantendo o respeito e a empatia com aqueles que sofrem das dores que o mundo nos causa. Disse antes e direi novamente, esta é uma série muito necessária nos dias atuais, seria bom se todos pudessem abrir a mente e enxergar além do casal gay (no caso do Nick, bissexual, antes que ele surja do nada me corrigindo rs) de garotos protagonistas.

Heartstopper está disponível na Netflix com dublagem, áudio original e legendas em português.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV