Análise: Em nova temporada, Heartstopper permanece no caminho certo

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Nesta quinta-feira (3) a Netflix estreou a tão esperada segunda temporada de Heartstopper, uma das séries mais aclamadas da plataforma atualmente – e com bastante razão para tal feito. O primeiro ano apresentou estes personagens ao público e os cativou com sua simplicidade, ternura e um bom roteiro e eu fui só elogios na análise realizada ano passado.

Agora, este que vos fala retorna para confirmar que Heartstopper é tudo aquilo e muito mais. Baseada nas graphic novels de Alice Oseman, vocês já sabem: a trama acompanha os adolescentes Nick Nelson (Kit Connor) e Charlie Spring (Joe Locke) que se tornam amigos e, posteriormente, namorados. Vimos esta amizade crescer neste lindo amor no primeiro ano e a segunda temporada só eleva este sentimento.

Os novos capítulos – oito no total – apresentam um ótimo desenvolvimento em todos os personagens principais, com novos desafios que cada um deles deverá lidar. Charlie torna-se mais confiante, corajoso e feliz; ele encontra em Nick alguém que lhe dá força para continuar e um grande motivo para sorrir.

Netflix / Divulgação

O garoto ruivo, protetor e que curte filmes da Marvel – Nick Nelson – deseja ser mais verdadeiro com os outros e, principalmente, consigo próprio. Nick tem um caminho de auto aceitação nestes episódios e o veremos abraçar esta nova aventura, sempre torcendo para que tudo dê certo. A chegada de seu irmão mais velho, David Nelson (Jack Barton), será uma das provações que o jovem terá que lidar, além da ausência total de seu pai.

Isaac Henderson (Tobie Donovan), sem dúvidas, é um dos mais interessantes. Meio apagado no começo, ganhou um arco próprio que começou a ser desenvolvido e – com toda certeza – continuará a ser trabalhado na já confirmada terceira temporada. Elle Argent (Yasmin Finney) e Tao (William Gao) possuem uma descoberta muito bonita de acompanhar, o fortalecimento de seus laços se torna ainda mais belo com o apoio de todos em sua volta.

Tara Jones (Corinna Brown) e Darcy (Kizzy Edgell) ganham nossa atenção com uma maior abertura de seus sentimentos, principalmente no que diz respeito a família da aparente forte Darcy. Aliás, família é um tema muito presente nesta temporada, as vezes um porto seguro e muitas outras a causa principal de nossas dores.

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Observamos o quanto este núcleo de nossas vidas pode nos afetar de várias formas, para o bem e para o mal. O que vemos ocorrer na série é a constatação do óbvio: pais precisam entender que seus filhos não são uma cópia ou um objeto de seus sonhos frustrados, são pessoas com seus próprios desejos e ambições e precisam de sua presença, apoio e amor, não o contrário.

Afinal, a própria série mostrou e permanece mostrando que encontraremos isso no mundo ao nosso redor, de uma forma bem conduzida e que não deixe a história tão pesada. Mas o bullying e a homofobia estão ali presentes, então, pelo menos receber apoio em casa é o que merecemos.

Por falar nesta forma como conduzem a leveza da trama com o peso de algumas situações é digno de palmas, Heartstopper – mais do que nunca – se mostra extremamente necessária no cenário atual, onde jovens LGBT+ precisam deste apoio, desta visibilidade, deste abraço apertado que diz que as coisas boas existem neste mundo mesmo que pessoas ruins ainda o habitem. Adolescentes da comunidade só querem aquilo que todos os demais desejam, serem felizes e crescerem num ambiente que os ensinem a serem pessoas melhores.

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A Netflix acertou muito em adaptar esta HQ e a Alice Oseman só mostra o quanto é habilidosa com as palavras e as emoções humanas. É simplesmente delicioso assistir aos episódios, a vontade de rever é grande e são poucas as séries que conseguem impressionar desta forma, não é por acaso que ela está no Top 10 da plataforma em 84 países e possui um índice de aprovação bastante elevado.

Se você, caro leitor, ainda não se rendeu a esta preciosidade ainda há tempo. Ambas as temporadas estão disponíveis na Netflix com dublagem e legendas em português. Não deixe passar.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*