Indústria de anime pode receber intervenção governamental

P.A. Works / Divulgação

Apesar de se manter lucrativa em meio a altos e baixos ao longo dos anos, problemas que perpassam a indústria de animação japonesa vem a público ocasionalmente e com o poder de difusão da internet rapidamente chegam ao conhecimento de fãs de anime ao redor de todo o mundo.

Desde prazos apertados por parte de estúdios a trabalhadores envolvidos que prejudicam a qualidade do resultado final até uma cultura de trabalho considerada obsoleta e até perversa mesmo por profissionais habituados com a mesma em anos de prestação de serviço.

Contudo, instituições públicas dentro do próprio território nipônico parecem estar analisando o cenário cautelosamente para decidir novas medidas a serem postas em prática para a resolução de tais impasses.

Através de um relatório produzido e divulgado pelo The Japan Research Institute (Instituto de Pesquisa do Japão) no último dia 9 de janeiro, o órgão público apurou fatos a respeito da atual situação e desafios a serem superados pela indústria de animação do Japão e propôs também no documento a sugestão de medidas que possam amenizar ou resolver os impactos decorrentes de tais problemas.

Entre tais propostas estariam o futuro estabelecimento por parte do governo de salários mínimos básicos para cada cargo específico dentro do setor, especialmente para os mais jovens, além da instituição de sindicatos de trabalhadores que visem a garantia e alcance de melhores condições de trabalho e maior poder de negociação com empresas que regem as normas de produção dentro da área.

De acordo com os dados obtidos na pesquisa, a indústria de anime sofre com uma rotatividade considerável de profissionais e há inclusive questionamentos a respeito do quanto é válida a tática de subcontratação de estúdios em projetos.

No entanto, uma das dificuldades para o emprego de tais mudanças pode ser justamente no aspecto financeiro, uma vez que o relatório informa que os estúdios de animes obtém apenas 6% dos ganhos de projetos que vão para o exterior e recebem apenas 16% do lucro de dentro do próprio país, o que seria uma das maiores causas de baixas remunerações a funcionários.

Todavia, o estudo também avaliou o que fazer em relação a tais adversidades que perpassam as organizações, e indica que para que tais estratégias sejam alcançáveis para o benefício principalmente dos trabalhadores será preciso que os estúdios passem a receber em média 30% dos valores das IPs com as quais se envolvem por um prazo de 10 anos, independente do tamanho do comitê de produção que esteja a frente de um determinado projeto.