A representação autista nas animações ocidentais

Reprodução.

Nesta terça-feira, dia 2 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Também conhecido como TEA, trata-se de um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta a capacidade do relacionamento com a sociedade e o ambiente, com comportamentos repetitivos e um repertório de interesses e atividades desde o nascimento ou começo da infância. A data foi criada em 18 de dezembro de 2007 pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Em anos recentes, animações ocidentais como Justiça Jovem, Moominvalley, Pablo, She-Ra e as Princesas do Poder, Amphibia, Molly McGee e o Fantasma, A Família Radical: Maior e Melhor e Thomas e Seus Amigos: Trens a Todo Vapor trouxeram personagens autistas em suas respectivas histórias, porém antes disso, na década de 2000, duas animações voltadas ao público infantil, As Terríveis Aventuras de Billy e Mandy (Cartoon Network) e El Tigre: As Aventuras de Manny Rivera (Nickelodeon) se destacaram como as primeiras produções ocidentais a trazer protagonistas no espectro autista.


Criador de As Terríveis Aventuras de Billy e Mandy, Maxwell Atoms, que foi diagnosticado com a síndrome de Asperger tardiamente, confirmou que os protagonistas são autistas em seu Tumblr em 2021, comparando Mandy à “maneira fria e racional que ele aprendeu a ver o mundo para sobreviver“; Billy ao “mundo interior divertido e alegre onde ele gosta de passar seu tempo” e Puro Osso como “o mediador moral entre os dois“.

Uma dos temas do planejado filme da série, Destroy Us All, que foi rejeitado pelo Cartoon Network em 2021, seria sobre o Asperger.

Nickelodeon / Divulgação


El Tigre: As Aventuras de Manny Rivera, desenho da Nickelodeon de 2007, foi baseado na vida de Jorge R. Gutierrez, criador da série, que mais tarde foi diagnosticado com autismo ao lado de seu filho. A confirmação também veio anos depois do fim da série.

“Então Manny Rivera/El Tigre é autista? Eu não sabia que era autista até depois de fazermos o show, que é literalmente baseado na minha infância e nos anos em que Sandra Equihua e eu ficamos juntos no ensino médio. Fui autista durante toda a minha vida. Então sim, sim, ele é.”

A revelação dos personagens acima serem autistas só chegou depois do fim das animações, o que coloca em dúvida se tal medida partiu de uma decisão criativa dos seus produtores ou dos veículos onde eram exibidos, uma vez que lidar e tratar sobre o assunto nunca esteve presente.

A importância de personagens autistas nos desenhos e expansão ao longo dos anos não é só positiva, como também é importante para aqueles que estão no espectro, além de impulsionar uma representação válida e de ajuda a uma parcela tão grande e muitas vezes negligenciadas sobre o assunto: as crianças. Autismo não é “frescura”.

Como autista, quem escreve essa matéria, me sinto muito feliz com essa representação do autismo, e saber que os criadores dessas animações também são autistas, me entusiasma profundamente.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*