Análise | Prince of Persia: The Lost Crown | Um retorno quase perfeito

Reprodução.

Franquia que surgiu no final da década de 80 e desde 2010 não possui um novo jogo, Prince of Persia retorna trazendo de volta o estilo 2D clássico do título. Prince of Persia: The Lost Crow é a aposta da Ubisoft para reviver a franquia, retornando às origens e apresentando uma nova história com novos personagens. Nessa análise, que foi feita utilizando a versão para PS5, apresento os pontos positivos e negativos do game, assim como um pouco do que ele oferece ao jogador. 

O JOGO

Prince of Persia: The Lost Crow é um jogo de ação e aventura plataforma 2D com elementos metroidvania. Para quem não conhece, um jogo no estilo metroidvania (nome dado a junção de Metroid e Castlevania) apresenta um mapa interconectado para ser explorado e que alguns caminhos não são acessíveis até que você adquira novas habilidades. Dessa forma, é necessário adquirir novas habilidades para que então retorne aos caminhos bloqueados e agora consiga ultrapassá-los. O mapa é construído por diversas áreas que possuem suas próprias características e inimigos. Você irá passar por regiões que se baseiam em palácios, florestas, mar e até mesmo no subterrâneo. Ao longo da jornada, poderá encontrar diversos pontos de salvamento, assim como estruturas que permitem a viagem rápida entre dois pontos específicos do mapa. Existe também um local, o refúgio, onde você poderá retornar para comprar novos equipamentos, upgrades, treinar ou até mesmo dicas do que fazer para avançar na história. O jogo segue o padrão dos lançamentos mais recentes da Ubisoft, oferecendo um modo guiado (onde pontos importantes ficam marcados no mapa) ou um modo de exploração (onde o mapa fica limpo e você pode fazer as marcações que julgar necessárias). 

Uma novidade nesse título é a possibilidade de utilizar um item para gravar a tela onde você está e deixar a imagem salva no mapa. Assim, por exemplo, se você se deparar com um baú que não consegue alcançar por falta de alguma habilidade, é possível capturar a tela in-game que ficará no mapa para, no futuro, você se lembrar do baú que tinha ali. Utilizando os elementos citados, The Lost Crow se passa no Monte Qaf e você assume o papel de Sargon, um jovem guerreiro que pertence ao clã de guerreiros intitulado “Os Imortais” e que devem resgatar o princípe da Pérsia, Ghassan, que corre perigo.

Com uma história repleta de clichês e traições, o game oferece cerca de 12 horas se focar apenas na história principal e mais, pelo menos, uma dezena de horas com missões secundárias, busca por colecionáveis, tesouros entre outros desafios. Você iniciará o game com movimento simples desse estilo de jogo. É possível correr, deslizar, saltar, atacar com as suas espadas ou utilizá-las para fazer um parry. Conforme avança na história, novas habilidades vão sendo desbloqueadas como a utilização de um arco e flecha, dash após pular (que faz uma simulação do personagem estar andando nas paredes de fundo do cenário), retornar a um ponto específico, se teletransportar, ataques especiais acionados ao encher uma barra, entre outras. E como todo jogo desse gênero, no começo tudo pode parecer simples, mas conforme você avança, vai ficando mais complexo, porém não menos fluído. O jogo é totalmente singleplayer e sem modos online. Também não é possível criar o personagem e a customização se resume a uma skin paga que não afeta em nada o gameplay, mas também há amuletos que você pode equipar para ganhar alguns buffs e que são encontrados ao longo do game. Além disso, as armas e itens de cura podem ser melhorados com NPCs que você encontra na história. Dessa forma, o jogo busca se afastar do estilo RPG que a maioria dos últimos jogos da Ubisoft tem utilizado. 

PONTOS POSITIVOS

O mapa, as habilidades e os desafios apresentados mostram as maiores forças desse jogo. Quando você consegue uma boa quantidade de habilidades, que melhoram o deslocamento pelo mapa, fica viciante explorar cada canto das áreas em busca dos segredos. Outro ponto é que o jogo apresenta muitos desafios de travessia, como, por exemplo, combinar o tempo correto de dar um dash, após um pulo, e trocar as dimensões para retirar do caminho um cilindro de espinhos. Tudo funciona de forma muito natural. Passei raiva em alguns momentos, é verdade. Mas o sentimento era de que eu errava o timing e não de ser um problema do jogo. E para quem gosta de desafios avançados, o jogo ainda oferece alguns desafios opcionais que exigirão o máximo da sua precisão. Outro ponto positivo é com relação ao combate. Atacar, combinar habilidades, utilizar o parry para dar um golpe final ou simplesmente desviar, tudo funciona de forma muito satisfatória. Se, por um lado, os inimigos simples que estão espalhados pelas regiões não devem lhe dar trabalho, o mesmo não pode ser dito sobre alguns chefes (os últimos em particular). Um misto de complicados e apelões, mas que em muitos momentos, principalmente após morrer umas 20 vezes para um dos últimos chefões, eu percebi que precisava entender melhor os movimentos dele e saber explorar ao máximo as habilidades que eu possuía até então. Os buffs também auxiliam muito e recomendo que fortaleçam os amuletos (principalmente o que aumenta o ataque aéreo, me ajudou muito). A variedade de inimigos é ok, nada que eu destacaria, mas também não vejo como algo problemático.

PONTOS NEGATIVOS

Hora de falar do maior problema do jogo, que pode ser um pouco polêmico. É nítido que esse jogo teve um orçamento muito menor do que outros jogos da própria publisher e isso fica evidente com os modelos dos personagens. O jogo não é feio, mas visualmente simples em muitas partes. Em alguns momentos, principalmente na modelagem de personagens, incomodava por saber que era possível investir um pouco mais e entregar algo não tão simples. A arte do jogo é muito interessante e os cenários são criativos (tem uma sequência com barcos destruídos e tempestade de raios que são imagens estáticas, pois o tempo está congelado, porém, muito bonita), mas alguma coisa parece que não se encaixa. Olhando para jogos recentes desse estilo, como Metroid Dread, The Lost Crow fica abaixo dele em termos visuais e é um jogo que está disponível na geração mais recente de consoles.

The Lost Crown claramente tem uma resolução melhor e roda acima de 60 fps para quem tem consoles mais modernos e TV com essa opção, mas o sentimento em algumas imagens é de que poderia ser algo com mais detalhes se tivesse um orçamento maior. Se o visual pode incomodar algumas pessoas, a falta de uma dublagem em português do Brasil pode incomodar ainda mais. Já é tradicional a Ubisoft realizar a localização completa de seus jogos por aqui, mas isso não aconteceu dessa vez. Muito provavelmente por ser um jogo com orçamento inferior, mas que não deixa de ser um ponto negativo, principalmente porque isso pode abrir espaço para acontecer o mesmo com outros jogos. 

No entanto, o jogo oferece textos em nosso idioma. Na reta final do game, também senti problemas com o áudio. Em algumas partes parecia que faltavam elementos ou que estavam muito baixos. Não sei se foi simplesmente um bug ou até mesmo configuração da TV. Por exemplo, em uma das missões, próximo ao final do jogo, eu precisei acionar um mecanismo como se fosse tocar um sino, porém o barulho emitido era extremamente baixo. Não sei se foi proposital, mas estava estranho. Também tive bugs menores, como ficar preso no ar, o personagem travar por alguns segundos ou um que ele ficou brilhando e emitindo um chiado irritante. Bugs chatos e que, em um jogo que exige precisão e velocidade, isso pode atrapalhar. Como há tempo até o lançamento, imagino que isso deva ser corrigido até lá, mas achei importante mencionar.  

VALE A PENA?

Prince of Persia: The Lost Crown é um ótimo exemplo de que para um game ser ótimo não é necessário ter gráficos ultrarrealistas e cheios de detalhes. Com uma história bacana e gameplay fluida, o game irá te prender e desafiar seja na exploração ou nas lutas contra chefes. Se por um lado a sensação de um visual simples me incomodou em alguns momentos, em nada isso afetou o gameplay ou me fez não querer jogar esse game. Sem dúvidas, esse jogo abre os lançamentos de 2024 com muito louvor e pode ser o renascimento da franquia que outrora era o grande carro chefe da Ubisoft. Espero por mais e que aconteça um investimento maior para que Prince of Persia possa brilhar cada vez mais.

Pontos Positivos: Mapa bem construído com diferentes áreas, habilidades que conversam entre si e constroem uma gameplay fluida, desafios para todos os gostos, arte boa do jogo e estética dos ataques e dos efeitos.

Pontos Negativos: visuais simplificados de muitos elementos sem dublagem.

Nota: 9/10.

Para fins de análise, foi utilizada a versão de PS5 do jogo gentilmente cedida pela Ubisoft Brasil.

Prince of Persia: The Lost Crown será lançado para PS4/PS5, Xbox One, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC dia 18 de janeiro.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor Brian Robson e não remete necessariamente a posição do ANMTV*