Análise: Avatar – Frontiers of Pandora – imersão cinematográfica

Ubisoft / Divulgação

Buscando expandir o universo cinematográfico criado por James Cameron, Avatar: Frontiers of Pandora é a aposta da Ubisoft para o final do ano de 2023 e um possível começo de uma nova franquia de games. Unindo o talento da empresa em desenvolver jogos de mundo aberto com o universo já estabelecido nos filmes, a promessa que fica no ar é de um grande jogo para fechar o ano, mas será que tal aposta deu certo? Nesse texto, serão apresentados alguns pontos que podem ajudar a compreender um pouco mais sobre o game e a decidir se vale a pena ou não embarcar nessa jornada.

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O JOGO

Avatar: Frontiers of Pandora trata-se de um jogo de mundo aberto de ação e em primeira pessoa que pode ser jogado em modo solo ou co-op online. Você assume durante a campanha o controle de um Na’vi (nome dado aos povos do mundo de Pandora) que após perder membros de sua família, busca acabar com as operações da organização humana RDA, uma empresa que tem causado a poluição e destruição de Pandora. O desenvolvimento do jogo foi feito pela Massive Entertainment, que anteriormente produziu os jogos da série The Division e foi publicado pela Ubisoft. Para essa análise, a experiência foi feita por completa no modo solo.

A história do jogo acontece de forma paralela aos eventos do filme, porém, em uma região distante. Dessa forma, não espere encontrar personagens que aparece no primeiro longa metragem de James Cameron, porém diversas referências poderão ser encontradas em meio a cenários repletos de elementos característicos do local, como plantas e animais que dão as caras no cinema. Por ser um jogo de mundo aberto, a história é apresentada de forma tradicional: as missões principais fazem com que a narrativa central avance e a as missões secundárias servem como complemento ou aprofundamento de personagens.

Ao longo de 20h de campanha, a história tem um andamento interessante, mas alguns problemas observados ao longo do gameplay podem ofuscar a experiência narrativa que é apresentada ao jogador. Sem entrar em spoilers, é possível afirmar que o enredo mantém uma linha segura, e talvez até óbvia demais em alguns pontos, além de apresentar um ritmo lento, principalmente nas primeiras horas, mas a grande discussão a ser feita está no aspecto de gameplay.

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GAMEPLAY

E é ao se falar da gameplay que o jogo mostra seus pontos altos e baixos em simultâneo. Logo no início, assim que você tem o primeiro contato com a região externa de Pandora, a impressão que fica é única: a de que o jogo é visualmente lindo apresentando uma ambientação deslumbrante. É perceptível o cuidado que foi colocado ao colocar na tela cada elemento, desde a extensa flora à fauna e as áreas diferenciadas. Mas isso não chega a ser algo para se espantar, visto que a Ubisoft sempre consegue apresentar ao público univeros cheios de riqueza e detalhes em suas produções, seja ao reproduzir épocas histórias tais como na franquia Assassin’s Creed ou centros urbanos contemporâneos, como nos jogos da série Watch Dogs.

Mas se por um lado o primeiro impacto é de um mundo impressionante, é ao longo do tempo que quem estiver jogando começará a sentir diversos problemas. Não foram poucas as vezes que me percebia perdido em meio à extensa vegetação tentando achar um objetivo ou simplesmente buscando itens para construir armas e armaduras. Mesmo utilizando o modo guiado (onde você tem assistência dos sentidos para identificar elementos com mais facilidade), foi recorrente o sentimento de frustração por não achar um bendito musgo para criar uma armadura. Por vezes ,dava para sentir uma idéia de que o mundo foi criado para você explorar sem o jogo pegar pela sua mão, como The Legend of Zelda: Breath of the Wild faz brilhantemente, porém aqui a coisa não funcionou. Talvez um dos motivos seja a dificuldade em interpretar os elementos principais que poderiam ter cores com maior destaque. Chega ser contraditório, mas é essa a sensação que tive ao explorar Pandora: um mundo rico de detalhes, mas que justamente pela quantidade deles algumas coisas que deviam se destacar acabam ficando escondidas.

Ainda sob um ponto de vista negativo, para encher o extenso mapa a Ubisoft aposta nas suas fórmulas já conhecidas e utilizadas de forma recorrente em jogos de sua série, Far Cry: O tempo todo você irá encontrar pontos no mapa que são bases, torre ou centrais de controle onde você deve: invadir/sabotar/hackear. Sempre fica nesse looping infinito, o que já pode ser suficiente para espantar muitas pessoas de explorar o mapa, além de serem extremamente parecidas no visual.

Por outro lado, as mecânicas de hackeamento e colheita das plantas são bem interessantes, porém, acabam se perdendo em meio a repetições. Por ter jogado no Playstation 5, os gatilhos adaptáveis funcionam bem como parte da mecânica nesses momentos. Por exemplo, ao pegar um fruto você deverá identificar o ângulo correto para puxá-lo da árvore, nessa hora a vibração e as travas dos gatilhos funcionam para você identificar se está no ângulo correto ou não.

Também é necessário destacar de modo positivo o modo como o mapa pode ser consultado. Extremamente detalhista, conforme você avança por ele é possível identificar novas aldeias, torres e etc. Basta colocar uma marcação e se dirigir até o ponto indicado. Uma pena que não é tão simples assim pra identificar plantas, animais e outros objetos menores e necessários. Fica o aviso: se pretende jogar co-op com alguém, lembre-se que essa opção irá demorar um pouquinho para ficar disponível. Será necessário avançar um pouco na história, o que pode levar até umas 2 horas ou mais dependendo do seu ritmo jogando.

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COMBATE

Já em relação ao estilo de combate usado no jogo, além de também haver a utilização de elementos usados em Far Cry, são acrescentadas algumas novidades como a identificação de pontos fracos de robôs para destrui-los com mais facilidade assim como analisar a trajetória de vigia de um inimigo, algo similar aos jogos da série Horizon. Se por um lado, você como Na’vi consegue derrotar os humanos com um simples soco, encarar hordas de inimigos armados ou protegidos com seus robôs pode se tornar uma missão bem complicada. Muito em parte devido ao sistema de nível do personagem e equipamento. Se você focar apenas nas missões da história principal, precisará encarar inimigos com nível mais alto que o seu e que podem derrotá-lo em alguns poucos segundos e é aqui que o jogo volta a te frustrar, pois não é tão simples conseguir equipamentos com nível alto.

Em um dado momento, para subir de nível e avançar na história, foi preciso ir atrás de itens para criar equipamentos mais poderosos, além de fazer missões secundárias e achar outros pontos interessantes pelo mapa. Houve uma demora de cerca de 2 horas na exploração para subir um nível e avançar na história, porém mesmo assim a dificuldade permanecia.
Um ponto a ser mencionado é o combate aéreo. A partir do momento que você conquista sua Ikran, voar pelos céus torna a exploração mais agradável e apresenta um combate muito satisfatório, pena que leva algumas horas até você liberar essa possibilidade. Além disso, é gratificante voar e poder observar todas as partes do mapa. A distância que dá para o jogador enxergar um acampamento, por exemplo, é gigante.

Apesar de estar falando do combate, não posso deixar de comentar sobre o sistema de mundo em constante mudança implementado nesse jogo. Se por um lado se torna chato ter que ficar invadindo torres e postos avançados, por outro o cumprimento desse objetivo faz com que a poluição causada por essas instalações diminua e pare de afetar a flora e fauna de Pandora. Mais do que isso, se você retornar a esses lugares após algum tempo será possível notar que a vegetação voltou a assumir o controle da região, modificando por completo aquele pedaço do mapa. Devo confessar que a primeira vez que percebi isso, senti-me instigado a querer destruir todas as torres, mas o excesso dessas missões rapidamente me fez voltar atrás.

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VALE A PENA?

Talvez o maior problema em Avatar seja a tentativa do jogo de trazer uma grandiosidade que acaba se perdendo em meio a tanta repetição de objetivos, especialmente num mundo que de tão rico em detalhes, faz com que nos perdamos em meio a eles. Entenda, o jogo é sim bom, tem seus pontos fortes, e mesmo seus pontos fracos são totalmente possíveis de serem corrigidos ao longo de meses. Criar formas de exploração que não sejam tão frustrantes e nivelar os combates para que não sejam tão apelativos e injustos, são itens totalmente possíveis de serem consertados e tornar a experiência muito mais agradável. A história que está presente é boa, a construção de mundo e as diversas mecânicas apresentadas também contribuem para que Avatar: Frontiers of Pandora seja um começo regular para algo que poderá se tornar excelente no futuro.

  • Pontos Positivos:

Pandora está linda demais!
Lutas aéreas muito bem feitas.
Mundo vivo e que se atualiza.
Mecânicas de colheita e hackeamento são legais, mas…

  • Pontos Negativos:

Muita repetição das mecânicas torna cansativo.
Combates desregulados.
A dificuldade em se localizar pode ser frustrante as vezes.

Nota: 8/10.

AVATAR: FRONTIERS OF PANDORA já está disponível para PS5, Xbox Series X|S e PC. Para fins de análise, foi utilizada a versão de PS5 do jogo gentilmente cedida pela Ubisoft Brasil.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor Brian Robson e não remete necessariamente a posição do ANMTV*