Análise | My Clueless First Friend | Um interessante contraste de inverno

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A temporada de inverno deste ano para os animes pode até já ter passado há muito tempo. Mas o ano segue pela metade e aproveitando as recentes ondas amorosas estudantis levantadas pela mais recente temporada de Horimiya: Piece e Heartstopper (cuja análise você pode ler aqui) nada mais justo do que derreter a neve que sobrou desta estação e falar de uma outra dupla que desde a sua própria estreia, no início deste ano, esquentou e divertiu o coração do seu público com a mais pura inocência que só os primeiros anos da infância podem proporcionar.

St. Signpost / Divulgação

Esse é, em grande parte, o encanto de My Clueless First Friend (Meu Primeiro Amigo é Um Tapado), adaptação do mangá de mesmo nome, escrito e ilustrado por Taku Kawamura e que aqui recebe direção de Shigenori Kageyama e cuidados de produção pelo estúdio Signpost.

Na história acompanhamos Nishimura, uma garota solitária e deprimida da 5ª série, que costuma ser um alvo fácil para provocações e bullying de seus colegas de classe e ganha o apelido de “Dona Morte”. No entanto, com a chegada de um novo aluno, o simpático Takada, a menina começa a ser um pouco menos reservada e uma amizade incomum começa a florescer.

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Veja bem, My Clueless First Friend pode até não ser nem de longe um dos títulos que talvez possa ser lembrado ou mesmo procurando pelas pessoas neste ano de 2023, seja por sua premissa ou animação. O que de certa forma até faz sentido, tendo em vista que seu estúdio é um novato no meio e que mal chega a ter 5 títulos em seu currículo de produções até então muito modestas. No entanto, achar que o anime é uma completa perda de tempo, tão pouco é uma conclusão precisamente correta. Na verdade, a obra consegue apresentar um resultado bem simpático aos olhos de seu público mesmo vindo de uma casa com poucas produções e recursos mais limitados em comparação a outros concorrentes. Muito provavelmente por ter todos os olhos do estúdio em sua direção e bem de perto.

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Sem precisar de grandes efeitos em 3D mas ainda assim entregando um uso satisfatório do recurso quando necessário, bem como sua animação em movimentação e traço, My Clueless exibe ainda um trabalho regular em arte de fundo e design de personagens. Deixando o verdadeiro destaque para o trabalho de coloração, que muito se assemelha ao das artes de capa do mangá, e que se evidencia principalmente nos cabelos dos personagens da obra.

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E é com uma identidade visual simples porém reconhecível, que o anime deixa todo o carisma de seus personagens ser a razão pela qual o seu público irá voltar para ver o próximo episódio. O contraste entre a personalidade solar (que literalmente está no nome) de Takada e a misteriosa de Nishimura é trabalhada com muito carinho e sempre respeitando o fato de se tratarem de duas crianças, que mesmo construindo uma relação de amizade e possível amor, fazem isso sem sequer perceber. Porque não estão preocupadas em amor e namorados. Apenas querem brincar com os amigos. E isso é um acerto de abordagem tão louvável como a própria transição dessa perspectiva no anime.

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O tempo de comédia é também um outro acerto da série. Takada acaba sendo um ótimo alívio cômico – e mais adiante na história, um excelente ponto dramático — ao ter o seu otimismo e ingenuidade explorados para reverter em qualidades as provocações recebidas por Nishimura. O que além de engraçado, também estreita a relação dos protagonistas entre si e eventualmente entre os coadjuvantes. A trama como um todo é basicamente linear, com um ou dois pontos mais emocionantes para dar uma quebrada na mesmice dos episódios e logo voltar para a sua receitinha feliz.

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Já sua trilha sonora é coesa com a proposta do animes, ajudando tanto nos momentos mais engraçados quanto sendo a mais discreta possível nas cenas mais sérias. E apesar de, particularmente, não achar a escolha de “Alcor to Polaris” de Reina Kondou, para abertura, algo tão cativante quanto “Kokorone” de Kitri, para o encerramento, de uma maneira geral não pareceu ser algo tão enjoativo quando alinhados com suas respectivas animações.

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Por fim, My Clueless First Friend é realmente a obra de seus protagonistas, Nishimura e Takada. Em uma primeira vista se mostra como uma opção tímida totalmente esquecível em seu visual e história principal. Mas basta que seu espectador passe um episódio imerso na amizade da Dona Morte e seu aprendiz, para notar a energia solar e cativante que a produção tem a oferecer e com isso, passar a acompanhar todo o resto de aventuras em que a duplinha do fundamental vai desbravar.

My Clueless First Friend está disponível no Brasil através do serviço de streaming Crunchyroll com legendas em português.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*