Análise: Detetive Chinatown | uma grata surpresa do cinema chinês

A Sato Company está trazendo mais uma produção asiática para os cinemas brasileiros e trata-se do chinês Detetive Chinatown: O Mistério de 1900. Esta é uma franquia de sucesso da China, sendo o quarto filme da saga – que não está conectado aos demais e pode ser assistido de forma independente.

A produção teve direção da dupla Chen Sicheng e Dai Mo, sendo estrelada por Wang Baoqiang; Liu Haoran e ainda temos uma ótima participação de Chow Yun-fat, que já participou de filmes de sucesso internacional como Piratas do Caribe: No Fim Do Mundo.

Esta foi minha primeira interação com esta franquia e devo dizer que foi uma ótima experiência. É um longa que, de início, possa lhe fazer questionar se vale a pena dedicar algumas horas a ele para no final, perceber que vale sim. Detetive Chinatown reúne comédia e mistério na dose certa, conquistando o título de bom entretenimento, embora seu tempo – de 2h15m – pudesse ter sido reduzido.

O protagonista atende pelo nome de Qin Fu, um jovem médico que inicia esta trama como um possível ajudante de ninguém mais, ninguém menos que Sherlock Holmes. Ambos estão viajando para São Francisco (EUA), quando Holmes lhe passa um caso envolvendo a comunidade chinesa presente na cidade. Qin aceita, mesmo sem achar que está pronto para o trabalho.

O mistério envolve a morte de uma mulher branca e de um indígena conhecido como Seis Mãos, em 1900. A moça era filha de um importante político da cidade e este é o fato que fazem acontecerem as investigações. O principal suspeito é tido como sendo um chinês, recebendo a tenebrosa alcunha de Jack, O Estripador Chinês.

Este caso de assassinato não facilitou a vida destas pessoas, tendo em vista que a opinião pública para que os chineses retornassem ao seu país de origem aumentou consideravelmente. Com a vida de milhares de chineses em risco, cabe ao inexperiente detetive descobrir a real identidade do criminoso e provar que o mesmo não é um de seus conterrâneos asiáticos.

Paralelo a isso, temos um guarda da China Imperial que é enviado aos Estados Unidos com o objetivo de prender o líder de um grupo revolucionário. Outro ponto também é o divertido Ah Gui – um descendente chinês que acaba sendo adotado por Seis Mãos, o indígena assassinado, e busca pelo algoz de seu pai.

Em determinado momento, estas histórias colidem fazendo a trama caminhar para frente em busca de um único objetivo: ajudar a comunidade chinesa que vive São Francisco e, consequentemente, nos Estados Unidos como um todo.

A trama nos envolve nos passos deste curioso mistério, e vamos sendo guiados pelas descobertas do rapaz e Ah Gui – que se torna seu ajudante – além de sermos envolvidos em toda a parte política desta sociedade estadunidense do início do séc. XX. Por falar nisso, é interessante notar algumas alfinetadas relacionadas com a política atual do país norte-americano e nada é escancarada, são apenas frases ou falas que aqueles que estão por dentro dos recentes acontecimentos irão fisgar a ideia.

Como dito acima, o tempo deste filme poderia ser menor. Em determinado momento, nosso cérebro começa a desfocar um pouco da trama e as cenas tornam-se vozes e ruídos. Porém, o enredo consegue nos capturar de novo com a revelação de algumas situações que foram construídas em seu decorrer.

Detetive Chinatown promete agradar aqueles que desejem se aventurar em algo novo e inédito nos cinemas. Afinal, abrir o horizonte e explorar diferentes formas de se fazer filmes é algo muito bem-vindo atualmente.

Nota: 8/10

Detetive Chinatown: O Mistério de 1900 está em cartaz nos cinemas.

*Agradecimentos a Sato Company pelo envio antecipado do material.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*