Análise: Star Wars Outlaws

Star Wars Outlaws análise
Divulgação / Ubisoft

Nos últimos anos, a franquia Star Wars recebeu uma enxurrada de lançamentos nas mais diversas mídias: entre filmes, séries e animações, foram inúmeras as formas que produtores encontraram para expandir ainda mais uma das maiores e mais adoradas franquias do universo pop. E com o lançamento de Star Wars Outlaws, a Ubisoft mostra que os jogos não ficariam de fora dessa ação e apostou na exploração de um lado pouco desenvolvido em games da franquia: a vida de uma fora da lei espacial.

Na estória, o público é apresentado a Kay Vess e seu parceiro merqaal, o adorável Nix, com ambos embarcando em uma jornada em busca de liberdade e de uma nova vida. Em meio ao percurso, a dupla enfrentará alguns dos sindicatos criminosos mais temidos da galáxia, e lidarão com situações em que precisarão lutar, se esgueirar e trapacear (bastante) para alcançar a tão almejada liberdade. Com um grande foco no enredo e nas decisões do jogador, o game se esforça para trazer novidades em comparação com os últimos títulos de Star Wars produzidos por outras empresas.

Após quase 30 horas para concluir a campanha principal, venho compartilhar neste texto um pouco da minha experiência, destacando os pontos que considero mais importantes.

  • O JOGO

Considerado pela Ubisoft como o primeiro jogo de mundo aberto de Star Wars, Outlaws é um jogo single player offline, que traz como foco ações de exploração, furtividade e tiroteios. Seja andando, pilotando seu speeder ou orbitando um planeta a bordo da sua nave, Trailblazer, as três mecânicas do que foi apontado sempre marcam presença.

O jogo também dá ênfase às relações construídas (ou não) com os sindicatos do crime. Durante sua aventura, você acabará em algum encontrando representantes de cada sindicato, e suas decisões afetarão sua própria relação com eles. Esses relacionamentos serão importantes para a exploração, pois algumas áreas podem se tornar inacessíveis caso você não esteja lidando bem com alguns dos grupos. Na realidade, “inacessível” talvez nem seja o termo mais correto, pois você até poderá entrar nesses locais, desde que não seja visto por ninguém. No entanto, não será possível obter certos contratos ou adquirir itens de vendedores específicos por razões óbvias.

  • FURTIVIDADE É A CHAVE

Já nas primeiras horas, pude perceber que este jogo era bem diferente do que eu imaginava. Esperando um começo épico com tiros de blaster por todos os lados, fui surpreendido com o ritmo mais lento, focado em descrever o que está acontecendo e na realização de ações de modo furtivo. Embora existam momentos impressionantes, como a primeira vez que você decola de um planeta, a expectativa era de um início mais agitado. Essa sensação persiste pelas horas seguintes, mas é aí que começa o problema.

Ainda que o jogo ofereça várias formas de completar uma missão, a impressão é de que é precisa ser discreto em todas elas, e em boa parte das vezes não de um jeito bom. O seu parceiro, Nix, tem uma enorme responsabilidade nessa parte, pois ele pode distrair inimigos, roubar itens e até acessar lugares para abrir portas. No entanto, é estranho quando você dá um comando para ele roubar um item de um soldado, e ele salta no personagem, rouba o item dele, passa em seguida na frente de vários inimigos e simplesmente volta para você ileso, como se nada de mais tivesse acontecido. Dezenas de soldados vêem um animal estranho causando confusão, quebrando alarmes, e ninguém pensa em atirar nele ou sequer segui-lo? Honestamente, achei esse aspecto bem incômodo. Imagino que há quem releve isso por ser um jogo, mas a repetição dessa mecânica gerou pra mim cenas ridículas que facilmente seriam mais agradáveis se fossem acompanhadas de embates diretos.

Você até pode sair por aí atirando em tudo, mas haverá diversas consequências. Se for em uma área controlada por alguma facção, sua reputação pode cair muito. Já se for em uma área do Império, um evento poderá ocorrer e a personagem que você controla passará a ser procurada por tropas de alto nível. Algumas missões específicas trazem a restrição de que alarmes não sejam acionados, exigindo maior cautela, embora ainda seja possível optar pelo combate direto.

  • O MUNDO E AS ARMAS

Embora ofereça um mundo aberto, a sensação foi de que esse elemento estava ali apenas por estar. Não é um mundo interessante ou com locais que despertam a vontade de explorar em busca de itens valiosos. O que me deparava era com vastas áreas desertas ou cobertas de vegetação. Ficou a impressão de que essas áreas serviam apenas como conexões entre cidades, de modo que você pode usar seu speeder na velocidade máxima, fazendo algumas manobras, e nada mais. No terceiro planeta que visitei, até achei bonito o ambiente devido à alta vegetação e aos rios, mas senti uma preguiça enorme ao ver o quanto eu precisava andar de um lado para o outro em uma missão, o tipo de deslocamento sem sentido que uma simples cena poderia facilmente resolver.

Como em todo jogo de mundo aberto, existem vários minigames que podem distrair o jogador ao longo da aventura e aqui temos arcades de diferentes tipos onde você pode testar suas habilidades para tentar atingir as pontuações mais altas, apostas em corridas de “cavalos” e até mesmo um jogo de cartas (muito divertido, inclusive) que estão espalhados por todos os cantos de planetas que você visitará. Mas há um em específico, que faz parte de todas as missões e que é preciso destacar: destrancar portas e cofres. Logo de início, você é apresentado a um minigame que consiste em apertar o gatilho no ritmo certo, no como é tudo muito interessante, mas depois de repetir umas 10 vezes em uma única hora de gameplay, me senti obrigado a ir nas opções e desativar, o que felizmente é possível, desativei com louvor, porque não suportaria que fazer isso centenas de vezes ao longo da minha experiência de jogo. Além dele, também há uma mecânica de hackeamento que se repete diversas vezes e também me incomodou levemente, mas ainda ficou dentro de uma margem que considerei aceitável.

Um ponto simples no jogo são as armas da sua personagem. Você utiliza apenas um blaster que, ao longo da jornada, poderá ser modificado para oferecer skins personalizáveis e tiros de diferentes estilos tais como: simples, rajada, pesado, entre outros. Você não pode ficar com outras armas, apenas o seu blaster, mas caso queira algo próximo disso, a então única opção é pegar armas aleatórias que estão com os inimigos ou espalhadas por cenários específicos. Porém, esses armamentos esgotam-se após alguns tiros e logo são descartados.

  • EVOLUINDO A PERSONAGEM

Um detalhe interessante é a maneira de adquirir novas técnicas. Aqui não há níveis ou pontos de habilidades, o que você precisará fazer é completar uma missão que habilita um especialista, um NPC (que pode ser inclusive algum personagem conhecido) que irá liberar uma habilidade. Após isso, várias opções ficarão disponíveis para serem adquiridas ao se cumprir uma série de desafios, como eliminar certos adversários, adquirir créditos (moeda do jogo) ou realizar comandos específicos com o Nix.

Para a obtenção de novas roupas, que podem até mesmo oferecer bônus à sua personagem, você pode comprá-las com vendedores ou realizar missões e buscar itens raros que oferecerão equipamentos melhores. Tais recursos não fornecem níveis, apenas bônus, como aumento de vida ou a capacidade de carregar mais granadas.

  • GRÁFICOS

Em relação aos gráficos, o jogo oferece três modos nos consoles (pelo menos no PS5 e provavelmente no Xbox Series X): qualidade, desempenho e 40 fps. Optei por jogar, na maior parte do tempo, no modo misto. Senti que no modo de desempenho a imagem ficava um tanto quanto borrada, e achei bem fluido o modo de 40 fps. Não sei dizer se nessa taxa o jogo torna-se estável, mas particularmente não senti problemas de performance. No entanto, visualmente, mesmo no modo “qualidade”, o jogo não é nada surpreendente, não o achei tão bonito quanto Avatar, da mesma desenvolvedora. Em algumas partes, é notável o sacrifício de texturas, além de personagens com poucas expressões e visualmente simplistas demais.

Presenciei alguns bugs visuais também, onde os rostos dos personagens ficavam até meio assustadores. Um bug que facilmente poderá ser corrigido, e espero eu que seja antes do lançamento oficial, ou do contrário, não duvido que circulem memes relacionados a esse jogo. Por fim, há no game a opção de “visão cinematográfica” com resolução 21:9 (aquela imagem que fica com barras pretas horizontais). Honestamente, eu não gostei, pois os elementos da tela ficam minúsculos. Logo após o começo, mudei para tela cheia e achei bem melhor.

  • VALE A PENA?

Se você procura por um jogo de ação frenética com armas a laser, invasões de grandes locais do Império e combates contra stormtroopers, sugiro que reduza as expectativas. O jogo nem de longe é tão frenético, mas tem lá seus momentos de confronto e ação, principalmente em objetivos secundários. A transição de planeta para órbita é toda feita com animação, e não escondida em uma tela preta de loading. Por sinal, os combates de naves são muito bem feitos, embora na campanha principal ocorram em poucos momentos.

Os gráficos são apenas ok, e a estória é legal até, com personagens interessantes. O grande problema são as mecânicas repetitivas e o mundo aberto desinteressante. Bastou um longo tempo para eu ter a sensação de estar jogando um Watch Dogs no espaço, pois muitas mecânicas me lembraram esse outro jogo. Pode parecer que não, mas ao fim das contas, consegui me divertir com o jogo. Talvez o maior problema seja o tipo de missões e conteúdos que escolheram para preencher as missões.

O saldo final é positivo, porém aquém do esperado, com a esperança de que em um eventual novo jogo possamos experimentar um mundo mais vivo e rico, que nos estimule a explorar e perder horas em uma galáxia nem tão distante.

Pontos Positivos: 

  • História envolvente
  • Bons personagens originais
  • Combates espaciais 

Pontos Negativos: 

  • Repetição de mecânicas 
  • Inteligência artificial fraca
  • Mundo aberto vazio e desinteressante

Nota: 8/10.

STAR WARS: OUTLAWS tem lançamento marcado para 30 de agosto e estará disponível nos consoles PS5, Xbox Series X|S além do PC.

Para fins de análise, foi utilizada a versão de PS5 do jogo, gentilmente cedida pela Ubisoft Brasil. 

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*