Star Ocean: The Divine Force: um novo capítulo

Square Enix / Reprodução

Star Ocean: The Divine Force trata-se do 6º jogo de uma das franquias de JRPGs da Square Enix que teve início nos hoje longínquos anos 90 quando o Super Nintendo ainda era um dos videogames da geração. Ao longo do tempo, a série vem sobrevivendo no mercado com pelo menos um lançamento a cada nova geração, mas será que tal ritmo tem, de fato, feito bem à saga? É isso que você confere nesta analise.

HISTÓRIA

Em The Divine Force, logo de cara os jogadores são contemplados com algo até interessante: é possível que haja dois protagonistas, onde pode-se escolher entre o contrabandista espacial Raymond Lawrence (ou simplesmente Ray) e a princesa Laeticia Aucerius.

Tudo começa quando Ray, que está em plena fuga de agentes da Federação Pangalática, tem sua nave atingida e com isso é forçado a abandonar seu veículo junto com os demais tripulantes, fazendo com que a espaçonave acabe aterrissando no 4º planeta do sistema Aester.

Ao chegar no local, Ray se depara com uma civilização pouco evoluída, comparada às demais que conhece, e à medida em que os eventos do jogo avançam, Ray conhece Laeticia e Albaird Bergholm. Devido ao desenrolar de toda a situação, os personagens terminam fazendo uma inusitada parceria, em que ambas as partes possuem seus próprios interesses pessoais para sustentá-la. A princesa Laeticia Aucerius, monarca de um pequeno vilarejo com ares medievais, é ameaçada constantemente pelo império Vey’l e precisa de um combatente poderoso para auxiliá-la e protegê-la, o que passa a observar em Ray.

Mesmo com uma particularidade até chamativa a princípio, a história tropeça no ritmo um tanto quanto lento (pelo menos em sua primeira metade), onde o foco é obter o apoio de novos companheiros para compor sua equipe e desenvolver suas participações dentro do que é contado. Tem-se aqui um enredo que poderia ser perfeitamente encaixado nos antigos JRPGs dos anos 90 ou da década de 2000, de maneira que muitos acontecimentos podem soar até um tanto quanto previsíveis para acostumados ao gênero. É perceptível o quanto a história se esforça para se desprender dos clichês que a envolvem, o que pode não agradar ou até decepcionar um público que espera por algo mais inovador e ousado. Apesar de demorar a engrenar, felizmente o desenvolvimento do roteiro da metade para o final atinge um nível que pode-se considerar ao menos satisfatório.

GAMEPLAY

O gameplay é, sem dúvida, um dos pontos mais fortes do novo título, pois aqui é possível desfrutar de um combate em tempo real que garante horas de diversão ao jogador. Ainda que venha de um sistema tradicional, as evoluções se fazem notáveis por meio de um sistema de jogo chamado D.U.M.A, que auxilia os personagens que você controla dentro e fora do campo de batalha.

Para exemplificar, enquanto o jogador explora o mapa, o D.U.M.A permite voos no melhor estilo Superman, que são de grande serventia para achar baús com itens secretos espalhados pelo território. O sistema serve como um localizador de tesouros que, ao se aproximar de um item, poderá observá-lo no hub.

Já durante os combates, dependendo de qual personagem da party você estiver utilizando, existe um ataque correspondente ao uso do sistema que normalmente funciona como uma grande investida, que costuma ser mais útil em momentos onde há uma horda de inimigos no cenário. A técnica também pode ser usada para ocultação de presença e até mesmo esquiva, o que faz com que oponentes percam o personagem de vista, permitindo que uma abertura possa ser feita para um ataque surpresa. Isso proporciona uma versatilidade de usos que torna a jogabilidade bastante dinâmica e divertida, refinando e dando mais personalidade àquilo que já funcionava bem no game antecessor. É possível, inclusive, mapear golpes pré-definidos nos botões quadrado/X, triângulo/A e círculo/B do controle para tornar os comandos ainda mais simples e práticos.

GRÁFICOS

Não há muito o que se exaltar sobre os gráficos, que podem ser considerados dentro do esperado de um jogo de RPG japonês, com personagens usando vestimentas estilosas e penteados de cabelos únicos em meio a um traço bastante estilizado similar a mangás e animes, o que chega a dar à produção um ar de “anime interativo”. No entanto, as vozes escolhidas para a versão em inglês simplesmente não harmonizam com os personagens, a ponto de ter sido preciso calá-los nas opções de jogo para evitar risadas involuntárias que privassem o envolvimento com a atmosfera do que era transmitido. Como se isso não bastasse, em alguns momentos, a qualidade visual derrapava a níveis tão grosseiros, que quase fazia parecer os jogos do gênero no final da geração ocupada pelos aparelhos Xbox 360 e Playstation 3.

 

OBSERVAÇÕES FINAIS E VEREDITO

Star Ocean é uma franquia que tem sobrevivido aos trancos e barrancos à medida em que as gerações de consoles passam, e sempre com a tímida restrição de apenas um único jogo por plataforma. Isso nos leva a teorizar que a Square Enix parece estar lançando cada jogo por puro cumprimento de obrigação ou cronograma.

Os projetos não parecem levar a confiança necessária da própria desenvolvedora e, por vezes, carecem até de “alma” quando se notam as deficiências de capricho do que é entregue. É como aquela lição de casa que você precisa fazer e só faz o necessário para se ver logo livre da obrigação enquanto uma nova não aparece fazendo você repetir o ciclo vicioso.

Ao testar o game em um Playstation 4, não foram percebidos bugs, mas slowdowns volta e meia atrapalhavam a jogatina (por sorte, nada que comprometesse de forma grave a experiência). Contudo, essa redução da performance e a ausência total de legendas em português brasileiro (principalmente um jogo repleto de textos e que se apoia na história que se propõe a contar ao público) tornam-se grande incômodos.

The Divine Force certamente tem o que é preciso para satisfazer fãs de longa data da franquia, mas jogadores que o escolham para ter um primeiro contato com Star Ocean podem fazer um juízo bem mais crítico sobre o produto ao qual terão acesso. Ainda que este que vos escreve até tenha apreciado o título, não foi despertado qualquer interesse por conhecer de forma mais aprofundada essa saga e compreender sua importância história para a empresa que o desenvolveu, o que talvez seja algo que precise de um tempo ou estímulo a mais para se manifestar.

Star Ocean: The Divine Force está disponível nas plataformas PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series S/X e PC (via Steam).

Resenha feita por Henrique Zanardi.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*.