Psycho Pass 2ª temporada: Quando a história perde a sua essência

Production I.G / Divulgação

Dando prosseguimento a minissérie sobre Psycho Pass, onde na semana passada falamos sobre a 1º temporada da obra, hoje falaremos da segunda, onde muitas situações foram mudadas em relação a primeira e o seu enredo distorceu muito do que é Psycho Pass. Vamos analisar esses detalhes e ver o que faltou realmente, para manter a qualidade que teve na temporada anterior.

A segunda temporada de Psycho Pass se passa 1 ano e meio após os eventos ocorridos na primeira temporada, Akane Tsunemori continua seu trabalho como inspetora – reforçando os julgamentos do Sistema Sibyl. Juntando-se a ela estão novos policiais e a inspetora júnior Mika Shimotsuki, uma jovem cega e inflexivelmente leal a Sibyl. Enquanto Akane pondera sobre a natureza de seu trabalho e sobre a legitimidade dos veredictos de Sibyl, surge uma nova ameaça perturbadora.

Os novos episódios giram em torno de várias mudanças. Na parte estética e visual, a Production I.G não está mais no comando do projeto. Em vez disso, temos a Tatsunoko Production, e a direção de Kiyotaka Suzuki, o que foi péssimo para a franquia. Em segundo lugar, a série possui apenas 11 episódios, exatamente a metade que teve a primeira. O que pode ser ruim para uma construção bastante plausível para uma obra bem complexa quanto Psycho Pass é. Poderia contar uma história tão boa quanto a primeira em 11 episódios? Poderia, mas infelizmente não foi feita.

Vamos nos atentar a alguns detalhes. A ausência de certos personagens é algo que a 2ª temporada sofre quando se trata de desenvolvimento expansivo deles. Os fãs que se apegaram a Kogami certamente se sentirão desapontados com sua ausência. E para piorar, não temos mais  Shogo Makishima (por razões óbvias). Ele era um personagem complexo com uma personalidade sombria e um antagonista difícil de substituir. Para quem assistiu a primeira temporada, levará tempo para as pessoas se acostumarem a um cara como Kamui apesar de suas personalidades sombrias e características semelhantes. Ainda assim, há também um erro sobre a segunda temporada com a adição de Mika quando se trata de sua caracterização.

O primeiro episódio não deixa tempo para descrever seu personagem como alguém que reclama de tudo e que tenta desesperadamente defender o Sistema Sybil. Sua ignorância e oposição contra seu próprio chefe Akane é algo que beira o aborrecimento de quem assiste. Mas existem coisas interessantes a nova temporada, pois de certo modo, ele mantém os fãs envolvidos na trama. Também é fácil interpretar um anime, que tem como premissa mistérios com segredos e presságios. Há partes durante a temporada quando testemunhamos Kamui começar seus planos em segredo com motivos ocultos. Ele é o tipo de homem que é cuidadoso com seus movimentos depois que ele sequestra e aparentemente faz uma lavagem cerebral em Mizue Shisui, um inspetor da Divisão 2.

Sua fala suave nos diz que ele é um personagem manipulador que usa palavras como sua principal arma para levar as pessoas a se juntar ao seu lado. Não só isso, mas ele parece estar pessoalmente interessado em Akane, um contraste com Makishima Shougo da 1ª Temporada, onde ele está desapontado com as ações dela. Como eu mencionei antes, Akane luta em termos pessoais internas enquanto seus amigos, familiares e companheiros são colocados em perigo. A segunda temporada explora muitos pontos com reviravoltas do destino com um senso de propósito sombrio.

Um problema que vi nesta 2ª temporada, diz respeito a personagem Akane. Por tudo o que aconteceu na primeira temporada, era de se esperar que ela pudesse fazer algo sobre o Sistema Sibyl nessa sequência. Porém, em vez disso, vemos um monte de estranhas teorias e conspirações paradoxais que realmente não tinham qualquer influência sobre os temas do programa. Os discursos de Jouji eram tão confusos e incrivelmente irrelevantes que sinceramente não tem coerência e sentido naquilo que ele fala.

As relações de caráter são de impacto mínimo e nada a par com o desenvolvimento de Akane e Kagami da 1ª temporada. Há também reviravoltas estranhas em torno de Tougane, assim como em relação a Mika. A maioria dos outros novos personagens não tem profundidade com sua caracterização. Mesmo Ginoza se torna menos interessante e atrativo, apesar de sua introdução inicial muito boa nesta temporada. Finalmente, não se esqueça da Mika (de novo ela). Ou talvez,você deveria esquecê-la tanto quanto possível, já que ela está tão concentrada em sua própria ideologia (mesmo depois de ter sido exposto à verdade). É difícil para qualquer um sentir pena dela, para ser bem honesto.

Tudo até aqui nos faz questionar o que deu errado realmente de errado com a segunda temporada. Ela teve até um bom inicio e o começo com a introdução de novos personagens e antagonistas. Descobrimos mais dos motivos da temporada, especialmente envolvendo Akane. Em seguida, sabe-se lá o que houve, a temporada decidiu se transformar em uma obra inchada de seu antigo eu. Torna-se um exemplo despreparado de como não fazer uma sequência. E neste caso, os personagens também seguem um caminho de desconstrução muito ruim.

Esta temporada não é um lixo, só que está muito abaixo dos padrões estalecidos pelo anime em sua primeira temporada especialmente quando se trata de algumas situações de enredo, personagens e características técnicas. A terceira temporada está para chegar, e esperamos uma história que honre a primeira temporada da obra, caso contrário, será mais um na fila de histórias com potencial ótimo, mas com uma execução de chorar de raiva.