Este texto foi inspirado em um artigo publicado recentemente pelo The New York Times, que fala sobre animações japonesas frente aos serviços de streaming americanos Hulu e Netflix. O jornal coloca em questão a importância de séries de anime e seu respectivo investimento pelas empresas, comparando-as seu sucesso no país com seus populares seriados, como Modern Family e Glee.
Enquanto há uma grande batalha com Hollywood em adquirir séries do horário nobre, Hulu e Netflix conseguem facilmente negociar conteúdo estrangeiro — leia-se animes. Como prova de que não são somente enlatados americanos que rendem dinheiro, Naruto: Shippuden, por exemplo, além de ser um dos títulos mais rentáveis do Hulu, é o sexto mais popular na versão Plus do serviço, competindo com Uma Família da Pesada e The Office.
As duas empresas aumentam seu interesse neste tipo de atrações devido ao preço baixo e grande número de espectadores. Para se ter uma ideia, o Hulu paga ao distribuidor de anime uma pequena porcentagem da receita de publicidade e o Netflix paga uma mínima taxa de licenciamento na maioria dos títulos. Tudo isso só poderia resultar em uma grande biblioteca de séries de anime.
Entretanto, se no Brasil sofremos com a demora para a chegada de novos títulos, o que piora com a desvalorização por parte dos canais de TV aberta e fechada, nos Estados Unidos a situação pode não ser muito diferente. O quadro desde a explosão do streaming de animes se inverteu. Estamos falando aqui de pirataria. Vídeos postados por fãs com legendas mal feitas (o que geralmente passa despercebido pelo espectador), deixaram a indústria de animes sem forças para lucrar até mesmo seus títulos mais populares no exterior.
Hoje o Hulu disponibiliza 9.500 episódios de anime e, no início do mês, fechou um acordo com a FUNimation para transmitir cinco séries 48 horas após a exibição japonesa. Já a Netflix conta com 4.000 episódios. Apesar desse investimento, a maior parte das versões oficiais dubladas leva um ano para chegar em DVD ou na TV a cabo nos Estados Unidos, deixando uma enorme abertura para a pirataria. E isso é de conhecimento das distribuidoras: “Há um grupo de fãs hardcore que querem assistir o mais rápido possível. Nós estamos perdendo todo um mercado ao fazê-los esperar 18 meses pela dublagem“, disse Gen Fukunaga, chefe executivo da FUNimation.
Qual é o resultado disso tudo? A pirataria tomou conta de todo Ocidente e faz com que o Japão não se preocupe em exportar algo que já foi visto pela maioria e que inclusive já lucrou o suficiente em seu próprio território. Em outras palavras, não vale mais a pena para o Japão levar animes para fora de seu país. Mesmo assim, serviços de streaming e distribuidoras permanecem tentando encontrar formas para amenizar a situação, oferecendo preços baixos e um ou outro título em simulcast.
Enquanto isso aqui no Brasil ficamos na espera do Crunchyroll, que chega através de uma parceria entre o serviço e a Editora JBC. Além, claro, da promessa da Sony em seu “Animax online”. Mas como tudo que é velho nos Estados Unidos vem para o Brasil, o futuro do streaming legal de animes por aqui pode não ser muito difícil de ser previsto.
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