Particularmente, sou a favor de eventos que prestigiem a cultura pop oriental, conhecidos popularmente como “eventos de anime”. Acredito que seja um espaço onde possa se aflorar uma interação social entre fãs de um mesmo gênero, além de ser importante para o crescimento do segmento. O grande problema, porém, sempre fica com a organização. Não quero falar de um “evento” em particular, mas sim de um modo geral, organizados por empresas ou fãs em todo esse nosso território tupiniquim.
Organizar um evento não é a mesma coisa que reunir uns amigos no fundo do quintal — isso é outra coisa. Seja ele realizado num salão de eventos, numa universidade ou numa escola, seja aberto ao público ou cobrado pela entrada, existe um termo que os organizadores ainda não sabem o significado: responsabilidade. Responsabilidade vem do latim responsabilitas: estar em condições de responder pelos atos praticados. Ou seja, no momento em que um grupo ou empresa se compromete a organizar um evento, ela terá de se responsabilizar pelo mesmo, oferecendo condições de estrutura, segurança e organização para seus convidados. No entanto, não é bem isso que acontece, vide casos de “bombas” de gás de pimenta e agressões que ocorreram neste ano.
O problema seria de quem organiza ou do público que o frequenta? Com certeza é do organizador, pois ele permitiu que esse tipo de coisa acontecesse. Hoje, nenhum evento oferece estrutura, não existem seguranças treinados e reconhecidos pela Polícia Federal e, num caso de emergência, não existem bombeiros nem nenhuma equipe médica a postos.
Um dos maiores problemas que um evento pode ter hoje está relacionado aos chamados staffs, aquelas pessoas que fazem um trabalho, geralmente voluntário, e acabam ocupando o posto que deveria ser preenchido por seguranças treinados. Geralmente atraídos pela oferta de “uma entrada grátis”, o staff acaba aceitando um trabalho de verdade, mesmo sem ter a menor preparação para isso. O que um staff poderia fazer no caso da entrada de uma pessoa armada, por exemplo? Não poderia fazer nada!
Hoje, um evento de porte reconhecido nacionalmente cobra em torno de R$20 ou R$30 pela entrada, isso além do apoio e patrocínio recebido por empresas. Será que nem assim eles não poderiam contratar profissionais de verdade? E pra onde vai o dinheiro arrecadado? Só tenho um comentário a respeito: se você é staff, você é um grande idiota! Além de atrapalhar o mercado de trabalho de pessoas que se especializaram para isso, tem gente ganhando dinheiro às suas custas!
Um trabalho voluntário seria aceito em eventos de pequeno porte, que fosse feito de fãs para fãs, que não houvesse alguém querendo lucrar por trás disso, ou seja, um evento em que o público entrasse sem precisar pagar. Porém, o ideal seria cobrar, sendo o dinheiro revertido para seguranças de verdade.
Talvez os staffs agora estejam me criticando, dizendo que fazem isso pela cultura pop, para ajudar a proliferá-la. Porém, tal argumento acaba ficando sem sentido, quando existe um mercado de trabalho especializado, e principalmente, vendo tantas pessoas desempregadas nesse nosso país.
Honestamente, se eu fosse pai não permitiria que o meu filho fosse para esse tipo de evento. Não existe suporte e segurança. E se meu filho passasse mal, ele seria socorrido depois de quanto tempo? Para qualquer fatalidade que viesse a ocorrer, não existe preparo!
Infelizmente tudo relacionado à cultura pop no nosso país é levado nas coxas. No dia em que as empresas levarem as coisas realmente a sério e de modo profissional, com certeza as coisas irão mudar. E cabe a você, público, exigir isso. Exija segurança se for visitar um evento. Pergunte se tem bombeiros e equipe médica, pois você está pagando para estar lá dentro. Você tem todo direito a suporte e segurança! Como eu disse no começo, analisei de uma forma geral os eventos espalhados pelos quatro cantos desse nosso país. Qualquer semelhança com o evento que você conhece talvez não seja apenas mera coincidência.
Antes de partir para responder os comentários (sim, eu leio e respondo), gostaria de pedir sugestões para futuras matérias no @Critico_ANMTV.
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