O Cristianismo nos animes e mangás

Jesus Cristo Anime

The Jesus Film Project / Barry Cook / STUDIO4°C

Dezembro é sinônimo de Natal, época de festas, presentes e Papai Noel. Correto? Não, antes de o feriado virar um dia completamente comercial, a Igreja Católica escolheu a data para celebrar o nascimento de Jesus Cristo. Aproveitando este momento especial, vamos falar um pouco da influência do Cristianismo nos animes, mangás e também no Japão.

O Cristianismo no Japão

O Japão não tem a cultura judaico-cristã como base, estando suas principais crenças no budismo e no xintoísmo. Porém, já existiu um movimento cristão na Terra do Sol Nascente. Por volta do século XVI, jesuítas portugueses desembarcaram no país e trouxeram consigo sua religião, que ao longo dos anos, ganhou milhares de seguidores.

Curiosamente, durante esse período, surgiu o primeiro sistema romaji, um método de romanização do japonês (transcrever para o nosso alfabeto), para facilitar a pregação dos missionários estrangeiros. Também foram adaptadas palavras da língua portuguesa ao idioma local, como pan (pão).

O fim do cristianismo no Japão pode ser atribuído a Toyotomi Hideyoshi, que expulsou missionários estrangeiros e perseguiu os cristãos nativos na ilha de Kyushu. Durante a Era Meiji (1868-1912), ainda houve uma segunda tentativa de levar a religião ao país, mas que não foi muito bem sucedida. Atualmente qualquer influência cristã na cultura pop japonesa se deve ao relacionamento com países ocidentais.

A Bíblia nos mangás

Mangá Messias

Vida Nova / Divulgação

Tirando os leitores de meios de comunicação especializados, tanto de cultura japonesa e algumas editoras ligadas a igrejas, os lançamentos de mangás baseados em histórias bíblicas passam despercebidos por muitos. São inúmeros lançamentos, alguns deles inclusive produzidos no Ocidente.

No Brasil, a editora Edições Vida Nova tem lançado uma coleção de mangás baseados em partes do livro sagrado do Cristianismo. O projeto tem previsão de cinco edições, das quais até o momento foram publicadas três: Messias, Metamorfose e Motim. Os mangás podem ser comprados diretamente no site da editora, que também vende versões em inglês e japonês.

As publicações não ficam apenas reservadas às editoras evangélicas. A JBC também já lançou A Bíblia em Mangá, obra dividida em duas partes: O Velho Testamento e O Novo Testamento. Quem assina o mangá é o britânico de ascendência nigeriana Ajinbayo Akinsiku, conhecido como Siku.

Existem diversos outros títulos que não foram lançados no Brasil, entre eles Manga Bible. Também é válido citar a HQ ocidental Bíblia em Ação (The Action Bible), que está sendo publicada pela Geográfica Editora e foi muito bem ilustrada pelo brasileiro Sergio Cariello, conhecido por seus trabalhos na Marvel e DC Comics.

Animes baseados em histórias cristãs

As adaptações não se limitaram apenas ao formato de quadrinhos. Também foram criadas diversas animações e algumas delas contaram com a colaboração de produtoras japonesas.

Talvez o anime cristão mais conhecido no Brasil seja Superbook (Anime Oyako Gekijo), por conta de sua exibição pelos canais Rede Record e Rede Vida. A série foi produzida na década de 1980 pela Tatsunoko em parceria com a emissora americana Christian Broadcasting Network. Há também uma nova versão produzida em 2009, mas sem a participação de um estúdio japonês. Na trama, duas crianças e um robô viajam no tempo vivenciando diversas histórias bíblicas.

Ainda há outras adaptações da Bíblia em anime, uma delas criada por Osamu Tezuka, considerado o pai dos mangás. In the Beginning: The Bible Stories (Tezuka Osamu no Kyuuyaku Seisho Monogatari) é uma série de 26 episódios produzida pela NTV em conjunto ao canal italiano RAI, que narra as principais histórias do Antigo Testamento. Embora tenha sido exibido em 1992 na Europa, apenas em 1997 o anime foi ao ar no Japão.

Recentemente, para comemorar a semana santa, o Studio 4°C produziu um curta animado baseado no filme Jesus, de 1979. Intitulado My Last Day (Meu Último Dia), o anime mostra a crucificação do Filho de Deus do ponto de vista de um ladrão que também seria crucificado. O roteiro da produção foi de Barry Cook, diretor da animação do filme Mulan.

Publicado originalmente em 21 de dezembro de 2011.