Marvel Studios: equipes da VFX buscam reconhecimento do sindicato dos estúdios

Após um ano das revelações impressionantes sobre a exploração sistemática e os baixos salários dos trabalhadores de efeitos visuais da Marvel Studios, as equipes de VFX do estúdio finalmente solicitaram o reconhecimento sindical para a empresa, via Vulture.

Nesta segunda-feira (7), um grupo de mais de 50 funcionários apresentou petição ao Conselho Nacional de Relações Trabalhistas para eleições e serem representadas pela Aliança Internacional dos Empregados de Palcos Teatrais (IATSE), solicitando as eleições para o próximo dia 21 de agosto.

Esta é a primeira vez que os profissionais de efeitos visuais se reúnem para exigir os mesmos direitos, proteções salariais e supervisão profissional desfrutados por trabalhadores em quase todos os outros segmentos da indústria. 52 membros da equipe de produção da Marvel assinaram cartões de liberação para indicar que desejam ser representados pelo sindicato que representa cerca de 170.000 artesãos, técnicos e ajudantes de palco na América do Norte na televisão; cinema e teatro.

Bella Huffman, coordenadora de efeitos visuais, comenta que ofertas básicas como horas blindadas e igualdade de remuneração não se aplicam a estes trabalhadores e isso deve mudar:

“Prazos não se aplicam a nós, horas blindadas não se aplicam a nós e igualdade de remuneração não se aplica a nós. Os efeitos visuais devem se tornar um departamento sustentável e seguro para todos que sofreram por muito tempo e para todos os recém-chegados que precisam saber que não serão explorados”.

As demandas de VFX vêm em um cenário de crescente descontentamento dos fãs – e crítica – sobre a qualidade do CGI nos filmes e séries da Marvel Studios. E eles vêm, talvez não por acidente, apenas alguns meses após a demissão da presidente de pós-produção da Marvel e efeitos visuais: Victoria Alonso.

A pedido do grupo, não está descartada uma greve dos trabalhadores de VFX, como um caminho seguro e comprovado para o reconhecimento sindical. Liderando o processo de negociação coletiva estão os especialistas em efeitos visuais da Marvel: funcionários de dados; gerentes de produção; operadores de câmeras e ajudantes empregados em séries do MCU como Loki e Daredevil: Born Again.

Graças à enorme produção de filmes e séries de TV do estúdio (supervisionando o lançamento de cinco filmes e quatro séries apenas em 2023), a Marvel é considerada nos círculos de efeitos visuais como a maior “vilã” da indústria, com a capacidade de inundar as empresas de áudio visual com mais trabalho do que conseguem fazer ou arruinar as carreiras e posições daqueles que não atendem as altas expectativas da companhia.

Assim, a ideia é que obter o reconhecimento sindical de um grupo relativamente pequeno, mas de alto nível, dos chamados profissionais de produção da Marvel, serviria como uma prova de conceito para a viabilidade geral de uma unidade de sindicalização em toda a indústria. A unidade do lado da produção levaria à solidariedade nas empresas de pós-produção, que por sua vez se sindicalizariam uma a uma, levando a um inevitável ponto de inflexão.