Nos últimos cinco anos, vem ocorrendo um fenômeno geral no mercado de cultura pop japonesa no Brasil. As empresas envolvidas no ramo e em sua veiculação apostam em produtos e subprodutos sem conhecer os desejos, as necessidades, quem é o seu público-alvo ou o que outras empresas estão fazendo com ele.
Em 2011 tivemos um ano morno com relação à animação japonesa no Brasil. Enquanto os fãs de Goku sofreram o engasgo de aturar um Dragon Ball Kai retalhado pela importação americana e com troca de dubladores, a Saga de Hades finalmente estreou na TV aberta, mas num horário tão ruim que não atingiu nem o fã mais fervoroso da série e muito menos um novo público.
Nem mesmo o ninja loiro mais famoso dos últimos tempos escapou dos maus agouros. O SBT não exibiu a quarta temporada de Naruto e o deixou na geladeira por um bom tempo (no compartimento de Alabasta, junto com One Piece) retornando ocasionalmente. Na RedeTV!, o ano pareceu nem ter chegado. O quadro continuou com as mesmas atrações de 2010, com diversas reprises de Pokémon.
Nem mesmo o furor, de alguns meses atrás, que a exibição da nova série da franquia Beyblade (Beyblade Metal Fusion) na TV paga (Disney XD) proporcionou às crianças foi suficiente para que o mercado aquecesse, por qualquer escola que se passasse, muitas crianças brincavam com peões de batalhas, mas todos piratas, já que a indústria não se organizou para fomentar a demanda de peões para os pequeninos.
Para 2012, o cenário parece não mudar muito. Sem grandes anúncios, nenhuma grande proposta, nenhum parecer, os fãs de anime que dependem da organização da TV aberta e fechada para causar grandes fenômenos de mercado, podem tirar sua Ponita da chuva, pois enquanto alguma empresa não apostar verdadeiramente, massivamente e em parceria com outras empresas o cenário não vai mudar.
Por vezes, o mercado de animação japonesa se mostrou um grande investimento. Nos anos 80, Jaspion se tornou fenômeno no país, atraindo mais de 10 séries em todas as emissoras concorrentes da Rede Manchete. Nos ano 90, foi a vez da Bandai investir no país trazendo Os Cavaleiros do Zodíaco. O boom foi tão grande que mesmo a série sendo tão mal trabalhada desde 2004, é a que mais consegue atrair licenciantes e vendas de DVDs e bonecos oficiais no país. Pra fechar o cerco, Pokémon veio beirando os anos 2000, que se sustentou com Dragon Ball, Samurai X, Sakura Card Captors e Yu-Gi-Oh!.
Se em 2007, quando Naruto chegou ao SBT alcançando o primeiro lugar de audiência em diversas ocasiões, o mercado tivesse sido bem direcionado, com ações concretas, bom trabalho de licenciamento e produto de interesse mesclando internet e meio físico, não teríamos o esfriamento tão abrupto. Mesmo animes e afins mostrando que tem potencial para audiência, são substituídos por produtos enlatados americanos que, apesar de serem mais fáceis de negociar, não trazem o resultado esperado, vide o fim do Animax e da TV Globinho.
O consumo de desenhos japoneses não é uma mania no Brasil, é uma preferência histórica que já atingia o país muito antes dos americanos lançarem a febre no mundo. Quem já percebeu isso, vai pegar uma fatia de mercado carente em 2012, quem não o fez, continuará a girar a roleta da sorte com seriados estadunidenses e o fã vai se sentir novamente num ciclo vicioso que gira, gira, gira e parece não chegar a lugar algum.
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