Liga da Justiça: o quão ferrada está a DC nos cinemas?

Divulgação. © DC Comics

A tentativa de criar um universo compartilhado de filmes dos heróis da DC dentro da Warner não parece ter dado certo. Depois de cinco filmes, e com somente um que se mostrou realmente interessante para todos, é questionável a existência de fato desta ideia por muito tempo. Até porque, tudo já começou errado.

A visão de Zack Snyder para o Superman é bastante particular, — saliento que, não errônea, mas, se você é um estúdio e deseja construiu um projeto que atinja todos os públicos, neste caso, é um erro — O Homem de Aço é um filme bastante particular, e que a Warner jamais devia ter permitido. E o mesmo se vale para Batman vs Superman. Retratar os dois maiores heróis da cultura pop daquela maneira, é de fato muita coragem por parte do estúdio, mas uma falha grave. E é fácil saber o motivo.

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No lançamento de O Homem de Aço, lá em 2013, ficou perceptível o método pelo qual o diretor Zack Snyder comanda os seus trabalhos, sendo em filmes de super-heróis ou não. E ele já havia deixado claro a sua marca em projetos como Watchmen e Sucker Punch. Entregar estes heróis de livre e espontânea vontade em suas mãos não é uma das melhores decisões. Um cara que tem um visão bastante peculiar do mundo, ficar à frente de projetos que, na teoria, devem agradar a todos, é mais errado ainda.

Com os primeiros resultados da crítica e até mesmo dos fãs em Batman vs Superman, a Warner percebeu de fato que naquele estilo, as coisas não podiam seguir. Porém, o desespero foi tão grande que até mesmo o “spin-off” deste Universo, Esquadrão Suicida, foi afetado. Este por sua vez podia ter sido deixado à parte, um filme com pegada própria, sem precisar se conectar necessariamente com os demais, pelo menos por um tempo. Um Guardiões da Galáxia dentro da DC. Mas não. Faça-se a bagunça. E o resultado é o que todos conhecem. Um filme sem identidade própria. Uma colcha de retalhos.

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Com Mulher-Maravilha as coisas pareciam ter tomado o rumo certo. O primeiro filme que de fato alavancou toda uma audiência para o Universo DC. E mais do que isso, levantando questões sociais importantíssimas nos tempos atuais. Um filme que, com críticas particulares à parte, deixou sua marca e seu legado nos cinemas. E o motivo foi simples: não houve intervenção nenhuma por parte do estúdio. Tudo correu conforme o esperado, como manda o figurino. As pessoas certas estavam envolvidas com o projeto certo, não houveram interferências externas. É um filme de identidade, funcional. Que não teve medo de fazer o que precisava ser feito.

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No entanto, com a Liga da Justiça isto não aconteceu. Um filme que sofreu ao longo dos anos para ser concebido, e no final se tornou algo sem identidade.

Não dá para saber o quanto Liga da Justiça é de Zack Snyder, Joss Whedon ou de terceiros, é um filme que se desvia totalmente da proposta original da DC nos cinemas, cujas movimentações lembram muito as de Esquadrão Suicida. A Liga está unida, mas não dá maneira como realmente queríamos ver.

É um filme que diverte, mas que deixa um gosto amargo na boca. Não é o filme que a Liga merecia, que nenhum de nós, que esperamos tanto por isso, merecíamos. Uma história genérica, um vilão ainda mais genérico, e um CGI que em alguns momentos.. É triste.

O reflexo disso junto a crítica já foi dado, e embora venha sendo elogiado pelo público, este por sua vez está bem menor. A previsão de arrecadação para o primeiro final de semana nos Estados Unidos caiu para assombrosos US$ 93 milhões, 44% a menos do que fez Batman vs Superman no ano passado, e se distanciando muito das previsões iniciais de US$ 120 milhões. Sem contar na enxurrada de cortes que o filme sofreu. Boa parte do que vimos nos trailers, pra variar, não está na versão final. Não está certo isso. Mas é reflexo justamente do que vinha sendo trabalhado, a ideia que a grande maioria não comprou. As atitudes impensadas por parte da Warner.

O estrago já foi feito, e ele é enorme. Liga dificilmente chegará ao almejado bilhão, é certo dizer isso na verdade. E será vergonhoso. Só é difícil saber por quanto tempo permanecerá assim. Haverá poucos que se importem no final.