Invocação do Mal 4: O Último Ritual – Família, legado e um último caso

Reprodução.

Após mais de uma década explorando e adaptando os casos reais mais populares e polêmicos de possessões demoníacas entre os anos 50 e 80, o universo de Invocação do Mal finalmente chega à sua conclusão, encerrando a trajetória do casal Warren com seu último caso, repleto de easter eggs e momentos em família com Invocação do Mal 4: O Último Ritual.

Diferente de outras franquias de terror, Invocação do Mal conseguiu não só cativar os fãs antigos do gênero, mas também atrair novos admiradores dessa cultura tão isolada. Talvez isso se deva ao carisma e ao trabalho do excelente elenco de protagonistas, ou talvez à escassez, na época, de universos compartilhados no cinema de terror.

Diante disso, o público se aventurou em cada história apresentada, desde os casos centrais da trama principal até as sagas mais reservadas (e não menos importantes), como Annabelle, A Freira e até mesmo A Maldição da Chorona.

Warner Bros. / Divulgação

Contudo, chegou a hora da despedida. E, com isso, o casal Warren, mesmo que involuntariamente, se vê obrigado a resolver o último caso espiritual de suas vidas — só que, desta vez, não como uma dupla, mas em um número maior, com a participação direta de Judy, a filha do casal (agora adulta). Conhecida dos filmes anteriores, Judy assume um nível de protagonismo jamais visto nas outras tramas.

Nesta última aventura, temos a oportunidade de explorar o dia a dia e o lado pessoal dos Warren, conhecendo diversos membros dessa família peculiar e as consequências de suas escolhas em relação à vida profissional e à vida pessoal.

A produção consegue entregar essa particularidade com cuidado e desenvolvimento, como uma retribuição pelo longo acompanhamento dado a esse casal, fazendo com que o espectador se sinta convidado a visitá-los em um típico churrasco de família, de portas abertas.

Dado o tempo de tela e a certa normalidade que o longa transmite já carregam, por si só, uma sensação de satisfação para os fãs da franquia, tornando-se um ponto extremamente positivo e crucial. Entretanto, a expectativa de um grande e último caso não é plenamente satisfeita. A sensação diante da gravidade do caso e de seu desfecho é inferior à dos filmes anteriores. Quando comparo com a intensidade, o perigo e a aflição sentidos nos longas passados, percebe-se que estamos diante de um caso importante e definitivo, mas não tão assustador quanto os anteriores.

Em Invocação do Mal 3 (esperado por muitos, erroneamente, como o encerramento da trilogia), por exemplo, senti a eminência da possível morte de Ed Warren no “grand finale”. Já em O Último Ritual, embora isso também seja retratado de modo envolvente, fica claro que os personagens expostos ao risco são preservados com delicadeza. Isso evidencia que o desfecho não resultará em tragédia ou sacrifício — ainda que o filme aposte nesse blefe ao longo da trama.

Assim como propõe o título e em consonância com a história real das pessoas que inspiraram os personagens, O Último Ritual deixa evidente que esse será, de fato, o caso de aposentadoria dos Warren. É o fechamento definitivo da trajetória do casal mais querido das produções de terror, mas também o ritual de passagem do legado, deixando em aberto a possibilidade de uma continuação para seus sucessores.

Warner Bros. / Divulgação

O último filme é uma celebração de todos os outros relacionados ao universo compartilhado de terror. Revisita entidades clássicas que marcaram a história dos Warren e encerra, com louvor e sem arrependimentos, a jornada de um casal que sempre mereceu a oportunidade de uma vida tipicamente comum — ainda que de portas abertas para o mundo espiritual.

Nota: 7/10

Invocação do Mal 4: O Último Ritual chega aos cinemas nesta quinta-feira (4).

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*