Muito se tem questionado na internet e em grupos de TV por assinatura qual será o destinado dos canais infantis da WarnerMedia/Turner no Brasil e América Latina com a chegada do HBO Max à região. O que irá acontecer com o Cartoon Network, Boomerang, Tooncast, Warner Channel? Neste artigo, buscaremos levantar algumas hipóteses do que venha ser realizado em longo (ou curto) prazo.
Para começar, precisamos evidenciar alguns pontos. Mesmo após o lançamento do Disney+ aqui no Brasil, o grupo não extinguiu imediatamente seus canais infantis, contudo, tratou de esvazia-los quase que por completo, priorizando, obviamente, a plataforma de streaming, e é algo natural que aconteça também pela Warner, mas talvez de uma forma diferente.
Um dos principais canais infantis em todo o mundo é sem dúvida o Cartoon Network, ame ou odeie, aos trancos e barrancos, é uma das marcas mais fortes e influentes do mercado. Suas produções quebram recordes, acumulam receita bruta e são sucesso entre as crianças — e não só entre elas, que fique claro. A Warner entende que é de suma importância manter o canal em plena atividade, com uma programação renovada e produções próprias, contudo, a grade ficará a mesma? Não, não vai.
Para o grupo, se mostra muito mais interessante tornar o Cartoon Network a principal vitrine para as famílias migrarem ao HBO Max. A praticidade de se assistir em com os entes queridos o que quiser, quando e como quiser. Vamos imaginar como isso aconteceria..
É lançado na programação um novo episódio de Ursos sem Curso, programado para a segunda-feira, dia 20 de janeiro, às 20h. Beleza. Este episódio somente será exibido na TV por uma única vez, por se tratar de uma produção original do Cartoon Network, e se por acaso você perder, terá que ver pelo HBO Max. “Tá, mas e as demais horas do dia, como fica?”
Usemos como exemplo o próprio Cartoon Network americano, que por inúmeras vezes, durante vários meses, preenche sua grade de programação diária com horas seguidas das mesmas séries animadas, como Os Jovens Titãs em Ação, O Incrível Mundo de Gumball, Ursos sem Curso. Porém neste caso, sem aplicação de novos episódios rotativos entre essas reprises, mas apenas os “mesmos de sempre”, uma vez que já ficou comprovado que às crianças não se importam de ver e rever o mesmo episódio diversas vezes. Pegou a ideia? Facilita muito mais. Um looping infinito, intercalando por algumas vezes, enquanto serve de janela para a plataforma de streaming.
Mas é claro, a programação é de 24 horas, é preciso muito mais conteúdo para preencher esses espaços. E como poderia ser feito? O Warner Channel em si já deu uma resposta.
A programação do Warner Channel é majoritariamente preenchida por séries e filmes dos estúdios da Warner Bros., salvo exceções, e a chegada de Dragon Ball Kai ao canal que pegou a todos de surpresa. Porém, ao contrário do que se comenta, não se trata da programadora não sabendo o que fazer com seus canais, mas sim, de uma rota de escape.
Sem sobra de dúvidas a Warner não tem o menor interesse em manter séries que serão o principal atrativo do HBO Max, como The Big Bang Theory, Friends, Two and a Half Men e outras em looping por todos os horários possíveis na programação, O canal terá que buscar alternativas. Dragon Ball Kai caiu como uma solução temporária e de teste, pode ter certeza.
E quem sabe também expandir o Adult Swim, minimizando ainda mais as séries originais presentes no canal à medida em que o mesmo se torne mais popular por aqui? Fato é que se abre a possibilidade de uma grade completamente inusitada, e plenamente possível. Se o público irá responder a ela? Só o tempo vai dizer.
Ainda falando de Cartoon Network, muito se comenta que o Toonami foi completamente largado de qualquer forma pela direção do canal na América Latina na programação. Talvez seja até verdade, e é possível que o processo de venda da Crunchyroll para a Sony pela WarnerMedia tenha sido equivocada, mas a partir de agora, as coisas podem mudar.
O Cartoon Network da América Latina precisará reinventar sua grade com a chegada do HBO Max, e porquê não se espelhar na matriz, onde o Toonami ocupa diversas horas na programação de sábado e o Adult Swim na diária? Claro, estamos falando de uma região diferente, às coisas não acontecem por igual, mas pode ser espelhado. Um fato apenas é que, no mesmo formato, a programação não ficará. A marca Crunchyroll pode sair do Toonami e o bloco permanecer com outras atrações similares e porque não até mesmo animes? Títulos no catálogo existem, e agora será a hora de vasculhar. Ora ora, está me parecendo deveras interessante!
Contudo aquele que realmente não deve durar muito é o Tooncast, algo sabido na verdade. O canal existe apenas na América Latina e adicionar conteúdo é exatamente um dos principais fortes do HBO Max e é determinante para que isso aconteça. As mudanças promovidas pela direção na programação já a partir do próximo mês é um dos pontos a se considerar.
Infelizmente o canal nunca recebeu o devido tratamento e cuidados que deveria e merecia, mantendo-se no ar unicamente por fazer parte do grupo e ter conquistado méritos próprios. É verdade, existiu uma rotatividade bem legal de séries que já passaram por lá, até o clássico Dragon Ball deu o ar da graça por alguns anos, mas é pouco. A pergunta que fica é: até quando o Tooncast permanecerá no ar? Seria o ideal mantê-lo na ativa defasado ou algum tipo de reformulação com uma nova proposta? Um novo estilo e único para diferencia-lo? Neste canal, se tem muito a trabalhar (ou não).
Já o Boomerang não deve sofrer tantas mudanças (ou praticamente nenhuma) pela chegada do HBO Max. A proposta do canal é completamente diferente e muito de seus conteúdos são aquisições de terceiros, com os originais presentes ali presentes sem uma força massiva de sucesso. Claro, temos o fenômeno Masha e o Urso, mas não é uma produção original, não é tão interessante assim para o serviço a ponto de querer promovê-lo com tamanha ênfase; se o maior sucesso do canal viesse de O Show de Tom e Jerry aí sim, as coisas mudariam.
O canal tende a ser utilizado da mesma maneira que o Cartoon Network, porém permanecendo praticamente como está. Não se tem muito a mudar, ele se está bem estabelecido.
“E os demais canais do grupo, como ficam?”
A princípio, tudo permanece como está, com poucas mexidas na programação (mas que estão sendo bem frequentes nos últimos dias, principalmente com a retirada de alguns títulos específicos de franquias populares) em canais como TNT e Space.
Me pergunto o quão prejudicial é a falta de uma sinergia como a da Disney na Warner. Das diversas adaptações em live-action de animes/mangás famosos, como Samurai X, JoJo’s Bizarre Adventure, Bleach, Ataque dos Titãs e tantos outros pertencerem à Warner Bros. Japan. Estes filmes, por sua vez, deveriam estar sendo exibidos pelos canais do grupo, e neste momento seriam mais do que usuais e alternativos as necessidades da Warner, que aproveitaria para reduzir a presença de suas próprias produções originais/ocidentais — ou até mesmo como cardápio do HBO Max.
Nem sempre vender tudo a quem dê o maior lance é a melhor alternativa, na verdade, quando é? Um erro cometido mais de uma vez, e que infelizmente, continua a ocorrer (Sem Maturidade para Isso, Titãs..).
É claro que não podemos nos esquecer de algumas coisas: o futuro não está na TV, está no streaming, é lógico isso. Contudo, o que quero levantar é, enquanto ainda existe e de fato, para milhões de brasileiros, a TV ainda é um dos meios de entretenimento mais buscados, o que pode ser feito diante da nova realidade?
O que o futuro nos reserva se mostra bastante interessante. As coisas tendem a mudar (pra melhor?) e a maneira como consumimos conteúdo. Estamos por embarcar em uma nova era. Isso é empolgante! (e assustador!).
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