Disney vai dominar bilheteria estadunidense com compra da Fox

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A Disney já o estúdio que mais arrecada anualmente nas bilheterias, mas com a compra da Fox que está em acordo por US$ 71,3 bilhões, o estúdio teria parte muito significativa do valor arrecadado no mercado, informa a CNN (via IndieWire).

Com sucessos como Vingadores: Guerra Infinita, Os Incríveis 2, Pantera Negra e Deadpool 2, Disney e Fox já representam quase metade da bilheteria arrecadada esse ano, e deve fechar em 40%, de acordo com projeções do FBR Capital Markets, Bryan Crockett, que afirmou que a compra iria criar o “Walmart de Hollywood“. Crockett ainda aponta para o fato da compra possibilitar uma cobrança de um percentual ainda maior sobre o valor do ingresso, coisa que a Disney já implantou ao aumentar essa cobrança em 10% com Star Wars: Os Últimos Jedi.

Quando o conselho antitruste dos EUA aprovou rapidamente o acordo, o editorial do The New York Times questionou a decisão, porém a Disney replicou através de seu advogado Thomas Barnett, afirmando que a concorrência tinha participação maior que os dois estúdios. Isso até se configurava em alguns anos, porém a Disney foi ficando mais forte com as aquisições da Pixar, Lucasfilm e Marvel, dominando as bilheterias mesmo quando uma ou outra de suas produções fracassam, como aconteceu esse ano com Han Solo: Uma História Star Wars e Uma Dobra no Tempo.

Ainda há questões criativas, como a Fox Searchlight, que investe em projetos mais independentes, e foi responsável por produzir diversos filmes que se destacaram em premiações e festivais, e ganharam o Oscar, como o mais recente A Forma da Água. A Disney já se interessou em produzir filmes do tipo, porém não apostou tão alto quanto a Fox, e embora o CEO da Disney, Bob Iger, comentar que não mexeria na Fox Searchlight, donos de pequenos cinemas se preocupam que a fusão de dois dos maiores estúdios possam diminuir a quantidade de produções, ainda mais pelo fato da Disney demonstrar bem mais interesse por blockbusters.

Uma outra área que a Disney certamente está visando e que provavelmente influenciou na decisão do conselho antitruste norte-americano é o streaming. Gigantes da tecnologia como Apple, Facebook e Amazon estão apostando no negócio, e a Netflix, que lidera o setor atualmente, está investindo cada vez mais em conteúdo original, já tendo investido cerca de US$ 13 bilhões neste ano.

Olhando por esse aspecto, que promete ser o futuro na setor de entretenimento, a Disney não terá problemas em concentração com relação a concorrência, apesar de que teria muitos conteúdos de sucesso em sua plataforma. E mesmo o estúdio querendo criar seu próprio serviço, ele sempre foi conhecido por apoiar o cinema, e sendo dona da Fox também deve continuar tomando ações em pró das exibições nas telas grandes, o que pode ser o alívio dos donos de redes de cinemas, que se vêm preocupados também com o crescimento do streaming.

O analista de bilheteria Jeff Bock comentou sobre o futuro de Hollywood com essa fusão. Para Bock, haverá um grande domínio da Disney, sendo o grande estúdio enquanto os concorrentes lutam pelo “resto”. Ele qualifica que será uma disputa “nós contra ele”. Em contrapartida, como ponto positivo, ele apontou que a aquisição deve incitar a criatividade em outros estúdios, que nem sempre poderão competir com as produções da Disney, que custam US$ 200 milhões ou mais, por isso devem apostar em conteúdos mais baratos e inovadores, como a Paramount fez recentemente com o sucesso de público e crítica, Um Lugar Silencioso, e se isso se confirmar poderá ser um bom cenário para cineastas.