Dia do Quadrinho Nacional | 6 HQs brasileiras para você conhecer

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Janeiro poder ter (finalmente) acabado mas nossos especiais dessa semana ainda não. Celebrando uma das datas mais queridas para muitos nerds brasileiros, na semana aonde comemoramos o Dia do Quadrinho Nacional (30 de Janeiro), o ANMTV preparou conteúdos especiais para dar luz a esse dia tão significativo para tantas pessoas que dedicam suas vidas a colaborar com o cenário de HQs nacionais.

Com isso em mente, e dando seguimento a semana de especiais de quadrinhos nacionais, para o especial de hoje, nossa equipe separou alguns títulos brasileiros que, sem sombra de dúvidas, irão deixar você, leitor, envolvido em emoção, revolta, comédia, aventura e bastante curiosidade em descobrir o que o Brasil tem para oferecer em matéria de HQs de qualidade. Spoiler Alert: muita coisa!

Os Santos

Instagram: Leandro Assis/ Divulgação

Começando essa lista de dicas, aqui vai um título que para alguns pode ser um retrato fiel da realidade, para outros um pisão no peito que obrigatoriamente fará refletir sobre o próprio comportamento e a atual sociedade brasileira, e claro, para o pior e último dos casos, será um monte “lacração” que tenta emplacar cultura woke e afins, goela a baixo da público. Mas se você, leitor, é do grupo que conseguiu sair da matrix e observou, ainda que minimamente, o desenrolar do cenário social e político brasileiro, sobretudo nos últimos cinco anos, então vai entender a potência que “Os Santos” busca entregar.

Na HQ de Leandro Assis e Triscila Oliveira, acompanhamos a história de duas famílias do Rio de Janeiro. Os caminhos da família de Didi e de Camilo se entrelaçaram num passado distante. Camilo Santos, dono de um cartório, lentamente acumulava riquezas através de suas artimanhas. Já Didi, aos dez anos, foi levada pela mãe de Camilo para trabalhar na casa dos Santos, prometendo-lhe acesso à educação e uma vida melhor. Esta narrativa, tristemente frequente no Brasil, resultou em décadas de exploração e abuso para Didi. No entanto, os tempos mudaram. Os Santos está disponível fisicamente pela editora Todavia e virtualmente pelo Instagram do autor (@Leandro_assis_ilustra).

Jerimum – Exorcista Assalariada

Instagram: Deleon Stu/ Divulgação

Se você está atento ao site, então já sabe que temos uma entrevista exclusiva com o autor desse próximo título. E que título, hein ! Apresentando uma espécie de nordeste distópico repleto de seres sobrenaturais, “Jerimun – Exorcista Assalariada”, de Deleon Stu, é aquela obra que logo no primeiro capítulo tira boas risadas de quem quer que seja. Jerimun traz um regionalismo em visual e diálogos que só quem é brasileiro sabe entender e se divertir completamente com isso.

Na história, em meio a uma fusão de aperreio e liseira, Jerimum uniu o não tão útil ao desagradável. Virou uma exorcista assalariada e agora ganha a vida expulsando a capirotagem nos quatro cantos do mundo. Junto com Baião, seu parceiro “abestaiado”, ela vai descer o sarrafo em tudo que é caramunhão para pagar as contas (e a merenda, se sobrar dinheiro). O título está disponível virtualmente pela plataforma TAPAS.

Pela Última Vez

Editora Newpop/ Divulgação

E se você faz o tipo romântico, fã de BL, e que talvez chore por qualquer coisa, então é certo que a comédia romântica “Pela Última Vez”, do autor Alec, vai fazer você se divertir e talvez perder alguns mililitros de lágrimas durante o processo. Isso porque, apesar de contar uma história aonde basicamente já sabemos boa parte do caminho e que seus protagonistas representam uma fase da vida aonde a maioria de nós já não vive mais, a maneira doce com que Alec propõe os acontecimentos da história aliada a um visual que evoca delicadeza e suavidez, é o que mais nos instiga a mergulhar na jornada de Kimo e Lenny.

Em Pela Última Vez, acompanhamos a história de Kimo, que, há algum tempo, se viu apaixonado por seu melhor amigo de infância, de quem já não anda mais tão próximo quanto gostaria. Ele não tinha um plano de se confessar, até que um infeliz acidente o faz ter que se apressar com essa decisão. O título está disponível fisicamente pela editora NewPOP, e virtualmente pela plataforma TAPAS.

Angra – Templo das Sombras

Editora Estética Torta / Divulgação

Fãs de heavy metal e rock em geral, especialmente os da banda brasileira internacionalmente conhecida, Angra, terão através da leitura desta HQ, aquilo que talvez seria o mais próximo da experiência de um “musical em quadrinhos” que leitores poderiam ter desde a adaptação do álbum Abigail, do artista dinamarquês King Diamond, para a mesma mídia, uma vez que é possível, inclusive, acompanhar os eventos do álbum ouvindo faixas escolhidas estrategicamente para combinar com as cenas através de um QR Code, disponível no volume para ser acompanhado pelos aplicativos de música Spotify e Deezer.

Contando com ilustrações de Ale Santos, e roteiro idealizado por Felipe Castilho e pelo próprio guitarrista e frontman do Angra, Rafael Bittencourt, baseado no celebrado álbum musical Temple of Shadows, lançado em 2004, a HQ traz a história de Shadow Hunter, um cavaleiro templário que após testemunhar inúmeros massacres em nome de Deus, em meio a guerra santa entre cristãos e muçulmanos ocorrida no século 11, começa a questionar as estruturas da religião ao qual segue e parte em sua própria jornada de autoconhecimento a fim de encontrar um novo sentido para sua fé. O título está disponível em formato físico pela Editora Estética Torta.

Justiça Sideral – Recomeços

AVEC Editora / Divulgação

Uma crítica comum a quadrinhos nacionais é a de que tais materiais seriam quase que excessivamente “retratistas”, concentrando-se em demasia em ambientes e histórias que seriam comuns de certas regiões do Brasil, como Amazônia, sertão nordestino ou mesmo em zonas periféricas de São Paulo ou do Rio de Janeiro.

Contudo, Justiça Sideral – Recomeços de Deyvison Manes (roteiro) e Netho Diaz (arte) mostra que artistas brasileiros, quando simplesmente querem, também conseguem sim, explorar cenários ficcionais fora das nossas próprias referências de lugar comum brasileiras e com considerável maestria.

No enredo, as agentes Anisha Seubert e Eileen Haas, membras de uma corporação policial conhecida como E.L.I.T.E (Esquadrão de Legisperícia, Investigação e Táticas Especiais), responsável por proteger o planeta Sansara, tem amargado uma sequência de missões fracassadas em um momento conturbado de suas próprias carreiras.

No entanto, como uma oportunidade de recuperarem sua credibilidade como agentes, Anisha e Eileen precisarão comandar uma operação especial onde precisam recuperar informações roubadas do laboratório Argotech, encontrando em seu percurso evidências que apontam para situações muito piores do que as mesmas seriam capazes de lidar e que pode comprometer gravemente, inclusive, o futuro da própria agência para a qual trabalham.

Seguindo o subgênero de ficção científica conhecido como cyberpunk, a obra traz elementos de suspense e ação policiais que entregam uma história interessante e fechada, que em nada fica devendo a clássicos do cinema hollywoodiano ou mesmo a quadrinhos de majors norte-americanas como Marvel e DC. O título pode ser adquirido em formato físico pela AVEC Editora.

Quem Matou O Caixeta?

AVEC Editora / Divulgação

Escrito e ilustrado por Rainer Peter, a HQ apresenta ao público a história de um influenciador social conhecido como Caixeta, que tornou-se famoso na internet por seus vídeos de conteúdo polêmico e polarizador que dividiam a opinião do público até um dia… vir a falecer sob circunstâncias misteriosas.

Narrada na forma de um documentário que investiga o crime e que está sendo assistido por um casal que comenta sobre o incidente através de quadros grandes únicos em páginas horizontais, o quadrinho convida o leitor a refletir através de uma forma bastante ácida sobre preconceitos que seguem presentes em nossa sociedade e a forma como tais idéias são canalizadas por influencers em sua busca por validação de uma parcela da população e a monetização delas, levadas às suas últimas consequências em meio a uma cultura de internet hoje guiada por algoritmos e engajamento.

Quem Matou o Caixeta se propõe a cutucar feridas no ego de toda uma geração de pessoas que adere a “pacotes completos de ideias” ao se expôr na internet diariamente e realiza tal objetivo de maneira bastante perspicaz. O quadrinho pode ser conferido no próprio site do autor ou em um volume físico publicado pela AVEC Editora que traz alguns conteúdos extras após o final da história que complementam o desfecho.

E aí, curtiu as dicas? Já conhecia alguma dessas obras ? Conte como foi a sua experiência ou deixe suas sugestões aqui nos comentários, estamos sempre de olho. E claro, não deixe prestigiar o cenário nacional de quadrinhos e apoie sempre que puder os seus artistas locais. Nos vemos no próximo especial.