Uma metáfora muito comum no meio dos influencers é a de que o conteúdo é como se fosse uma laranja e o objetivo é espremê-la até a última gota. E esse tem sido o mote principal de qualquer serviço de streaming hoje em dia: a Netflix tem “The Witcher” (que além da série original, já tem o filme animado “The Witcher: Lenda do Lobo” e uma série derivada chamada “The Witcher: A Origem”, que estreia esse ano); o Paramount+ tem a franquia Star Trek (que atualmente conta com 5 séries em produção simultânea), e por aí vai.
Ao que parece, The Boys é a laranja da Amazon. Além da série regular e de uma série derivada em live-action, o Amazon Prime Video estreia nessa sexta-feira (4) uma série de antologia animada chamada The Boys Presents: Diabolical, a qual já tivemos acesso concedido pela Amazon.
Embora a metáfora pareça um demérito, a Amazon está fazendo um belo suco de laranja dessa franquia. Então, se você veio nessa análise para encontrar alguém falando mal de The Boys Presents: Diabolical, veio ao lugar errado.
A desconstrução do super-herói (outra vez)
The Boys é uma série de quadrinhos publicada nos EUA entre 2006 e 2012, roteirizada por Garth Ennis e ilustrada por Darick Robertson. Em 2019, a história foi adaptada em uma série live-action no Amazon Prime Video e nela temos a resposta para a premissa “e se super-heróis existissem de verdade?”. Diferentemente de séries como “Heroes”, que fazem algo similar, The Boys foca muito mais na moralidade (ou a falta dela) e na depravação humana.
No mundo da cultura POP, quando a popularidade de um gênero chega ao seu apogeu, um caminho comum tomado por artistas é o da desconstrução do gênero. Foi assim com os filmes de faroeste, cujos tropos são desconstruídos no filme “Os Imperdoáveis”. E um movimento parecido aconteceu também nos quadrinhos, quando surgiu “Watchmen”, que dá um tom mais maduro às histórias de heróis, trazendo maior dramaticidade e tramas mais complexas.
A subversão de gêneros vem de muitas formas: algumas obras adotam uma estética mais sombria, outras apostam em tramas mais intensas e complexas. Mas há outras, como The Boys, que se enviesam pela violência e pelo humor satírico na apresentação de sua história.
The Boys Presents: Diabolical traz tudo isso de volta e acrescenta mais camadas ao apresentar diferentes pontos de vista de um mesmo universo.
Muito errada, mas fofa
Se você acompanha o universo de The Boys, já deve saber que o gore é recorrente na história. Cabeças estourando, pessoas sendo transpassadas por laser oculares e velocistas atravessando e explodindo corpos são cenas comuns nesse mundo. Em Diabolical, não é diferente.
A animação tem algumas das cenas mais sangrentas que já vi. Algo digno de “Mr. Picles”, outra animação madura que está disponível no HBO Max. E o mais interessante do uso da violência, é que a série não utiliza o gore despropositadamente. A violência tem contexto e é trabalhada juntamente com os conflitos dos personagens, o que confere peso extra aos eventos de cada episódio.
Isso faz com que Diabolical seja extremamente desconfortável de se assistir em determinados momentos. O tom sombrio de algumas cenas me fizeram pensar se realmente deveria estar assistindo. Ficou um sentimento de: “Cara, isso é muito errado!”.
Mas a violência é apenas parte de Diabolical. Embora todos os episódios da temporada sejam ambientados no universo de The Boys, a abordagem de cada um deles é totalmente diferente. Não apenas em termos de técnicas de animação, mas em temática e tom.
Existem episódios focados em humor ácido, enquanto outros vão mostrar mais humor físico. Há episódios que não tem nada de humor, dando abertura para o drama. Mas há outros em que as piadas fazem parte da premissa do episódio, com um humor mais cartunesco e (até certo nível) infantil. Essa versatilidade não permite que a série caia na monotonia, o que eleva a expectativa para acompanhar o próximo episódio.
Animações para todos os gostos
The Boys Presents: Diabolical é uma série antológica, ou seja, cada um dos 8 episódios conta uma história fechada e independente dos outros capítulos. Essa estrutura beneficia a narrativa, porque permite que os criadores deem enfoque total à história, sem a necessidade de se ater às amarras de continuidade que uma série comum demanda.
A lista de pessoas na produção e elenco de vozes é imensa, e vão desde Garth Ennis até Awkwafina (Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis), Andy Samberg (Brooklyn 99), Evan Goldberg (Festa da Salsicha), Seth Rogen (Vizinhos), Aisha Tyler (Archer), dentre outros.
Com uma grande diversidade de olhares, Diabolical consegue imprimir em tela as diferentes vozes. Para além do “massavéio” e do humor ácido, a série acaba celebrando a mídia animação, com cada episódio referenciando um estilo.
Ao assistir os episódios, você certamente será capaz de identificar diversas referências a outras animações. Há alusão a cartoons clássicos, como Animaniacs; animes shoujo, como Sakura Card Captors; e animações de super-heróis, como Liga da Justiça. Há, também, referências a Rick e Morty – essas são bastante diretas, já que Justin Roiland, que co-criou Rick and Morty é o roteirista.
Vale a pena?
Diabolical é muito errada, mas também é inventiva, sarcástica, dramática, engraçada e transpira a liberdade de seus criadores. Mesmo que um episódio ou outro tenha um roteiro fraco, vale muito a pena assistir pela totalidade da obra. Além disso, cada episódio tem cerca de apenas 12 minutos, sendo muito fácil maratonar a série.
A 1ª temporada de The Boys Presents: Diabolical chega ao Amazon Prime Video em 4 de março.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV.*
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Tô muito animado para a chegada da primeira temporada, vou maratonar com certeza!