BraveStorm seria mais um acerto para a Sato Company?

Sato Company / Divulgação

Creio que tenha chegado aqui por ter assistido ao filme, ou está pensativo se deve gastar seu tempo. Bom, ao longo da sua leitura irei te influenciar através do que existe além da tela.

Estava totalmente fora deste mundo quando uma notificação me fez despertar, 31 de maio de 2018, o trailer do longa-metragem BraveStorm anunciado. Meus olhos pareciam reviver uma infância a qual eu não estive vivo, certamente pelo fato das obras originais as quais serviram de renovação e inspiração serem de 1970, sendo elas Silver Mask e Red Baron.

Diante do trailer notei as tonalidades escuras em algumas cenas, nos mostrando o peso das consequências que levaram a humanidade a chegarem numa distopia do ano 2050, onde apenas 5 pessoas se mantinham vivas, quer dizer, sobrevivendo. A frase que mais me chamou a atenção certamente foi dita por um dos antagonistas, “Vocês estão construindo um robô gigante?”. Talvez Nobuya Okabe, roteirista e diretor, tenha colado esta citação pelo acaso, mas minha mente viajou longe nos conceitos que ela pode trazer. E, com isto irei trazer a minha visão a acerca desta obra.

Praticamente todo ano existem várias novas versões dos aclamados Power Rangers chegando a você por diversos meios, a famosa versão americanizada de Super Sentai. Isso tem uma razão, a formula. Assim como uma receita, se você deseja que algo seja uma boa experiência para quem consome, você deve escolher o público certo, e certamente como fazer. BraveStorm chegou claramente para mudar este cenário, assim espero, enquanto assistia me sentia nostálgico, porém encantado com a mistura fluida que decidiram trazer dos filmes de Hollywood. Não iria adiantar muito colocar alguém numa roupa gigantesca e pesada, utilizando de truques de câmeras para produzir algo que seja idêntico ao passado. As técnicas do cinema estão sempre sendo renovadas, assim como o gosto visual daqueles que irão lotar ou não as salas. Já imaginou o desconforto de acabar de assistir algo como Vingadores e depois se deparar com claramente um homem dentro de uma roupa de plástico e couro destruindo uma maquete?

Sobre o filme em si, posso afirmar que pelo menos diante meus olhos ele passou rápido demais. A trama se desenrola e quase se perde nestes conceitos de viagem no tempo, que poderiam ser utilizados com mais precisão. Porém, sei que terem voltado para aquela data exata era necessário para poder introduzir a figura do Red Baron. Outra coisa questionável são os poderes psíquicos jogados na nossa cara, que de fato poderiam acabar rapidamente com qualquer obstáculo, mas foram usados da maneira mais superficial. Bom, se trata de um filme de origem, e quando falamos de origem elas tendem a ser preocupantes, como foi X-Men Origens: Wolverine, podendo alterar fatos que o público de longa data irá se sentir indignado. Talvez você não saiba, mas os personagens são de universos e autores distintos. Introduzidos agora em uma única linha do tempo, e realmente funcionou bem, em minha opinião.

Se você me perguntar, “Então devo assistir este filme?”, eu direi que sim. Claro, se você ainda não for acostumado com o estilo gráfico de algumas cenas, como quando o robô é atingido por um soco e não vemos destruição física, apenas algumas faíscas, deve se preparar. Mas, isso não irá prejudicar a totalidade.

Sato Company / Divulgação

Tudo vai além de criaturas robóticas se digladiando pelo futuro da humanidade. Existe uma certa poesia, uma certa nuance de sentimentos e empolgação quando assistimos, nós queremos estar controlando algo como o Red baron, e faz parte da formula que se emprega em Power Rangers, como citei antes, toda criança já quis ser um, e falando em termos financeiros, os bolsos dos envolvidos não reclamam. Acredito fielmente que não deve se apegar tanto aos padrões cinematográficos sejam eles asiáticos ou ocidentais, pois, de certa forma você está alimentando um preconceito já existente sobre obras que para nós é totalmente normal, para outros… “Não, esse filme não. Filme japonês é muito mentiroso”, essa é a frase que mais ouvi quando indiquei algo para alguém.

Tudo é uma questão de reeducação cinematográfica, seja ela para consumidores, produtores e distribuidores. E, meus humildes agradecimentos vão para a Sato Company, a qual nos trouxe este longa metragem ao Brasil.  Ainda espero poder contribuir de alguma forma para a apreciação deste mundo que é o Tokusatsu.