Sempre que começo a escrever sobre reboot ou remake de algo que está em minha memória afetiva, tento limpar totalmente a mente e enxergar a obra em si como algo totalmente novo. Mas isso não se fez necessário com a nova versão de As Meninas Superpoderosas, que fez sua estreia ontem no Cartoon Network.
É bom lembrar que as meninas, com cabeças e olhos gigantes, fizeram sua primeira aparição em 1995, dentro de um programa de curtas do CN americano, sendo ainda produzida pela Hanna-Barbera Productions. Em 1998 as pequenas poderosas ganharam sua própria série animada, que se estendeu até 2005. Mais de 11 anos depois, o desenho voltou e parece gritar por nostalgia.
A nova versão das Meninas Superpoderosas tem todos os elementos para agradar a criançada dessa nova geração, além de manter elementos cruciais que fizeram do desenho antológico; e de quebra vem numa embalagem bonita.
Por mais incrível que pareça, o Cartoon Network Studios conseguiu atualizar um desenho atemporal. A série clássica poderia muito bem se passar nos dias atuais e não sentiríamos tanta diferença, porém, alguns detalhes fazem com que a nova animação ganhe aquele ar de “novidade”. Entre eles, posso citar o antigo telefone com o nariz de palhaço que foi trocado por um smartphone, e a personalidade das meninas, que agora parecem estar mais numa fase pré-adolescente.
A produção tem tudo aquilo que a gente (ou muitos) queriam: os traços clássicos, porém em alta qualidade, com um maior dinamismo. O tema de abertura traz uma versão modernizada, sendo um daqueles “chiclete” que não saí da nossa cabeça, o que é excelente, se tratando de desenhos animados, até porque, há tempos não se via uma apresentação assim.
A dublagem foi um ponto polêmico, e confesso que assim como a maioria fiquei confuso. Haveria ou não necessidade? Após assistir ao primeiro episódio exibido consegui entender o que, talvez, tenha sido a intenção da produção: apesar da sensação que tudo continua igual, existe algo novo ali. É bom avisar que esse “algo novo” não necessariamente significa “algo estranho”.
Mas nem tudo são florzinhas, tiveram dois momentos em que senti um enorme desconforto. O primeiro foi a mudança de uma frase clássica, aquelas que você lia com a voz do narrador, “açúcar, tempero e tudo que há de bom” por “açúcar, tempero e tudo de maneiro“?! O segundo momento foi quando ouvi a voz do prefeito. Outro ponto negativo apareceu na hora da pancadaria. O legal de assistir a série clássica era ver aquelas menininhas partido pra cima dos vilões, com direito a dentes quebrados e braços, pernas e pescoço contorcidos. Porém, parece que na hora de bater houve certo receio dos animadores, incluindo aí vários efeitos visuais para cobrir os socos.
As novas Meninas Superpoderosas merecem atenção e prestígio, e o melhor é que não precisamos deixar a nostalgia de lado.
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