Antigo chefe da divisão de animes da Netflix é favorável ao uso de IA na indústria

Taiki Sakurai, antigo chefe da divisão de animes da Netflix entre 2017 e 2023, participou no mês de outubro do evento CEATEC. Na ocasião, o executivo se mostrou interessado nas críticas sobre o uso de Inteligência Artificial (IA) na indústria de animação. (via: Internet Watch).
O produtor se mostrou favorável a utilização, explicando que isso diminui a carga em cima dos trabalhadores da área. Taiki disse que os fãs acreditam ser “desumano substituir humanos por máquinas“, mas em sua visão essa desumanização já ocorre com a carga de trabalho exercida pelos animadores.
“Há também vozes pessimistas em relação à IA por parte dos fãs de anime, dizendo: ‘É desumano que os humanos sejam substituídos por máquinas!’ Mas para aqueles que criam o anime, não é desumano desenhar 100.000 imagens todas à mão? “
Sakurai ainda reflete sobre a baixa taxa de natalidade que vem ocorrendo no Japão e a dificuldade em encontrar novos profissionais da área no país. Vale ressaltar que, recentemente, a Toei anunciou a criação de novos estúdios em outras áreas da pequena nação insular na busca de novos talentos.
“Com a taxa de natalidade em declínio, significando que menos pessoas estão entrando na indústria de anime, há até piadas sombrias sobre como, numa era em que tudo foi substituído por IA, não haverá ninguém nos estúdios de produção“.
Em 2023, Taiki chegou a produzir um curta-metragem chamado The Dog and The Boy – que utilizou IA na criação de cenários e creditou a ferramenta como ‘AI (+Human)’. A série possui três minutos de duração, tendo sido exibido na Netflix. Obviamente, a situação causou polêmica entre o público que teceu diversas críticas contrárias ao projeto e o streaming chegou a convoca-lo diversas vezes para explicar a situação aos executivos de alta patente. Por fim, ele disse que não foi punido, mas uma segunda parte – que estava planejada – não foi lançada.
Atualmente, Taiki é o presidente do estúdio Salamander Pictures e vem experimentando um novo modelo de trabalho ao lado do artista Kenichiro Tomiyasu (Final Fantasy/SILENT HILL f). Kenichiro realiza um esboço, a IA limpa o desenho e produz outras 100 versões, após isso Tomiyasu escolhe aquele cujo estilo mais se aproxima do seu.
“A vantagem deste fluxo de trabalho é que o humano desenha de ‘0 a 1’, e a IA leva isto de 1 a 9. O modelo será destruído assim que o trabalho estiver concluído“.
O assunto envolvendo o uso de Inteligência Artificial ainda irá gerar bastante debate, com a grande maioria – sendo do público ou da indústria – possuindo uma opinião contrária. No entanto, a provocação de Taiki vale a reflexão diante da atual situação dos trabalhadores japoneses: o que fazer para diminuir a crise que vem ocorrendo no país?.
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