
Baseado no mangá escrito por Kei Urana e ilustrado por Ando Hideyoshi, a adaptação em anime de Gachiakuta — produzido pela Bones Film — estreou em julho na Crunchyroll e vem conquistando uma boa aceitação do público brasileiro e internacional.
Como conversado em nossa entrevista com Gabriel Verta, o processo de dublagem da série vem sendo feito pelo estúdio Som de Vera Cruz, com direção de Rodrigo Antas e tradução por Gabriela Queiroz. Agora, retornamos em mais um bate-papo com outro grande nome: Erick Bougleux, que empresta sua voz para o personagem Zanka.
Erick é conhecido por vários papéis notórios, como Aang de Avatar; Greg de Todo Mundo Odeia o Chris; Toge Inumaki de Jujutsu Kaisen; Denji de Chainsaw Man; JiJi de DanDaDan — no qual ele afirma se enxergar bastante, entre vários outros. Em nossa conversa, falamos do seu empenho em Gachiakuta, além do reconhecimento dos fãs e de seus personagens consagrados. Confira:
Diego (ANMTV): Bom dia, Erick! Me chamo Diego, do ANMTV, e inicialmente queria agradecer pela sua disposição em nos conceder essa entrevista.
Erick: Oi, Diego! Nada, sempre um prazer galera!
Diego (ANMTV): Primeiro, queria saber se você já conhecia Gachiakuta e se pesquisou sobre o personagem antes de aceitar.
Erick: Então, eu conhecia Gachiakuta de nome, eu ainda não tinha lido o mangá porque, infelizmente, ultimamente eu tô com menos tempo do que eu gostaria pra assistir animes e ler mangás que eu quero acompanhar. Eu só tô conseguindo meio que acompanhar, ler e assistir, as produções que eu tô trabalhando pela correria. Mas o bom é que eu estou trabalhando com produções boas, então YEAH! Mas o Gachiakuta ainda não tinha conseguido parar pra ler o mangá e acompanhar, mas eu já tinha visto o trailer, já tinha visto coisas visuais porque a arte de Gachiakuta é absurdamente incrível. Acho muito fod@, muito fod@ o que eles fazem com pegada de grafite e o traço da mangaká também é muito incrível, mas eu ainda não tinha parado pra ler. E ai quando chegou o projeto lá na Som de Vera Cruz, rolaram os testes, eu fui mandado pro teste do Zanka e ai quando eu fui comunicado que passei no teste, fiquei muito feliz e ai eu comecei a correr atrás da obra.
Eu já queria assistir: “ah legal, vou pegar pra assistir esse anime da temporada com o tempinho que eu tenho”, só que ai quando eu soube que passei, ai eu vou atrás do personagem, mergulho fundo na obra. Eu faço isso tanto como diretor, como dublador. Como diretor mais, né? Por que você precisa ter o escopo geral da obra maior, né? Você precisa ter toda a visão do universo quando você tá dirigindo, de todos os personagens. Quando você tá como só dublador, você consegue ter mais o universo focado no seu personagem, mas ai eu pesquisei sobre o Zanka, fui no mangá “o que tá acontecendo? Quem é ele?”, então assim, estou gravando a primeira temporada mas eu já sei o personagem do Zanka até o que está acontecendo atualmente (no mangá).
Diego (ANMTV): O seu personagem é tipo um rival do Rudo e a primeira cena entre eles, eu dei muita risada – principalmente na versão dublada – e queria saber se você e o Gabriel, que dubla o Rudo… se vocês chegaram a conversar sobre essas interações, se vocês conversam sobre isso ou se é tudo feito ali no momento.
Erick: A gente sabia que ia acontecer porque o Gabriel, ele também é muito otaku, né? O Gabriel gosta muito do que faz, então ele também tava muito na ‘pilha’. Então a gente sabia que a série ia vir, a gente tava muito animado pra gravar. Hoje em dia, a gente mais junto como a gente fazia antigamente na dublagem, a gente grava separado, mas a gente tava muito, muito animado pra fazer essa cena funcionar e fazer ela ser muito divertida pro público também. Então, a gente se divertiu muito gravando e a gente ficou muito feliz que é uma cena que a galera curtiu! Então, dá pra ver cortes dela no Tik Tok, acho que a própria Crunchyroll postou esse trechinho também e a galera sempre comenta.
A gente faz um post do Zanka ou do Rudo e a galera vai e lembra do momento do desentupidor de privada, então é muito legal! A gente até gravou pro Instagram e a gente refez justamente essa cena, porque essa cena é muito divertida! Eu e o Gabriel, a gente regravou ela, pro pessoal ver a gente dublando ela em tempo real, então tem até no meu Instagram e no dele, se o pessoal quiser ver. Mas foi uma cena muito legal de fazer, a gente tava muito animado e a gente ficou muito feliz com o resultado.

Diego (ANMTV): E, assim, você já dublou vários personagens icônicos também, né? Tipo o Aang, do Avatar; aquele carinha do Jujutsu Kaisen que vive falando nome de receita.
Erick: Inumaki!
Diego (ANMTV): Que é ótimo também! Isso!
Erick: Salmão!
Diego (ANMTV): Queria saber se você acha que o Zanka já faz parte deste grupo seleto, de personagens memoráveis? Você acredita que ele já tenha essa fama alcançada?
Erick: Ah, eu acho que ele tem muito potencial e eu torço muito do fundo do meu coração, porque eu gosto muito de dublar o Zanka até ele chegar lá. Mas o anime tá muito no começo ainda, né? Eu acho que botar, tipo, no patamar de Jujutsu que já é um monstro e do Aang, que também já é uma coisa que carrega muito peso, eles ainda tem mais carga, mas eu acho que com certeza vai chegar lá. Eu tenho o meu hall de personagens que assim, a gente ama todos os personagens que a gente faz, mas sempre tem os personagens que a gente encara com um carinho assim e você fala “cara, tenho muita identificação com ele! Quero muito que isso, sabe? Que esse projeto ‘bombe’ porque é muito legal de dublar” e o Zanka, apesar de ser o novato nesse momento dos meus personagens, né? Acho que é o mais recente destes personagens maiores, que estrearam, ele com certeza já tá no meu hall de favoritos.
Eu tenho uma imagem no fundo do meu celular que eu preciso até atualizar, mas ela tem os meus personagens favoritos e ai tem aqui o Aang, o Inumaki, o Denji, o (Muichiro) Tokito, o Kazuma, o Chilchuk do Dungeon Meshi, vai ter agora o JiJi do DanDaDan, que eu quero colocar também, que eu amo completamente o JiJi! Eo Zanka do Gachiakuta, então assim… esses personagens, eles já fazem parte do meu coração ali, eles são completamente diferentes entre si, mas são personagens que eu gosto muito, muito, muito de fazer e que eu espero que eles continuem por anos a fio.
Diego (ANMTV): O JiJi, com certeza, já está nesse patamar porque muita gente gosta dele.
Erick: Ah, eu sou completamente apaixonado e é muito engraçado porque, tipo assim, o JiJi… eu acho que ele é o personagem que eu consigo mais me identificar! É muito engraçado, porque todo mundo que assiste DanDaDan, fala assim: “meu Deus! O JiJi é você!” tipo, além do cabelo ruivo e da franjinha, a gente de personalidade é muito parecido, muito parecido! A Amanda Brígido, quando ela começou a dublar e chegou num dia e disse: “caraca, Erick! O JiJi é você, cara!”. Por que assim, de personalidade a gente é muito próximo, de tipo de humor, de ser bobo, de besteira, assim é muito parecido! Então, é um personagem que eu gosto muito de dublar também.

Diego (ANMTV): Você também é bem ativo nas redes sociais, já deu pra perceber isso. Você costuma pesquisar o que as pessoas falam do seu trabalho?
Erick: Eu não costumo fazer isso não… porque, eu acho que assim, quando as pessoas me marcam e eu amo quando as pessoas me marcam, fico muito feliz porque eu acho que é tipo uma mensagem que a pessoa quer passar pra você, tipo “@erickbglx pô eu adorei o seu trabalho, que não sei o quê, que não sei o quê lá”, então assim é uma mensagem tipo assim ‘meus personagens favoritos’ e ai me marca ou então ‘pô, Erick, adorei seu trabalho em não sei aonde’. Eu gosto de acompanhar, eu gosto desse feedback, eu acho até que é a parte mais legal dos eventos de anime quando a gente faz é ter esse feedback com o público, porque… é, tipo assim, o trabalho de ator na dublagem, ele é mais solitário no sentido de… quando você tá num teatro, você tem o feedback do público na hora, você está passando a peça ali, você está interpretando e você já tem o feedback do público, tem os aplausos, tem os choros e qualquer emoção que o público venha a sentir, você tem a troca na hora.
Com a dublagem, é um processo mais oculto, você grava no estúdio, separado, em outro tempo, em outro espaço e ai em outro momento da vida a pessoa vai assistir e ai, por exemplo, você pode assistir no lançamento enquanto uma outra pessoa pode assistir essa produção daqui a três anos. Então, as pessoas recebem o nosso trabalho em tempos e momentos diferentes de suas vidas e a gente não tem essa recepção, então quando as pessoas nos eventos ou nas redes sociais, quando as pessoas mandam mensagem pra gente, é muito maravilhoso porque é o momento que a gente tem de feedback, dessa troca e é quando a pessoa pode falar: “nossa, me comovi muito com seu trabalho!”; “nossa, adorei seu trabalho no Aang, foi muito marcante!”; “no fulaninho, foi muito especial na minha vida”, então é muito legal ter essa troca porque eu acho que empurra a gente pra frente, sabe?
O trabalho artístico ele é muito movido também pela questão de você fazer as pessoas sentirem o que aquela obra quer passar. Então, a gente saber que a gente atingiu as pessoas do jeito certo e que foi marcante pra vida da pessoa, de certa forma, é muito legal! Mas ai, voltando pra sua pergunta que talvez eu tenha me desviado um pouco, eu gosto muito desse feedback, eu gosto muito de saber o que as pessoas estão pensando, o feedback delas, como chegou nelas aquela interpretação… mas quando as pessoas me marcam! Quando as pessoas não me marcam, assim, eu acho que é porque a pessoa não queria que eu visse, então também… tá tudo bem! Mas assim, se as pessoas quiserem comentar do meu trabalho, fiquem completamente a vontade, se quiserem me marcar também, fiquem completamente a vontade porque eu gosto muito de receber esse feedback e de saber o que vocês tão achando do trabalho da gente.
Diego (ANMTV): E realmente a arte salva… ela ajuda a salvar. Na sexta-feira, eu tinha entrevistado o Gabriel e eu fiz uma pergunta para ele e gostaria de fazer a mesma pra você, pra saber de opiniões diferentes. Gachiakuta, ele traz um conceito de divisão de classes muito forte e é um tema muito presente na nossa sociedade e eu queria saber como você enxerga esse tema sendo tratado em um anime, um anime shounen no caso, e se você acha que isso pode atrair pessoas fora do meio otaku a se interessar por Gachiakuta.
Erick: Eu acho e eu espero que sim, porque é uma obra assim, que ela trata de uns temas sociais muito delicados, que eu talvez não esperasse… acho, eu acho que conversa muito com nossa realidade, sabe? Curiosamente, apesar de uma obra oriental, conversa muito com cenários que a gente vive aqui no Brasil e América Latina no geral e eu acho um tema muito relevante e muito importante você tratar dessa questão da marginalização das pessoas, sabe? E de você tratar as pessoas marginalizadas como se elas fossem objetos descartáveis ou não dignos de direitos e, enfim, de mesmas oportunidades, sabe?
Por que no Gachiakuta, a gente tem a classe dos ricos, que eles tem tudo e qualquer coisa minimamente não funcional pra eles, eles já descartam como lixo e essa visão do, por exemplo, do primeiro episódio lá do bichinho de pelúcia que está levemente rasgado e já não serve pra garotinha, é lixo… não tem mais utilidade, pras pessoas que são marginalizadas, são vistas como sem função na sociedade e automaticamente descartadas, criminalizadas e, literalmente, jogadas no lixão, literalmente descartadas pra morte. Então, eu espero que esse tema traga mais público sim porque é um tema, acho que muito amplo e que conversa muito com questões sociais que o nosso país vive, então eu espero que Gachiakuta chegue a muito mais pessoas além do público otaku porque é uma obra muito grande e muito importante e que eu acho que merece essa visibilidade!
Diego (ANMTV): Concordo! Nesse domingo, estreia a segunda parte da primeira temporada… você tem alguma revelação que possa fazer dos novos episódios? (A entrevista foi realizada antes do dia 12).
Erick: Eu não posso revelar nada, senão uma van toda escura da Crunchyroll aparece aqui na minha porta, me joga lá dentro e vocês nunca vão me ver! (risos). Mas é isso, estou cercado por alguns muito contratos que me impedem de revelar qualquer coisa, a não ser falar pra vocês continuarem assistindo Gachiakuta dublado que está incrível, continuará incrível e será sempre incrível.
Diego (ANMTV): Obrigado! E esse é o fim da entrevista. Você poderia mandar uma mensagem ros leitores do site e aos fãs do anime?
Erick: Claro! Então, eu gostaria de dizer pra todos aqui que estão acompanhando a matéria na ANMTV que vocês podem continuar assistindo Gachiakuta dublado, pra acompanhar nosso trabalho de todos os dubladores que estão muito empenhados e muito felizes de participar deste projeto. O anime é maravilhoso! Vem muita história boa por aí, porque quem ler o mangá sabe que tem muita história pra ser contada, muita história boa vindo e é isso, espero que vocês se divirtam, que vocês gostem muito do nosso trabalho e é isso! Divirtam-se!
Novamente, agradeço ao Erick Bougleux pela conversa e a Crunchyroll por ter sido a responsável por nos contatar sobre a oportunidade.
Gachiakuta é exibido todos os domingos na Crunchyroll.
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