Análise: Vingadores: Guerra Infinita

Divulgação. © Marvel Studios

Assistir Guerra Infinita às cegas é uma experiência que deve ser aproveitada, portanto essa análise terá apenas spoilers moderados sobre o longa e será sobre o que isso significou e significará para o Universo Cinematográfico da Marvel.

Dez anos de Universo Marvel culminados num longa de quase três horas com uma ação frenética e que pode ser o filme mais fiel a um quadrinho de super herói. Vingadores: Guerra Infinita é o terceiro filme dos diretores Joe e Anthony Russo nesta franquia e devo dizer que se a dupla já conseguiu impressionar o público com Capitão América: O Soldado Invernal e Capitão América: Guerra Civil, aqui consegue elevar a qualidade a outro nível.

As primeiras reações após Guerra Infinita foram extremamente positivas e as –  poucas – críticas em relação ao longa afirmavam que o novo filme dos irmãos Russo era inchado e sem história, algo que soa como uma crítica que pouco faz jus ao trabalho que os diretores tiveram tanto nos filmes anteriores, quanto aqui. Afinal, foi uma década para chegar aonde chegaram.

Com tantos personagens, a solução mais coerente e óbvia de Joe e Anthony Russo foi justamente dividir os heróis em vários núcleos ao longo do filme. Isso não apenas fez com que cada um conseguisse ao menos um momento memorável em cena, mas também serviu para mostrar o quão imenso se tornou este universo da Marvel. De Nova York à Wakanda, de Luganenhum à Titan, são ambientes que são tão bem construídos que acrescentam um design de produção de qualidade e acaba por se assemelhar bastante à própria Marvel nos quadrinhos, fora as transições de cenas que são impecáveis e acontecem com muita naturalidade.

Divulgação. © Marvel Studios

 Perfeito equilíbrio

Thanos (Josh Brolin) é o grande personagem do longa. Já faz algum tempo que os antagonistas da Marvel conseguiram ganhar mais destaque nas demais produções, vide o Abutre de Homem Aranha: De Volta ao Lar e Erik Killmonger em Pantera Negra. Aqui, o Titã Louco conseguiu se tornar o maior vilão deste universo graças à um roteiro dedicado exclusivamente a ele. Esqueça as semelhanças com os quadrinhos, Thanos quer destruir metade do universo para que possa haver equilíbrio, porque em sua cabeça isso é o controle que todos os seres precisam e é o que alcançará a verdadeira paz no universo.

Desde sua primeira aparição na cena pós-créditos do primeiro filme dos Vingadores, o Titã era uma dívida da Marvel Studios para com os fãs. Foram anos aguardando e acreditando que ele seria um antagonista de peso para os heróis e após finalmente ser visto como um personagem central do filme, o resultado fica acima da média já que o CGI foi feito com dedicação por parte da produção, possibilitando que Brolin pudesse se provar digno de interpretar o vilão, conseguindo exprimir suas emoções em grande parte do filme. O ator faz de Thanos um vilão cheio de camadas, aqueles que esperavam uma motivação fútil por parte do vilão podem ficar tranquilos pois Thanos tem potencial para se tornar um dos maiores vilões do cinema.

Como parte da divulgação já havia mostrado, os Vingadores são divididos em três grupos: Thor (Chris Hemsworth) se alia aos Guardiões da Galáxia, Tony Stark (Downey Jr) e Peter Parker (Tom Holland) conhecem o Doutor Estranho (Benedict Cumberbach) e Steve Rogers (Chris Evans) e seus aliados vão até Wakanda para proteger Visão (Paul Bettany), graças à sua amizade com T’Challa/Pantera Negra (Chadwick Boseman).

Divulgação. © Marvel Studios

É por meio desses grupos que o longa se desenvolve em paralelo a história de Thanos, que consegue ser um dos personagens com mais tempo em tela no longa junto à Thor que, surpreendentemente, desde seu último filme solo ganhou ainda mais destaque na história e após tantos filmes, consegue se estabelecer como mais um personagem memorável graças ao diretor Taika Waititi que havia abordado o deus do trovão sob nova visão em Thor: Ragnarok e aqui comprovou-se o tanto que isso foi importante, uma vez que Thor nunca foi tão amado pelo público ou ao menos teve um longa que fizesse jus ao herói.

É admirável como Joe e Anthony conseguiram incluir tantos personagens de forma natural. Os Guardiões da Galáxia entram na trama no mesmo momento em que os heróis da terra começam a ficar cientes da ameaça de Thanos e o grupo que, novamente recebem a autoria do diretor James Gunn, uma vez que o mesmo tornou-se diretor executivo para garantir que sua visão sobre os personagens fosse mantida, possibilitando momentos cômicos para o longa sem parecer forçado. A adição de Thor ao grupo trouxe uma certa rivalidade com Peter Quill (Chris Pratt), que também consegue ter seus momentos no filme e uma grande motivação para acabar com Thanos.

Guerra Infinita não concede ao espectador um tempo para introdução, pois isso já foi feito nos filmes anteriores e nos quadrinhos. Aqui o que temos é uma mega saga e não há razão alguma para que a batalha aconteça em um só lugar. Nos primeiros minutos do longa e sem muita enrola, o núcleo liderado por Doutor Estranho e Homem de Ferro passa a ter conhecimento sobre a ameaça de Thanos e o primeiro conflito se inicia. Os heróis se organizam e logo no primeiro ato do filme temos uma batalha que se assemelha ao terceiro ato de vários outros filmes do gênero.

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É importante ressaltar o quanto a dupla Tony Stark e Strange tem um grande tempo em tela em relação aos outros heróis. O arco do Homem de Ferro ao longo do Universo Marvel justifica essa escolha dos diretores e é de se esperar que Steve Rogers seja o grande destaque do próximo filme, já que especula-se muito sobre uma possível morte do personagem ou apenas uma despedida, pois se há jornadas ao longo desses dez anos que deveriam ser elogiadas, é justamente a forma como a dupla de diretores conseguiu trazer mais responsabilidade para Stark e desconstruir o herói patriota que o Capitão América até então era.

Divulgação. © Marvel Studios

Avante, Wakanda!

Não houve grande destaque a Steve Rogers ou qualquer menção em relação à uma despedida de Chris Evans do papel, porém o ator que já está familiarizado com a direção de Joe e Anthony, consegue certo destaque nas cenas de ação no longa. Steve não chega a ser um dos personagens com mais tempo em tela, já que após a guerra civil, Rogers, Falcão e Viúva Negra estão foragidos e seu único refúgio é justamente em Wakanda pois a nação de T’Challa torna-se palco de um dos maiores conflitos no filme e não é apenas o ápice do que já foi feito no universo Marvel em termos de batalhas, mas também do gênero de super heróis, pelo menos, até o momento.

Quando Capitão América,Viúva Negra, Visão e os demais Vingadores chegam ao reino do Pantera Negra e lutam contra o exército de Thanos ao lado de todas as tribos da nação,como visto nos trailers, é a junção de todos os demais arcos ao longo do filme, ou pelo menos, da maioria deles para que, enfim, o grande clímax do filme possa acontecer e “ditar”’ o que poderá vir no próximo filme da Marvel.

Divulgação. © Marvel Studios

Novos rumos

O desfecho é caótico e é ousado após dez anos de universo cinematográfico da Marvel, apesar de que isso possa gerar certa desconfiança, pois existe a possibilidade de que alguma forma, tudo será invalidado e que o cliffhanger proposto no longa será desfeito no futuro, afinal, há certos personagens que não podem deixar o universo Marvel e por isso, tudo será resolvido de alguma forma.. mas seja como for, a Marvel Studios precisa se reinventar e ideias ousadas como essas são bem vindas. Se depender desta dupla de diretores, o futuro do universo Marvel não acabará tão cedo e ele estará repleto de novos personagens que já estão sendo esperados pelo público.

Vingadores: Guerra Infinita é mais do que o público espera. É frenético,é ousado e talvez seja incomparável com futuros longas do mesmo gênero. Se por acaso algum estúdio rival tentar novamente entrar nessa disputa, Kevin Feige já mostrou que a Marvel não irá recuar.