Análise: Unknown 9: Awakening – Um universo empolgante

Bandai Namco / Divulgação.

Embora as últimas gerações de jogos tenham sido marcadas por lançamentos memoráveis e de alto nível, o cenário atual dos games também se tornou cansativo. A proliferação de serviços contínuos, passes de batalha, e o aumento constante no tempo de desenvolvimento mudaram de forma irreversível o panorama da indústria.

Ultimamente, tenho sentido uma saudade dos tempos do PlayStation 2 e 3, com sua variedade de jogos com campanhas solo, foi nesse contexto que Unknown 9: Awakening me chamou a atenção. Apesar de ser parte de um universo multimídia que inclui quadrinhos, livros e podcasts, Unknown 9 trouxe exatamente o que eu queria: uma aventura clássica focada em narrativa, que evita as tendências modernas dos jogos. Embora problemas técnicos e certa repetição impeçam o título de alcançar a excelência, sua história forte e mecânicas únicas fazem a jornada valer a pena.

Em Unknown 9: Awakening, o jogador assume o papel de Haroona, uma jovem Queastor que pode extrair energia de outra dimensão chamada Fold e usá-la para diversas habilidades, como ficar invisível e controlar o corpo de outras pessoas. Durante uma exploração de ruínas ao lado de sua mentora, Reika, Haroona se vê sozinha após um confronto com uma sociedade secreta chamada Ascendants, que a coloca em um caminho de vingança.

Depois de superar o vocabulário intrincado e os termos do universo do jogo — Queastors são basicamente aventureiros — a trama de Unknown 9 se revela uma emocionante jornada sobre autodescoberta, lidar com o luto e encontrar seu lugar no mundo. Embora algumas reviravoltas no final sejam previsíveis, os personagens carismáticos e bem interpretados elevam a narrativa, que, apesar de clichê, é um dos pontos altos do jogo.

A protagonista Haroona (voz de Anya Chalotra), se destaca. Com uma atitude espirituosa e determinada, ela exibe uma confiança inabalável, apesar das perdas que a movem. Ela é uma mistura de Lara Croft (Tomb Raider) com Nathan Drake (Uncharted), o que a torna uma protagonista forte, apoiada por um elenco secundário igualmente bom, evitando que o jogo se perca em momentos excessivos de exposição.

As comparações com Uncharted não se limitam apenas a simpatiia e tagarelice de Haroona em sua aventura global. A jogabilidade central, que combina furtividade ativa, combate corpo a corpo e plataformas leves (além da coleta de itens e ajudar companheiros a alcançar locais elevados), remete diretamente aos jogos da Naughty Dog. No entanto, Unknown 9 se diferencia com as habilidades únicas de Haroona, chamadas de poderes Umbric. Durante o combate, ela pode empurrar e puxar inimigos, desviar balas com um escudo mágico, causar explosões no ambiente e até projetar seu espírito para realizar ataques à distância que culminam em movimentos de finalização de alto dano.

A jogabilidade se torna realmente interessante quando essas habilidades se combinam com o poder principal de Haroona: roubar corpos. Ela pode pausar o tempo, tomar o controle de um inimigo e usar seus ataques contra seus próprios aliados. Inicialmente, eu usava essa habilidade apenas para atrair inimigos e eliminá-los furtivamente, mas, com o tempo, tudo começa a se tornar uma bagunça.

Nos momentos mais avançados do jogo, você é era capaz de tomar o controle de um bombadão, causar uma onda de choque e, em seguida, saltar para outro inimigo e explodir um cano de gás próximo, criando um efeito dominó de destruição. Nos melhores momentos, o sistema de “soul-stepping” do jogo se assemelha a uma demo de E3 perfeitamente coreografada, e mesmo quando a aventura parecia se arrastar, as maneiras criativas de usar os poderes de Haroona era sempre legal.

Reflector Entertainment / Divulgação

Apesar da diversão que é causar esse tipo de caos, o combate corpo a corpo sem poderes é funcional, mas pode parecer confuso e sem peso em alguns momentos. O mesmo vale para a furtividade, que é bastante simples quando não envolve invisibilidade ou o uso de inimigos para realizar eliminações. Seria interessante se fosse possível controlar os inimigos por mais tempo ou usá-los para desativar armadilhas, o que enriqueceria o elemento furtivo tanto quanto o combate.

Além de alguns cenários impressionantes, o jogo não é exatamente uma obra visual, com modelos de personagens desatualizados e texturas desfocadas. Não ligo muito pra gráficos, preferio mecânicas únicas e jogabilidade profunda, mas fica claro que a aventura de Haroona poderia ter se beneficiado de mais tempo de desenvolvimento.

Apesar dos problemas técnicos, Unknown 9: Awakening manteve prende a atenção até o final, graças a um elenco de primeira e às mecânicas criativas de combate. Em um cenário de jogos onde muitas vezes nos sentimos desanimados, essa jornada nostálgica é, com toda certeza, um elogio.

Nota: 7/10

Unknown 9: Awakening está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4 , Xbox One, Xbox Series X/S e PC.

*Review feito a partir de uma cópia do jogo enviada pela Bandai Namco.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*