Análise: Tormented Souls 2 – Survival Horror que honra suas raízes

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Este foi meu primeiro contato tanto com Tormented Souls quanto com o trabalho da Dual Effect e da publicadora PQube. Mesmo assim, cheguei animado, pois já havia gostado do material de pré-jogo e, quando surgiu a oportunidade de testar este survival horror, um gênero que pessoalmente aprecio bastante, fui sem hesitar. Antes de seguir, é importante destacar que Tormented Souls 2 é uma continuação direta. Se você pretende jogar o primeiro, saiba que aqui inevitavelmente encontrará spoilers.

Dual Effect / Reprodução

O jogo retoma a jornada de Caroline, agora seguindo até a pequena e sombria Villa Hess para resgatar sua irmã mais nova, Anna, das garras de um culto maligno. A estrutura segue de perto os clássicos survival horror dos anos 2000, com forte inspiração em Resident Evil e Silent Hill: câmera fixa, cenários detalhados, exploração densa e puzzles complexos. As câmeras fixas continuam sendo um charme especial da série, além do apelo nostálgico, ajudam a criar enquadramentos cinematográficos e reforçam a sensação de vulnerabilidade, funcionando muito bem dentro da proposta de tensão constante.

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A atmosfera é, sem dúvida, um dos grandes destaques do jogo. A escuridão opressiva acompanha Caroline o tempo todo, já que ela depende de um simples isqueiro para se orientar. A iluminação limitada torna cada corredor ameaçador, e o design dos cenários, que são variados e ricos em detalhes, mantém o jogador sempre alerta. Villa Hess tem múltiplos andares, passagens escondidas e salas conectadas de maneiras inesperadas, incentivando uma exploração cuidadosa.

Falando nos puzzles, eles são divertidos, desafiadores e, em muitos momentos, brilhantes na forma como se conectam ao ambiente e aos arquivos que você encontra. Contudo, alguns deles parecem fugir um pouco da lógica situacional, como se existissem apenas para serem difíceis, sem necessariamente dialogar com o contexto imediato da história ou do cenário. Ainda assim, a maioria é realmente boa, criativa e muito recompensadora. Resolver cada enigma transmite a sensação de montar um grande quebra-cabeça narrativo, especialmente porque muitos dependem de revisitar áreas, combinar pistas e juntar fragmentos de informação espalhados por documentos e objetos do mapa.

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O enredo se fortalece conforme você encontra arquivos espalhados pelo mapa. São muitos (muitos!) documentos, e recomendo lê-los sempre que possível, pois ampliam a compreensão da trama e ajudam a construir um contexto mais interessante. A sensação de remontar pedaços de uma história maior funciona muito bem.

A jogabilidade oferece três modos de dificuldade. O fácil traz salvamento automático ao entrar em cada sala, enquanto os modos Normal e Tormented (este último desbloqueado após finalizar o jogo) exigem o uso de fitas de gravação em salas específicas. O combate segue uma leitura clássica do gênero: inimigos comuns com pouca variedade, mas chefes realmente memoráveis, bem construídos e precedidos por boa ambientação narrativa. A variedade de armas e itens evolui conforme sua exploração, Caroline só pode usar um equipamento por vez, então trocar entre isqueiro, armas e ferramentas usando o menu rápido é essencial, especialmente nas lutas mais intensas.

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Agora, sobre os inimigos, os comuns não são tão variados e podem parecer repetitivos, mas isso muda radicalmente quando falamos dos chefes. Aqui o jogo brilha. Os confrontos com chefes são realmente memoráveis, com abordagens distintas, mecânicas próprias e um cuidado evidente na construção de tensão que antecede o encontro, você sente a presença deles antes mesmo da batalha começar. Cada chefe traz não só um desafio diferente, mas também uma carga narrativa que se conecta ao avanço da história e faz com que esses momentos se destaquem como alguns dos melhores do jogo.

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Joguei na Steam e, em geral, tive uma performance estável, sem travamentos ou quedas de FPS. Porém, dois pontos chamaram atenção: primeiro, um bug frustrante ao tentar abrir um túmulo logo após resolver um puzzle, precisei voltar para uma atualização anterior do jogo para conseguir prosseguir com a jogatina. E segundo, a modelagem dos personagens, que é um tanto estranha e merecia um polimento maior por parte do estúdio. Embora isso não comprometa o jogo, causa certa estranheza em momentos mais emotivos ou em cenas mais fechadas. Aproveitando, pesquisei na comunidade e vi que outros jogadores encontraram bugs semelhantes conforme novas atualizações saíam. Depois de resolver o problema, felizmente não esbarrei em mais nada grave.


Tormented Souls 2 é um survival horror que entende perfeitamente suas inspirações e executa com paixão o que se propõe. Mesmo vindo de um estúdio menor, o jogo entrega atmosfera forte, puzzles desafiadores, bons chefes e cenários cuidadosamente montados e estruturados. Há algumas falhas técnicas e limitações, mas nada que comprometa o que ele tem de melhor: uma experiência tensa e fiel ao espírito dos clássicos do gênero. Para quem gosta do gênero, e especialmente para quem sente falta daquela sensação de terror, escuridão e exploração minuciosa, Tormented Souls 2 vale muito a pena.

Nota: 8,0

Tormented Souls 2 foi lançado em 23 de outubro e está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC (via Steam).

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*