A grande expectativa para Thor Ragnarok começou desde seu teaser, quando ouvimos Immigrant Song, de Led Zeppelin, e vimos o Hulk gladiador. A promessa já havia sido feita. Este texto não contém spoilers.
Taika Waititi, diretor desconhecido pelo público, acabou tomando seu espaço na mídia e recebendo a tarefa de fazer o terceiro filme do Deus do trovão, e que fosse, no mínimo, menos esquecível que seus antecessores.
Seguindo os eventos de Vingadores: Era de Ultron, o longa se inicia com Thor em busca de impedir aquilo que presenciou em uma visão, o fim de sua terra natal. O filho de Odin não contava com o desaparecimento de seu pai e o surgimento da deusa da morte Hela, vivida sob a imensa diversão de Cate Blanchett, que acaba frustrando seus planos e expurga o herói de Asgard.
Se os poucos minutos do longa não são suficientes em demonstrar o tom empregado por Taika (a peça apresentada à céu aberto em Asgard é hilária), Chris Hemsworth se entrega de vez como um alívio cômico. Em sua filmografia, o ator não conseguiu se encontrar em filmes mais dramáticos, porém no humor, Chris conseguiu trazer uma veracidade cômica, que aqui não é muito diferente. Desde as primeiras fotos do set de gravação, o clima entre os atores parecia algo semelhante à Seth Rogen e sua trupe. Basta assistir “O Que Fazemos nas Sombras” e notar que sim, Waititi é desses diretores que sugam o máximo do improviso.
O ato em que somos introduzidos à Sakaar é de longe o maior ponto alto do filme. O planeta dos competidores pode ser considerado a polpa de Thor Ragnarok, e é aqui onde existe a mão do diretor. Waititi cria uma direção de arte magnífica, com toques psicodélicos e é nítido sua inspiração nos quadrinhos de Jack Kirby, o criador do personagem.
Nas transições entre Sakaar para Asgard, conseguimos notar uma queda no ritmo do filme. Enquanto o paraíso do Grão Mestre consegue chamar a atenção pelas cores distintas (figurinos que novamente, trazem uma fidelidade absurda aos quadrinhos de Kirby, dando personalidade ao planeta), Asgard sofre por ter sido concebida como uma civilização totalmente em CGI e sem vida. Acontece um conflito entre a nova direção de Taika e a concepção já feita deste universo.
Tom Hiddleston novamente consegue nos fazer lembrar o que faz de Loki um vilão amado pelo público, e seria honesto dizer que dado o sucesso do personagem, ganhou vida longa no universo cinematográfico da Marvel, o que faz de seu arco durante o filme um dos pontos mais fracos embora esteja muito bem e ofereça química com o protagonista. O vilão que agora está mais próximo de um anti-herói, acabou se tornando um coadjuvante sem muito propósito, mas dado o carisma do ator, nunca é ruim vê-lo na pele do deus da trapaça.
Thor – Ragnarok consegue ser mais um filme autoral na carreira de Taika Waititi. De fato, pode não agradar uma parte do público já cansada da fórmula Marvel, vilões dentro do padrão ou simplesmente por sentir que os personagens foram desrespeitados. Thor e Hulk nunca estiveram tão hiperativos quanto aqui.
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