Análise | The Marginal Service | Muito músculo pra pouco conteúdo

Reprodução.

Explorar uma história aonde se tem uma equipe no centro das atenções, geralmente não é uma tarefa fácil, seja para o escritor daquela obra ou pra equipe que vá adaptá-la para uma outra mídia. São muitas narrativas, muitas camadas para agregar em um só personagem e um tempo extremamente escasso para realizar tudo. Mas parece que a produção de The Marginal Service, anime original do Studio 3Hz e que foi lançado no início de 2023, resolveu abusar dessa prerrogativa e construir uma bomba mais nociva que as criaturas da sua história.

Studio 3Hz / Reprodução

Mas calma. Se você não sabe do que se trata o anime, cabe aqui uma breve sinopse da obra: Após ser demitido da polícia devido a um histórico de comportamento imprudente, o policial Brian Nightraider se entrega à autopiedade. No entanto, sua vida toma um rumo surpreendente quando recebe um convite intrigante da Unidade Especial de Investigação do Departamento de Imigração das Nações Unidas. Brian é recrutado para fazer parte do Serviço Marginal – um setor clandestino e secreto encarregado de lidar com os Fronteiriços. Sua jornada então promete desafios e reviravoltas em busca da justiça.

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Apesar de ter uma linha narrativa com foco principal em Brian, The Marginal Service conta com um núcleo considerável de personagens que, devido a sua participação na história do anime, precisam ser minimamente desenvolvidos. Mas parece que o roteirista Kenta Ihara preferiu exercer o “minimamente” à risca e tratou de jogar qualquer história genérica com meia dúzia de flashbacks para os companheiros de Brian, na tentativa de desenvolve-los e interligar as historias individuais com a narrativa principal e necessidades do roteiro. O que vemos com isso, são integrantes — do que deveria ser um time principal — rasos, extremamente subdesenvolvidos e que, até o final do anime, são abandonados em falas ou piadas repetitivas de mesma natureza ou só deixados de lado mesmo.

Studio 3Hz / Reprodução

Já a dupla principal do anime, Brian e Zeno, apesar de contarem com um desenvolvimento de seus respectivos passados um pouco mais elaborados, possuem entre si uma parceria de equipe e cena que é completamente intragável enquanto relação a ser acompanhada. Zeno é incapaz de oferecer nuances em suas interações com o protagonista, o que acaba comprometendo a motivação de Brian nos episódios finais da história de maneira catastrófica, fazendo do ex-policial, um baita otário sequelado que parece adorar um relacionamento unilateral e abusivo.

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O roteiro, além de bastante previsível, também perde a mão em sua liberdade poética/cômica e entrega contextos que é preciso uma força absurda do público pra deixar passar. São personagens que se deixam subjugar de graça, planos óbvios que alguém super inteligente não vê e tentativas miseráveis de se levar a sério quando obviamente não se há mais porquê

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Por fim, The Marginal Service se mostra como um anime que serve animação e trilha sonora medianas, designers de personagens interessantes (uniformes principais não inclusos), um time de comédia que vez ou outra funciona e uma história que, com muita sorte, possui uma única reviravolta que preste. A equipe de musculosos pode até servir o país de maneira secreta, mas não se tem quase nada de interessante por trás desses rostinhos bonitos.

The Marginal Service está disponível no Brasil através da plataforma de streaming Crunchyroll com legendas em português.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*