Análise – Takopi’s Original Sin: a busca incansável pela inalcançável felicidade
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Felicidade. Todos nascem para serem felizes, e vivem com o mesmo propósito. A felicidade é um direito de todos, ou ao menos deveria ser. A felicidade é o objetivo que todos almejam, e faz com que sigamos sempre em frente, apesar das turbulações, em busca de um futuro agradável.
E caso a felicidade de alguém seja tirada a força e privada de alguém? Bem, Takopi’s Original Sin (O Pecado Original de Takopi, em tradução livre) traz a resposta já muito conhecida, mas ignorada por muitos, do quão cruel a vida pode ser para alguém que não almeja um futuro, por conta do quão ingrato, ardilosa e infeliz a vida já fora com ela.
Escrita por Taizan 5, a obra é serializada na JUMP+ (Manga PLUS) da editora Shueisha e está fazendo um grande sucesso, com sua trama que mostra o estrume da Terra, também conhecido como “ser humano”.
A trama nos traz Takopi, um alienígena provindo do planeta Happy (Planeta Feliz), que viajou até o Sistema Solar com o objetivo de espalhar a felicidade pela Terra usando diversos mecanismos. Em seu 1° dia, conhece Shizuka, uma garota que ajuda-o em sua estadia na Terra, mas que nunca sorri. Takopi passa a vê-la diariamente, até o momento em que ela tira a própria vida. Intrigado, tenta descobrir por que alguém tiraria a própria vida, sendo que a mesma é tão bela e importante, e, usando de seus mecanismos, impedir que o mesmo aconteça novamente.
Com apenas poucos capítulos, Takopi’s Original Sin já atraiu milhares de leitores no Japão e no mundo. Uma obra que pode ser descrita como angustiante. Esse é o principal sentimento proporcionado pela série. Não porque é uma história ruim, pelo contrário, é um mangá maravilhoso, mas que causa angústia por expor os males da sociedade que diariamente evitamos pensar, comentar e fazer algo a respeito.
A obra é uma grande metáfora para expor o quão podre e cruel a humanidade pode ser com os seus semelhantes, e que mesmo aquele que machuca os outros, também não escapa dessa violência causada por um “efeito dominó”. Além da incansável busca pela inalcançável felicidade.
Takopi representa a inocência imaculada. Alguém que não entende das malícias e tudo está sempre “à mil maravilhas”. Sua visão de mundo é deslumbrante, animadora e alegre. Brigas não existes, são apenas uma forma de chamar a atenção de algum amigo para fazerem as pazes. Alguém que mesmo querendo ajudar seu próximo a ser feliz ao máximo, está aprendendo o quão nojento esse mundo é.
Shizuka representa alguém já corrompido pela sociedade, e que também já sofreu desses males. Uma garota que também já fora inocente como Takopi, mas que por ações de terceiros aprendeu que a vida não é fácil. Bullying, violência, fome, pobreza… Alguém que não deveria ter passado por tudo isso tão cedo, causando sequelas permanentes. Teve seu direito à felicidade tirado contra sua vontade e que já perdeu toda a sua esperança nas pessoas ao seu redor, ou melhor, na humanidade.
Essas duas faces totalmente opostas contrastam entre si, mostrando duas visões totalmente diferentes do mesmo mundo, no mesmo momento. Um vê o mundo como um lugar “incrível”, enquanto a outra já sabe o que ele tem de ruim. Obviamente, um dos lados tende a pesar mais, e aqui vai uma dica: não é a visão alegre e perfeita.
Uma história que mesmo para aqueles que lêem casualmente, sem tentar entender as metáforas e sutilezas da obra, causa angústia e tristeza. Deixa a garganta dolorida e os olhos lacrimejando, para os mais sentimentais, ou, no mínimo, “pra baixo”, para os mais fortes.
Ações nos afetam muito mais do que imaginamos, e afetam a vida até mesmo de terceiros que não estão diretamente relacionados. A humanidade não é linda, isso é fato, e Takopi’s Original Sin cuspe e escracha esse fato em nossa face, o qual muitos fingem não existir.
Às vezes é bom viver num mundo de fantasia. Uma vida feliz, num mundo feliz, num local pacífico, com uma casa e comida te aguardando. Infelizmente, também não podemos ignorar o mundo real. Ele está aqui, mesmo que contra nossa vontade.
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Takopi’s Original Sin acabou me pegando de um jeito que eu não esperava. Para alguém que, como eu, leu sem nenhuma informação adicional, pode ter sido pego de surpresa e ficado mal pela temática.
Não fico feliz por que a obra está “fazendo sucesso”, mas por quê ela está conseguindo alcançar um grande número de pessoas. Esse é mangá essencial para todos, principalmente se for fã de obras do Inio Asano. Planejado para ter apenas dois volumes, Takopi seguirá um rumo que não esperamos, tocará em feridas e não aparenta ter um final feliz.
Takopi’s Original Sin ganha novos capítulos semanalmente às quintas-feiras ao 12h, estando disponível gratuitamente e oficialmente na plataforma Manga PLUS, apenas em inglês até o momento.