Análise: Seu Amigão da Vizinhança Homem-Aranha – uma nova e arriscada proposta

Anunciada desde o final de 2021, a nova série animada do herói aracnídeo intitulada Seu Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha – que levantou expectativas e especulações nos fãs do herói -, finalmente teve sua estreia (talvez nem tão aguardada) em janeiro de 2025 no Disney+.
Entre 2023 e 2024, a nova animação do “Cabeça de Teia” teve seus primeiros visuais revelados pela Marvel Studios, demonstrando se tratar de uma adaptação televisiva aparentemente baseada na legitimidade dos quadrinhos, contudo, certamente estávamos enganados.
Em sua estreia, os primeiros episódios da série apresentaram um novo modelo de origem ao Homem-Aranha e, apesar do visual quadrinístico referenciando as clássicas HQ’s do teioso, a animação utilizou-se do Universo Cinematográfico somado ao Multiverso (What If…?) para construir a nova história. Tendo o enredo sido absolutamente baseado em uma realidade alternativa, os criadores reaproveitam grande parte dos acontecimentos do MCU, excluindo qualquer outro fato canônico que prejudique a nova série isolada.

A grande diferença entre o universo inspirado, com este novo apresentado, está na exploração dos personagens próprios das histórias do Aranha, personagens estes que tiveram suas etnias modificadas, trazendo versões adaptadas voltadas para a diversidade. Como por exemplo, a raça/etnia negra de Norman Osborn e seu filho Harry, personagens esquecidos por Kevin Feige.
Particularmente falando, eu não senti nenhum problema com as versões adaptadas de personagens fundamentais da história-base do Homem-Aranha, apesar de sempre preferir que suas transcrições para as telas sejam as mais fiéis possíveis. Nesse sentido, os fãs do aracnídeo ficaram completamente divididos com essas modificações inclusivas.
Se de um lado tivemos um público que repudiou a nova história de Peter Parker e seus amigos, tivemos fãs que simplesmente adoraram o novo material apresentado.

Com base em uma pesquisa que realizei durante o mês de fevereiro (consultando as plataformas da Disney, Marvel e demais veículos de entretenimento nerd), pude verificar que a divisão está quase que equilibrada, tendo como estimativa 55% de fãs que odiaram a nova animação e 45% de fãs que realmente gostaram da série animada.
Para não ficar nas margens da isenção, exponho a minha opinião da seguinte maneira:
Como um fã antigo do Homem-Aranha (leitor das clássicas revistas de “A Teia do Aranha” e telespectador das séries animadas exibidas pela Fox Kids/Jetix/TV Globinho, além da trilogia cinematográfica dirigida por Sam Raimi), certamente não recebi muito bem os episódios iniciais e da mesma forma não saldei como positivo os capítulos seguintes.
Culpa da Marvel que veiculou um “marketing enganoso”, que induziu a mim e outros fãs a acharem que realmente o novo desenho seria um “conteúdo raiz” extraído diretamente dos quadrinhos, sem necessidade de MCU ou Multiverso quando, na verdade, tratava-se de algo completamente diferente.

Contudo, os episódios finais conseguiram entregar uma conclusão excelente da primeira temporada, mostrando um grande potencial para explorar com liberdade o vasto universo das histórias do Homem-Aranha da forma mais criativa possível.
Mais especificamente falando, o episódio final acertou na construção do herói, finalmente entregando um Aranha íntegro (e devidamente uniformizado) que combate o crime urbano enquanto faz trocadilhos com seus adversários, características esperadas por todos os amantes do Homem-Aranha, sem exceção.
Como um consumidor das antigas HQs e das antigas produções audiovisuais do herói, acho importante observamos que a nova proposta da Disney/Marvel, apesar de arriscada e incerta, não é uma proposta feita necessariamente para os fãs mais fiéis dos quadrinhos.
Ao meu ver, o novo material entregue visa cativar novos e mais recentes fãs do Homem-Aranha, sendo muito desses aqueles que conheceram o “teioso” através dos cinemas e pelos Vingadores, sendo assim, uma tentativa de consolidar uma nova geração que carregará as aventuras de Peter Parker para frente.

Isso de forma alguma demonstra que a Marvel não se importa mais com os seus fãs antigos, pois existem produções em andamento que satisfazem com louvor o gosto preferencial dos telespectadores de longa data. Prova disso é o sucesso de X-Men ’97, que fez jus ao material antigo!
A Marvel (com alguns acertos e vários erros) tem apostado em fidelizar fãs de todos os gêneros. Eu aceito de bom grado a nova animação do Homem-Aranha, mesmo preferindo o mais do mesmo ou uma continuação da série animada dos anos 90.
Acredito que atualmente, há de fato o espaço para novos projetos que buscam reinventar características e conceitos que talvez até mesmo não necessitem serem reinventados, mas por que não praticar esse reaproveitamento, já que de forma alguma isso prejudicará o material original?

A série animada erra em tentar ganhar forças ao se proclamar como material de essência do herói, mas acerta em conseguir combinar novos elementos com o espírito urbano das ruas de Nova Iorque sob os olhos de Peter Parker – um garoto nerd que tenta adaptar sua velha rotina com o seu novo legado de amigo da vizinhança. Dessa forma, a série finalmente consegue caminhar com as próprias pernas.
Para Seu Amigão da Vizinhança Homem-Aranha, a minha nota é 7/10.
Seu Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha está disponível no Disney+.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*
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