Análise | Salaryman’s Club | Uma partida de altos e baixos

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Após a popularidade da temática esportiva voltar a estar em alta com a explosão de HAIKYU!!, tornou-se praticamente obrigatório vermos, pelo menos, um anime por temporada voltado para a vertente dos esportes. E no que diz respeito a recém terminada Temporada de Inverno de 2022, o caminho não foi diferente. Uma das pérolas lançadas, foi o anime Salaryman’s Club (Ryman’s Club), do estúdio Liden Films e dirigido por Aimi Yamauchi, que fala precisamente sobre um time empresarial de badminton (esporte semelhante ao tênis, mas que ao invés de uma bola, passa a ser jogado com uma espécie de peteca, chamada de volante ou birdie). Um esporte bastante incomum para se ver em um anime, mas que neste caso foi capaz de despertar um certo interesse para saber como seria a abordagem do assunto.

Liden Films/Divulgação

E como qualquer tema desconhecido por um público, é preciso que, ao tentar capturar a atenção de sua clientela, o assunto em questão seja apresentado de uma forma bastante acessível e – no caso dos animes – visualmente atrativa. E nesse último ponto, Salaryman’s Club preenche os requisitos com sua animação de qualidade em cada movimentação de personagem (principalmente em cenas de jogo) e em sua ambientação bem trabalhada. O que, sendo bem franco, é o mínimo que se espera de uma animação de esporte, mas que ainda assim o anime consegue entregar de maneira eficaz em seu primeiro episódio e mantê-la durante o restante da narrativa em seus 11 capítulos subsequentes.

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Mas se por um lado a qualidade de animação do anime é satisfatória, o seu desempenho enquanto narrativa a ser contada, em contrapartida, enfrenta alguns obstáculos que comprometem o seu resultado final como um todo. Isso porque, diferente do anime de voleibol mencionado no começo do texto, aqui em Salaryman’s Club, observamos a presença de personagens que, em tese, deveriam ser parte fundamental do núcleo da história mas que na verdade em nada contribuem para o desenvolvimento da narrativa e só estão ali para preencher uma vaga de personagem com um perfil totalmente genérico e/ou caricato. Ademais isso, é possível notar que mesmo o campo de protagonistas possui personagens que até o final da temporada são pouco desenvolvidos e ainda assim acabam com o mesmo desvio de caráter apresentado no início da jornada.

Vemos ainda, alguns furos de roteiro grotescos, como um dos protagonista convenientemente esquecendo um momento decisivo do seu próprio passado e quem o acompanhava naquele estante. Resoluções totalmente absurda para essa problemática e um desequilíbrio na construção de ritmo da narrativa de cada episódio após o primeiro.

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No entanto, o texto da produção entrega muita comédia em seus diálogos que vão desde piadas mais bobas até o uso de metalinguagem na tentativa de gerar uma graça em determinado momento da trama. Mas apesar dos deslizes de roteiro citados acima, o mesmo, felizmente, ainda consegue apresentar um bom desenvolvimento a um de seus protagonistas até o final da temporada e dar espaço para que personagens mais secundários possam aparecer um pouco mais no Show.

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“The Warrior”, a música tema da abertura do anime e interpretada pelo grupo Novelbright, é de longe um dos pontos altos do anime, que somado ao tema de encerramento “Nisen Gohyaku-man Bun no Ichi (二千五百万分の一)” interpretada por Mafumafu, agregam a personalidade hora agitada / hora mais calma, que o anime tenta implementar.

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De fato ocupar o lugar de anime esportivo da temporada diante das várias comparações com um dos queridinhos dos animes do gênero e ainda assim manter-se de pé não é uma tarefa fácil. Mas pode-se dizer que Salaryman’s Club soube aquecer esta vaga de maneira bastante eficaz a ponto de simpatizarmos com a ideia de uma próxima temporada, e entre trancos e barrancos, o time de Petecalariados, termina a temporada de inverno com um saldo relativamente positivo em sua conta.

Salaryman’s Club está disponível no Brasil pelo serviço de streaming Crunchyroll.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*.