Análise: Ruídos | O verdadeiro mal é quem menos esperamos

Lançado em junho deste ano nos cinemas sul-coreanos, o terror Ruídos chega ao Brasil nesta quinta-feira (9), através da distribuidora A2 Filmes. Com direção de Kim Soo-jin e estrelado por Lee Sun-bin como Joo-young, o longa utiliza-se da vida cotidiana para apresentar um suspense íntimo e nos deixar inseguros dentro de nossas próprias residências.

A intimidade neste projeto se dá pelo fato de acontecer num condomínio, com vários apartamentos espalhados por seus muitos andares. O ambiente é pouco convidativo, com uma iluminação fraca ou inexistente; vizinhos peculiares e barulhos insistentes. Dormir na rua parece mais convidativo.

Aliás, estes barulhos são a razão desta história existir. Um problema comum daqueles que residem em prédios, e que afeta de forma negativa muitos moradores, causando discussões e até ameaças em diversos casos. No entanto, observamos por aqui que estas desventuras são elevadas para um outro nível.

Tudo começa quando uma jovem chamada Joo-hee está cansada do incômodo causado pelos vizinhos do apartamento de cima. Determinada a acabar com o infortúnio, ela decide filmar e provar o que está ocorrendo, porém, desaparece misteriosamente. É neste momento que conhecemos Joo-young, sua irmã.

A ‘final girl‘ da vez possui problemas auditivos e utiliza um um aparelho para escutar com clareza. Isso é interessante, pois quando ela retira o dispositivo, o público encontra-se na mesma situação que ela e o som é cortado, deixando apenas nossos olhos serem o guia e causando aquele desconforto característico de filmes do gênero. Ao ser informada do desaparecimento, Joo-young se dirige até a residência que ambas costumavam viver juntas e inicia sua missão de busca.

Vivendo no apartamento, o clima vai se tornando cada vez mais desesperador. Confusão e medo vão tomando conta da protagonista e os mesmos sons que atormentaram sua irmã, passam a lhe causar tensão também. A interação com os vizinhos torna-se problemática ou por conta da zoada ou por suas investigações, que podem atrapalhar uma reforma no condomínio.

A direção de Kim Soo-jin vai construindo uma narrativa que nos entrelaça em seus acontecimentos e nos faz simpatizar com aqueles que parecem boas pessoas. Mas nem tudo é simples como ‘bom’ e ‘mal’ e ela soube dar essa puxada de tapete de uma forma muito interessante, mesmo com algumas pistas sendo jogadas em uma cena ou outra. Talvez algo que pudesse ser deixado para depois fosse o mal presente aqui.

Desde o início fica claro que estamos diante de um filme de espíritos, contudo, acredito que teria sido melhor criar um clima de paranoia antes desta revelação mesmo com este espírito sendo diferente. Bem, não tão diferente assim, mas causa um receio que diverge de outros, voltando ao íntimo que mencionei no começo desta análise. E a verdade, é que o mal genuíno deste projeto não são os mortos.

Todavia, nem tudo são flores. Há algumas pontas soltas e acontecimentos que parecem terem sido simplesmente jogados ali apenas para causar alguma faísca de medo ou tensão. Como esta produção tem mais ou menos 1h 30 min de duração, muitas situações – e até personagens – não tiveram tempo para serem desenvolvidas e melhor trabalhadas. De toda forma, acredito que pode ser uma boa diversão para os entusiastas do terror, principalmente para aqueles que gostam de explorar fora do cenário de Hollywood.

Nota: 7/10

Agradecimentos a A2 Filmes pelo envio antecipado do material.

Ruídos estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas brasileiros.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*