Análise: Pokémon Legends ZA: Game Freak redefine o combate e renova a franquia

Fui incumbido de jogar o mais novo título da franquia Pokémon. Por mais de 35 horas me debrucei sobre o jogo e sinto que explorei o suficiente para compartilhar uma análise completa. Vale ressaltar que esta análise foi feita jogando no Nintendo Switch 2, embora o título também esteja disponível para o Switch original. Desde o início do marketing, um dos principais destaques de Pokémon Legends ZA foi o sistema de combate em tempo real, uma das maiores promessas da Game Freak. Será que conseguiram entregar algo realmente novo à franquia?
A HISTÓRIA EM LUMIOSE CITY
A trama de Pokémon Legends ZA se passa em Lumiose City, onde um grande plano de reurbanização visa transformar a cidade em um lugar harmonioso tanto para humanos quanto para Pokémon. O jogador chega à cidade e logo ganha seu primeiro parceiro, Chikorita, Tepig ou Totodile, iniciando uma nova jornada como treinador. Hospedado no misterioso Hotel Z, o protagonista conhece personagens como Urbain ou Taunie, dependendo da aparência escolhida no início do jogo, e o enigmático AZ, um homem alto que afirma ter três mil anos.

O enredo ganha força com o fenômeno da Rogue Mega Evolution, que faz com que Pokémon selvagens Mega Evoluam sozinhos e entrem em descontrole. Cabe ao jogador, junto do grupo Team MZ, investigar esses eventos e restaurar a ordem.
A história é boa. A Game Freak claramente quis dar mais peso narrativo nesse jogo. O problema é a ausência total de dublagem. Há várias cutscenes longas e impactantes, mas sem vozes, o peso emocional se perde. Em um jogo dessa magnitude, é decepcionante ver a série ainda presa a esse tipo de limitação. Mesmo assim, o desfecho é eletrizante, com momentos realmente emocionantes, só não tanto quanto poderiam ser com uma dublagem adequada.
UM MUNDO VIBRANTE, MAS COM FALHAS VISUAIS
Visualmente, Pokémon Legends ZA acerta e erra em medidas quase iguais. A direção de arte é belíssima, os Pokémons e personagens estão muito bem modelados, mas as fachadas dos prédios de Lumiose City deixam a desejar. É evidente que a cidade foi inspirada em Paris, com construções elegantes e cheias de charme, mas muitas delas são apenas texturas 2D, lisas e sem profundidade. Para quem gosta de explorar e apreciar o cenário, como eu, isso quebra um pouco a imersão.

Apesar disso, o mundo é vivo e interessante. As chamadas Wild Zones, ou Zonas Selvagens, oferecem variedade de Pokémon que mudam conforme o horário do dia e a área visitada, incentivando a exploração constante. O jogo também está recheado de missões secundárias que, inicialmente, são divertidas, mas com o tempo revelam-se rasas e repetitivas, sem expandir o enredo principal.
O NOVO COMBATE, A GRANDE MUDANÇA DA SÉRIE
Agora, vamos ao que realmente faz Pokémon Legends ZA brilhar: o combate. As batalhas abandonam o tradicional sistema de turnos para adotar um formato em tempo real, onde o treinador e o Pokémon se movimentam livremente pelo cenário. Confesso que gosto muito do sistema de turnos clássico, que sempre fez parte da identidade da série, mas não posso negar que a mudança trouxe um frescor muito bem-vindo.
Cada Pokémon possui quatro habilidades mapeadas nos botões X, Y, A e B, e cada uma delas tem um tempo de recarga até poder ser usada novamente. Isso adiciona um nível de estratégia que exige pensar rápido, mas sem deixar de lado o planejamento tático. Algumas habilidades possuem tempos de execução diferentes, áreas de alcance variadas e efeitos de status únicos, o que torna as batalhas dinâmicas e imprevisíveis.

Durante as batalhas, é possível trocar de Pokémon a qualquer momento, chamando um novo aliado para o campo. Há um breve tempo de carregamento entre uma troca e outra, o que impede abusos e mantém o equilíbrio do combate. Por não se passar em áreas completamente abertas como em Pokémon Legends Arceus, o espaço de movimentação é mais limitado, o que torna o jogador e seu Pokémon alvos mais fáceis. Isso exige reflexos rápidos, leitura de padrão dos ataques inimigos e uma boa dose de estratégia.
Durante a noite, surgem as chamadas Battle Zones (Zonas de Batalha), áreas onde o treinador enfrenta uma sequência de oponentes e ganha tickets de batalha, que são necessários para participar dos combates ranqueados, com classificações que vão do Rank Z até o Rank A. O jogador pode atacar de surpresa para obter vantagem inicial e receber mais recompensas ao cumprir objetivos específicos dentro dessas zonas.
Sem dúvidas, o combate é o ponto alto de Pokémon Legends ZA, sendo o maior passo que a série deu em anos para se reinventar.
AS MEGA EVOLUÇÕES ESTÃO DE VOLTA
As Mega Evoluções estão de volta e desempenham papel importante em Pokémon Legends ZA. É possível obtê-las ao longo da aventura e usá-las tanto em batalhas normais quanto nas mais desafiadoras. Embora nem todos os designs agradem, é inegável que elas adicionam emoção e desafio às lutas.

O sistema funciona por meio de uma barra especial (barra rosa na imagem acima) que se enche durante o combate, e quando atinge o máximo, o Pokémon pode Mega Evoluir temporariamente. Quando a barra se esvazia, ele retorna à forma normal. Esse recurso ajuda a criar momentos intensos e estratégicos, principalmente em batalhas contra treinadores mais fortes ou Pokémon em estado de Rogue Mega Evolution.
PÓS-JOGO
Após os créditos, Pokémon Legends ZA ainda reserva um conteúdo considerável. O pós-jogo traz novas missões, eventos e desafios que ampliam a experiência de maneira interessante. Sem entrar em spoilers, posso dizer que há algumas surpresas que valem muito a pena.
CONCLUSÃO
Pokémon Legends ZA é um divisor de águas para a franquia. A Game Freak ousou sair da zona de conforto e apresentou um sistema de combate dinâmico, divertido e estratégico, acompanhado de uma história cativante e visualmente marcante. Ainda assim, a falta de dublagem é uma falha grave que prejudica a imersão em diversos momentos, e os problemas visuais em Lumiose City mostram que ainda há espaço para melhorias.
Além disso, é importante mencionar a falta de localização em português brasileiro. É triste perceber que, mesmo em um jogo desse porte, a franquia continua ignorando uma base enorme de fãs no Brasil. A ausência de legendas em português não é novidade para Pokémon, mas ainda assim precisa ser dita: isso afeta a experiência de muitos jogadores que não dominam o inglês e, consequentemente, dificulta a imersão em uma história tão bem construída.
Mesmo com esses tropeços, a jornada em Lumiose é vibrante, envolvente e repleta de momentos memoráveis. Pokémon Legends ZA mostra que a franquia ainda tem muito a evoluir, e essa evolução está apenas começando.
Nota: 8/10
Pokémon Legends: Z-A está disponível para Nintendo Switch e Nintendo Switch 2.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*
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