Análise: Pantera Negra

Divulgação. © Marvel Studios

Este texto contém spoilers.

Sendo a última produção com o selo Marvel antes do aguardado Vingadores: Guerra Infinita, a expectativa para Pantera Negra (Black Panther) não baseava-se apenas nisso, mas na emoção em estar indo ao cinema ver um filme com um elenco totalmente composto por afrodescendentes e vê-los em posições importantes. É certo dizer que o primeiro vislumbre de Wakanda numa sala de cinema é épico como deveria ser.

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Prosseguindo os eventos de Capitão América: Guerra Civil, T’Challa (Chadwick Boseman) agora é o rei dos Wakandanos e precisa não apenas honrar seu falecido pai, mas também estar diante de sua nação e provar a ela que está pronto para ser um rei e, assim como nos quadrinhos, o arqui-inimigo do herói é Ulysses Klaw (Andy Serkis), o contrabandista chamado de Garra Sônica, que já havia sido apresentado em Vingadores: Era de Ultron e que retorna como nas histórias da Marvel, sendo um grande inimigo de Wakanda antes mesmo de T’Challa se tornar o Pantera Negra.

Novamente numa direção inspirada como em Creed: Nascido para Lutar, o diretor Ryan Coogler não poupa esforços e traz uma Wakanda grandiosa, repleta de diferentes tribos e principalmente, colorida. Quanto as cenas de ação, toda a sequência na Coréia do Sul se destaca, pois é o mais próximo de uma cena memorável. Coogler consegue criar trechos empolgantes na sequência do cassino, enquanto sofre quando tenta fazer batalhas mais carregadas de efeitos especiais em Wakanda.

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O figurino do longa é extremamente fiel ao que Jack Kirby criou para o personagem e que conseguimos ver de forma semelhante no terceiro filme do deus do trovão, Thor: Ragnarok , porém aqui numa escala maior. Seria injusto o longa ficar de fora do Oscar nessa categoria, porém o maior trunfo de Pantera Negra é ser provido com o melhor elenco do universo cinematográfico da Marvel.

Chadwick Boseman retorna como T’Challa trazendo novamente consigo um personagem que a cada filme está amadurecendo, colocando sua moral em jogo e sempre buscando fazer o certo. Se nos eventos em Guerra Civil, T’Challa sofre pela perda do pai e tenta vingá-lo, descobrindo o motivo real que levou Zemo a mata-lo, aqui ele assume e lida com um erro que seu próprio pai cometeu há anos atrás.

 

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Ao lado do rei, sua irmã Shuri (Letitia Wright), sua dora milaje Okoye (Danai Gurira) e o deslocado Everett Ross de Martin Freeman, é o mais próximo de um alívio cômico que o longa tem, mas sempre muito bem situado e principalmente pelo timing das atrizes. É contagiante ver o quanto a presença feminina também é importante em Pantera Negra, seja sua irmã, sua guarda real, ou sua amada Nakia (Lupyta Nyong’o).

O primeiro grande dilema de T’Challa é justamente confrontar Klaw por ser um antigo carrasco de sua família, algo que na visão dos demais Wakandanos, é um erro que não deveria continuar existindo. E é nesse pequena falha que ocasiona um colapso dentro de Wakanda quando Erik Killmonger ( Michael B Jordan), aparece no país com o Garra Sônica capturado e diz ser de linhagem real, sendo filho do irmão de T’Chakka e , consequentemente, primo de T’Challa.

Killmonger, que se chama Erik Stevens, é um garoto da Califórnia que cresceu sem o pai devido o mesmo ter traído o rei, mas não num conflito maniqueísta; o irmão do rei é  N’Jobu, um war dog. Wakandano que assim como vários outros, se infiltra dentro de um país a favor do rei T’Chaka e que ao entrar em contato com a realidade da américa, percebe que enquanto sua terra natal está sendo egoísta ao viver sob às sombras escondendo tecnologia do mundo, as questões raciais nos demais países são bem diferentes.

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T’Chakka mata o seu irmão e abandona Erik, escondendo a verdade de sua nação. A motivação por parte de Killmonger é totalmente compreensível. O vilão é um embate físico e também ideológico para T’Challa, mas apesar disso, o personagem jamais se assemelha a algo que o expectador possa torcer para ele como se fosse uma espécie de anti-herói. Pode-se dizer que isso se deve a uma interpretação afiada de Michael B Jordan, que compõe um personagem extremista e impiedoso.

Numa jornada emocionante para o protagonista e principalmente para seu antagonista, se há algo que Pantera Negra não consegue fazer, é quando tenta se assemelhar a um filme de super-herói convencional. Mas isso acaba sendo um defeito muito pequeno diante do marco que o diretor Ryan Coogler faz em sua projeção.

A produção mais diferente e mais importante de todo o Universo Cinematográfico da Marvel.