Análise: Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante | Para sair com o coração quentinho

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Adaptação do best seller de mesmo nome, Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante é aquele filme despretensioso que você encontra por acaso e se surpreende positivamente, mas sem deixar de ter aquela sensação que poderia ser muito mais. Este texto não contém spoilers.

Antes de mais nada gostaria de deixar claro que não li o livro e cai de “paraquedas” neste filme por achar que se tratava de algo scifi (sim, isso aconteceu), mas ainda sim mantive o interesse em assisti-lo para matar uma tarde tediosa de sábado.

A história começa nos apresentando o jovem Aristóteles (Max Pelayo), um rapaz que se mantém na solidão e um quase total isolamento, até o dia em que conhece Dante Quintana (Reese Gonzales), em sua aula de natação, que após algumas modéstias palavras, resolve ensiná-lo a pelo menos não ficar só com os pés na água. É o começo de uma bela amizade, que nós sabemos, florescerá para algo a mais.

Blue Fox Entertainment / Divulgação

A partir deste ponto passamos a conhecer mais da vida de cada um deles, em particular a Aristóteles. Na verdade, diria que este é um filme praticamente só dele, tendo em vista que a presença de Dante tem como finalidade apenas elevá-lo a um outro patamar pessoal, como uma jornada de autodescobrimento, e embora seja, a falta de um cuidado refinado também a Dante me incomodou. É nítido isso quando vemos que a família de Aristóteles tem muito mais presença em tela do que a Dante, como se não fosse de uma mesma importância ou simplesmente que por lá, não existam quaisquer problemas, o que implica num desenvolvimento conturbado dos personagens em seu redor.

Conforme os dois se tornam cada vez mais próximos, uma situação inesperada os tornará ainda mais próximos, e a certeza de que realmente são melhores amigos e fariam qualquer coisa um pelo outro, o que também implica em alguns problemas na mente de quem ainda esteja se descobrindo – o de confusão – em acreditar que aquilo possa ir adiante. Talvez até possa, mas nós sabemos, nem sempre funciona desta forma. Os sentimentos passam a aflorar quando Dante viaja para Chicago e os dois começam a trocar cartas para manter sua amizade viva (aquela velho dilema que ‘depois do colégio seremos amigos para sempre’). Neste caso, a promessa é cumprida, mesmo que em algumas cartas o tom das conversas fique mais quente, e em uma delas, sentimentos cada vez mais à tona.

Blue Fox Entertainment / Divulgação

Um dos problemas do roteiro começa a surgir exatamente aqui. É dito que ambos ficarão um ano separados, mas em nenhum momento você realmente se dá conta que isso aconteceu. A sensação é que apenas um final de semana passou, e isso acaba implicando na visão do espectador no envolvimento da obra, não dá para você sentir que houve qualquer “perda”. E durante esse tempo, temos uma participação maior de personagens que não fariam diferença alguma e o plot do irmão de Aristóteles – carregado desde o início do longa –, que apenas não se encaixou.

Contudo, a partir do momento em que Dante “força” que esta amizade vá além, sentimentos contrários emanem de Aristóteles e a certeza que talvez ele apenas queira fugir por medo da reciprocidade, o longa chega em sue ponto mais alto. Tudo o que acontece a partir de agora tornam todos os problemas passados.. apenas problemas que ficaram no passado, pois você passa a torcer em cada segundo que se sucede.

Felizmente o filme sabe subverter estes problemas a seu favor com uma reviravolta que certamente fará muitos saírem satisfeitos, com o coração quentinho do cinema por finalmente tudo se resolver e você pode dizer: “Até que enfim”. É um dos pontos mais altos da produção, e digno de muita consideração, em vista que fazer um final parece ser algo tão difícil.

Por fim, Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante não é perfeito, tem seus problemas, e lida com dúvidas, descobertas e os traumas por ser diferente. Uma boa pedida para quem apenas quer ver um romance água com açúcar por 1h30.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*