Análise | Orient | segunda parte do anime apresenta mais do mesmo

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A segunda parte de Orient chegou a seu final nesta ultima segunda feira (27), e com isso muitos espectadores puderam dar o seu veredito sobre a primeira temporada do anime ou se que questionar: valeu a pena gastar o meu tempo para assistir isso? Afinal, esta continuação foi tão boa quanto a primeira? Teria ela sido melhor ? Será que ficou faltando bem mais a ser entregue ao longo do caminho?

Bem, vamos discutir, neste especial, um pouco sobre a aposta do estúdio A.C.G.T. o gostinho agridoce que a produção pode ter deixado para alguns espectadores.

Kodansha / Studio A.C.G.T / Divulgação

Seguindo a jornada apresentada na primeira parte de sua temporada, aonde vemos o trio de amigos Musashi, Kojirou e Tsugumi, que após se conhecerem, decidem se estabelecerem como um grupo de caçadores de demônios Oni, e paralelamente a isso buscar informações sobre o passado de Kojirou e seu pai, a continuação do anime tem como mote principal evoluir a narrativa principal de Musashi e companhia agora com desafios bem maiores, na companhia de novos personagens em destaque e sem a preocupação de apresentar o mundo e seus dilemas em que a história se passa.

Um trabalho que requereu muito cuidado do diretor Tetsuya Yanagisawa, não apenas para deixar que a história caísse em um limbo de tédio e tosquice que passou a metade anterior equilibrando-se para conseguir evitar, mas também porque aqui vemos a jornada mostrar muito mais desdobramentos de seu leque e com isso, muitos outros personagens que agregam na história de Musashi e que também precisariam ter seu tempo de tela e habilidade do diretor para lidar com isso.

E qual a maneira mais fácil encontrada no roteiro para garantir pelo menos duas vagas de protagonistas aos novos personagens que surgem ? acertou quem disse separar o trio principal e “substituir” dois deles. Agora com Musashi e suas novas companhias para complementar a história em foco e seus antigos amigos relegados a um serviço ou dois, a trama começa a rumar para mais desdobramentos do perigo principal apresentado e convenientemente esquecendo ou suprimindo a motivação inicial dos protagonistas estarem naquele lugar.

Kodansha / Studio A.C.G.T / Divulgação

Com algumas reviravoltas interessantes que perpassam por mortes inesperadas e aliados nem tão aliados assim, a trama desta segunda parte consegue ser minimamente interessante – salvo alguns momentos finais – principalmente quando somada a seus bons alívios cômicos que surgem vez ou outra. No entanto, tais estratégias não conseguem esconder o fato de que, assim como na primeira temporada – talvez até mais – é possível perceber uma falta de refinamento por parte do estúdio A.C.G.T. em seus quadros de animação e no uso de 3D que não tem êxito ao se encaixar de forma fluida nas cenas e que consegue até prejudicar o excelente trabalho de ambientação já característico da obra. Seus temas de abertura e encerramento (“Break it down” de Sota Hanamura Ft. Lil’ Fang e “Irochigai no Itotaba” de Gakuto Kajiwara, respectivamente), conseguem, por outro lado, envolver e manter – no caso do encerramento, ser até melhor- a identidade estabelecida na primeira parte da temporada em apenas um ou dois episódios, ainda que suas respectivas animações deixem a desejar também. Já o design de personagens, de responsabilidade de Takahiro Kishida (Puella Magi Madoka Magica), consegue um melhor destaque nesta continuação, sendo uma das poucas coisas positivas que talvez dê pra salvar no anime.

Kodansha / Studio A.C.G.T / Divulgação

Em suma, a segunda parte de Orient, mantem o nível medíocre estabelecido anteriormente. O que é uma pena, já que é notório o potencial para a história despontar como um destaque de cultura pop. O que, no entanto, não necessariamente deva ser vista por uma perspectiva negativa, uma vez que: o anime permanece sendo engraçado e empolgante, ainda que com algumas derrapadas em sua carga dramática e execução da mesma; possui um universo interessantíssimo, mesmo que o estúdio escolhido não consiga apresentar, em certos momentos, toda essa riqueza em sua execução; E nos presenteia com personagens carismáticos que, apesar da dublagem brasileira truncada – eu particularmente preferi a versão em espanhol -, facilmente conectam-se com espectador. Orient segue sendo uma viagem que apesar de conter alguns buracos, pode ter alguma vista agradável se você apertar os olhos.

Kodansha / Studio A.C.G.T / Divulgação

A segunda parte Orient está disponível no Brasil pelo serviço de Streaming Crunchyroll e conta com 12 episódios.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*