
Muitos tiveram um crush na época da escola e tentavam impressionar a pessoa de várias formas, seja aumentando algo positivo sobre si ou mesmo contando uma mentira inofensiva. É nesta segunda opção que se encaixa o Erik, protagonista desta história nacional que estreia neste mês de outubro nos cinemas.
O Último Episódio é uma produção da Filmes de Plástico, em parceria com o Canal Brasil, e distribuição pelas companhias Malute e Embaúba Filmes. A direção é de Maurilio Martins – que também escreveu o roteiro ao lado de Thiago Macêdo Correia. Inclusive, a trama se mistura com memórias da infância do cineasta.
O que despertou meu interesse, antes mesmo de assistir a este projeto, foi a utilização do famoso último episódio de Caverna do Dragão como pretexto para amarrar toda a narrativa. Uma animação extremamente popular no Brasil, que permanece sem um final animado e encontra-se presente na memória de toda uma geração. Eu mesmo acompanhei todas as reprises da série, quando eram veiculadas na TV Globo – e revi também quando chegou a ser transmitida nos primórdios do Gloob.

Mas, voltando para a mentirinha inocente do Erik, é sobre este capítulo final que a trama se desenrola. Estudante da 7ª série, em outubro de 1991, o garoto acaba descobrindo que a menina por quem ele tem uma paixão é fã da série animada. Ao tentar iniciar alguma conversa, o rapaz comenta sobre uma fita, supostamente trazida dos Estados Unidos, e contendo o tal último episódio.
Diante disso, ele precisa resolver a situação e convoca seus dois melhores amigos: Cassinho e Cristiane (Cristão, para os íntimos). Juntos, o trio irá gravar a história baseando-se nas lendas que escutaram por aí sobre o capítulo nunca feito. E, bem, O Último Episódio poderia ser apenas sobre isso mas este é apenas uma pequena parte dele.
A verdade é que esta subtrama apenas serve para o real: a amizade entre os três. O filme foi filmado no interior de Minas Gerais, apresentando o característico sotaque mineiro e uma sensação de cotidiano – comum a todo brasileiro que reside em bairros periféricos de uma cidade grande. É uma história simples, mas com personagens carismáticos.

Erik vive com sua mãe Milene, que o cria sozinha após a morte do marido. Bastante resiliente, a mulher esconde o real motivo do falecimento do marido, até um certo ponto, quando ela decide dizer a verdade para seu filho. É um momento interessante, visto que ainda hoje a depressão é tratada por muitos como ‘qualquer coisa’, então imagine no início dos anos 1990 – não é a toa que o apelido do pai de Erik causa um certo incômodo após descobrirmos este detalhe. A maior parte dramática encontra-se neste núcleo e o pai do menino está presente na trama em todo o momento, de um jeito ou de outro. A memória está ali e isso importa para o desenvolvimento do jovem de 13 anos.
Cassinho e Cristão também possuem seus momentos, que poderiam ter sido melhor explorados – principalmente do Cassinho, mas esta é uma produção pequena e não há tempo para grandes desenvolvimentos de todos os envolvidos. Quem sabe numa sequência ou até mesmo uma série, não é mesmo?
Mas se tem uma personagem secundária que rouba nossa atenção, ela atende pelo nome de Simone – interpretada por Babí Amaral. Esta mulher personificou as diretoras das instituições de ensino brasileiras, trazendo os trejeitos, falas características e até um corte de cabelo digno desta área de atuação. Quando ela surge em tela, pelo menos um sorrisinho será visto em alguns rostos.

Este filme é realmente cativante, não sei se ele me conquistou por ter assistido após um dia confuso, mas o que importa é que ele possui aquele sentimento nostálgico de momentos mais tranquilos de nossas vidas. Quando tínhamos sonhos e esperanças, sem sentir um peso em nossas mentes e costas. Acredito que ele possa ser um conforto para muitos também.
Como mencionado, não se trata de uma grande produção, é algo independente, até mesmo as atuações escorregam por vezes aqui e ali, mas nada que estrague o todo. E, olha… a cara de pau do Erik em querer filmar este último episódio da forma que ele filmou, sinceramente. Eu me perguntei em todo momento se a menina iria realmente acreditar naquilo. Podiam liberar este curta no YouTube, pois eu fiquei curioso.
O Último Episódio entrega amizade, família, nostalgia e deve agradar ao público 30+; além de envolver os mais novos também. Afinal, escola, pais e crushs são situações que envolvem todas as gerações.
Nota: 7/10
Agradecimentos a Filmes de Plástico pelo envio antecipado do material.
O Último Episódio estreia dia 9 de outubro nos cinemas.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*
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