Analise: O Astronauta – Uma aventura psicodélica

Desde criança, eu gostava de ler diversos gibis, como os da Turma da Monica. Naquela época, quase todo mundo tinha, sendo um dos meus favoritos os do Chico Bento, e foi graças aos quadrinhos do Mauricio de Souza que passei a ter contato com outras histórias, como os quadrinhos norte-americanos e os mangás japoneses.

De tempos em tempos, as criações do Mauricio de Souza foram ganhando espaço em outras mídias, como Turma da Monica: O Resgate, baseado em Wonder Boy III: The Dragon’s Trap, além dos filmes para os cinemas em ‘Laços’ e agora com seu novo filme ‘A Goiabeira Maraviósa’. O próximo passo se volta para a animação de um personagem pouco explorado, O Astronauta, que acaba de chegar na plataforma Max.

O Astronauta tem como base as graphic novels do Sidney Gusman e é uma releitura das primeiras aventuras do explorador espacial, rebatizado de Pereira, referente ao personagem icônico das histórias da Monica, sendo desta vez com uma visão mais humanizada do personagem. Após ser afastado por questões indiciplinares da Agência Espacial BRASA, o Astronauta se prontifica a ser recrutado para uma missão na Lua, após outros exploradores desaparecerem misteriosamente.

Durante a jornada de Pereira, temos uma visão psicodélica, como se entrássemos na mente do astronauta, seu desejo de manter um relacionamento com Ritinha, sendo este personagem, muito mais explorado do que nas histórias originais e com maior relevância e importância, além de ser só um par romântico e assim como a Ritinha outros personagens dão seu show de imersão como Watanabe que explora sua relação homo-afetiva e a parceira feminina com uma tragédia familiar.

É possível visualizar também diversos easter eggs no desenho animado, como o Mauricio de Souza fazendo uma aparição rápida, estilo Stan Lee nos filmes da Marvel, a origem da nave esférica do Astronauta em uma versão mais moderna e outros detalhes que quem acompanha as histórias infantis da Turma da Monica vai saber se identificar. O único detalhe que reparei foi a transição da moradia do Pereira que, ao invés de ser situada em um sítio, passa a ser em uma cidade.

Outros personagens que ganham destaque estão inclusos o General Alves, chefe de Pereira e sua equipe, que na sua interpretação dá uma visão mais autoritária e, ao mesmo tempo responsável e o controverso Cabral, que auxilia a missão, porém com objetivos diferentes.

A qualidade da animação está maravilhosamente bem trabalhada, o design lembra bastante Titã Simbiônico e Os Irmãos Aventura, talvez para dar um toque mais sessentista, inspirado em Johnny Quest, foi uma coisa interessante que pude notar, em contrapartida, tem momentos de estranheza, no momento que os personagens mexem a boca de lado, mas são detalhes pequenos que não compromete a série animada.

Para os amantes da dublagem brasileira, vai ser um deleite especial, além dos anunciados Marco Pigossi como O Astronauta e Mel Lisboa como Ritinha, temos as presenças de grandes nomes como Francisco Júnior, a voz do Crocodile de One Piece como General Alves; Francisco Freitas, Hyoga de Os Cavaleiros do Zodíaco como Cabral; Carol Crespo que emprestou sua voz como Bishamonten em Noragami e Ricardo Sawaya, o antigo locutor do extinto canal Animax como Watanabe.

A animação nacional está progredindo, uma produção animada, lançada exclusivamente pelo streaming da Warner Brothers é um grande passo e com transmissão para outros países, com isso espero que dê tudo certo e ganhe uma segunda temporada.

O Astronauta já está disponível exclusivamente no streaming Max.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*