
Após mais de dez anos no esquecimento, a franquia Ninja Gaiden finalmente volta ao centro das atenções este ano e com força total. 2025 já se firmou como um dos mais movimentados da história da série, com três lançamentos de peso: o remake Ninja Gaiden 2 Black, o novo jogo 2D Ninja Gaiden: Ragebound e, fechando com chave de ouro esse renascimento, Ninja Gaiden 4, o primeiro título principal em 3D após uma década. O novo capítulo nasce de uma parceria entre a veterana Team Ninja, responsável pelo conceito e direção criativa, e a PlatinumGames, que assumiu o desenvolvimento completo do projeto.
A trajetória de retorno não foi simples. Depois da recepção negativa de Ninja Gaiden 3, que tentou reinventar a fórmula da série sem sucesso, muitos fãs já duvidavam que Ryu Hayabusa e companhia voltariam com o mesmo brilho de antes. Ninja Gaiden 4 prova o contrário: o jogo resgata o combate desafiador e técnico que consagrou a franquia, agora com gráficos impressionantes e uma narrativa intensa que se estende por mais de 20 horas de campanha.

Ainda que não alcance o ápice da série, o novo título representa uma clara evolução em relação ao polêmico terceiro episódio. A PlatinumGames imprimiu sua marca característica, combates fluidos, ritmo acelerado e um espetáculo visual à altura. Pela primeira vez, o jogador não assume de imediato o papel do lendário Ryu Hayabusa. O foco agora é Yakumo, jovem ninja do Clã Raven, um ramo tecnológico e mais sombrio do clã Hayabusa. Ele é apresentado como o herdeiro de uma linhagem ligada ao lendário Dragão Negro, criatura cuja tentativa de ressurreição destruiu Tóquio, transformando a cidade em uma zona contaminada e tomada por demônios.
Na história, Yakumo parte em uma missão para cumprir uma antiga profecia: eliminar a sacerdotisa Seori, peça-chave no ritual que tentou trazer o Dragão Negro de volta. Mas ao confrontá-la, descobre que matá-la não encerrará o ciclo de destruição. “Só ao libertar os selos e purificar o Dragão Negro poderemos quebrar a maldição”, revela Seori, mudando completamente o rumo da jornada. A partir daí, os dois unem forças em busca da redenção, um arco que se torna o coração emocional do jogo. Apesar da trama bem estruturada, Yakumo não convence totalmente como protagonista. O personagem tem traços de anti-herói excessivamente frios e um comportamento que o torna pouco carismático. Ainda assim, os personagens de apoio trazem dinamismo à história. Entre os destaques estão Umi, hacker e amiga de infância de Yakumo; Tryan, mentor e figura fraterna; e a própria Seori, que funciona como o contraponto emocional e interesse romântico do protagonista.

Ryu Hayabusa também tem participação especial. É possível controlá-lo em uma campanha paralela, revisitando os mesmos cenários em uma espécie de prelúdio, uma estrutura que lembra Devil May Cry 4. Embora sua presença seja discreta, ela reforça a ponte entre o passado e o futuro da série. Com a PlatinumGames no comando, o combate de Ninja Gaiden 4 alcança um novo patamar de fluidez e intensidade. O estúdio, conhecido por títulos como Metal Gear Rising: Revengeance e Bayonetta, traz sua experiência em ação cinematográfica e combate corpo a corpo veloz. A violência estilizada, marca registrada de Ninja Gaiden, está de volta, com desmembramentos e execuções dignas de um filme de ação.
Yakumo utiliza duas lâminas e, conforme avança, adquire novas armas ao libertar santuários selados. O sistema de progressão é alimentado por “Karma” e “nincoins”, moedas obtidas nas batalhas. Ele também domina técnicas de “Ninjutsu de Sangue”, que permitem transformar armas em pleno combate e executar golpes devastadores. Clássicos como Izuna Drop, Flying Swallow e Ultimate Technique também retornam, garantindo familiaridade aos veteranos.
Do ponto de vista técnico, o jogo impressiona. As transições entre cutscenes e gameplay são quase imperceptíveis, e o visual cyberpunk de Tóquio, agora uma metrópole amaldiçoada, é de tirar o fôlego. O menu de acessibilidade também chama atenção, oferecendo opções para reduzir a violência e ajustar a experiência de jogo a diferentes públicos. Os jogadores podem aprimorar técnicas em uma sala de treinamento com Tryan e comprar equipamentos nos terminais “DarkNest”, operados remotamente por Umi. Esses pontos de parada funcionam como bases seguras em meio ao caos da cidade.
Além da campanha principal, Ninja Gaiden 4 oferece desafios extras. Os portais “Purgatory Gates” testam as habilidades do jogador em combates opcionais com modificadores de dificuldade que aumentam as recompensas. Cada bioma encerra com um grande chefe temático, embora nem todos alcancem o impacto visual dos clássicos da trilogia original. O chefe final, por exemplo, faltou inspiração em sua segunda fase.
Ainda assim, o jogador oferece alto valor de rejogabilidade, com modo de seleção de capítulos e desafios adicionais após o término da história. Ninja Gaiden 4 é, sem dúvida, o renascimento que a franquia precisava. A combinação da experiência da Team Ninja com a ousadia da PlatinumGames resultou em um jogo intenso, brutal e visualmente marcante. O protagonista Yakumo pode não ter o mesmo impacto de Ryu Hayabusa, mas o conjunto, combate afiado, ambientação envolvente e narrativa sólida, compensa a falta de carisma.
Mais do que uma simples sequência, Ninja Gaiden 4 soa como o início de uma nova fase para a série. Se essa parceria continuar, é possível esperar por uma nova trilogia tão icônica quanto a original.
Nota: 8/10
Ninja Gaiden 4 está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S, e PC.
*Análise realizada a partir de uma cópia do jogo enviada pela Xbox Game Studios.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*
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