Análise | Nier: Automata Ver1.1a | Roteiro é o maior inimigo na missão de entreter

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Demorou (e muito), mas após alguns retornos e pausas em decorrência de produção e pandemia, chegaram neste penúltimo domingo (23), os episódios finais da primeira temporada de Nier: Automata Ver1.1a, adaptação do jogo de mesmo título das empresas Square Enix e Platinum Games, lançada durante a Temporada de Inverno (Janeiro a Março) de 2023 e que agora podemos finalmente analisar e dizer se de fato valeu a pena não desistir do título depois de suas idas e vindas.

E falando muito brevemente sobre sua sinopse, na história conhecemos os androids 2B, 9S, e A2 que são parte de uma força militar responsável por combater as máquinas que invadiram a terra e expulsaram a humanidade do planeta para a lua, porém existem muitos segredos escondidos nessa batalha.

A-1 Pictures / Divulgação

Desde os seus primeiros trailers, NieR Automata se mostrou como uma das produções mais bem desenvolvidas visualmente de sua temporada, e se alguém duvidava que a qualidade do anime iria além de seu primeiro episódio, ao passar os 4 primeiros veria que a produção investida pelo estúdio A-1 Pictures resultou em um êxito memorável para quem aguardava periodicamente o lançamento semanal dos episódios.

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São várias cenas de batalhas compostas por um trabalho em 3D e 2D bem aplicados tanto no design de naves e MECAS quanto na movimentação de personagens, angulação de câmeras e até ataques em laser e campos de força. Todo o trabalho de ambientação do anime também é algo que imediatamente consegue chamar a atenção do público pela beleza com a qual é apresentado, sejam em ruínas de uma cidade abandonada, um bunker espacial ou uma Igreja/Cidade monocromática. São uma séries de ambientações que, ainda que só por alguns segundos vistas, conseguem expressar toda a grandiosidade daquela realidade “inóspita” pela humanidade e por vezes a caoticidade que a mesma traz com a sua tecnologia.

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Já no que diz respeito a trilha sonora de NieR Automata, seu desempenho apresenta uma participação satisfatória na composição do projeto. Obviamente que o trabalho de distorção de voz e feitos sonoros de caráter tecnológico são essenciais, porém dentre os pontos analisados nesse campo, é notório que o trabalho musical aplicado durante as cenas de batalha, em sua abertura e encerramento, são os que mais se destacam aqui. O tema de abertura “Escalate”, executa pela cantora Aimern somado ao trabalho de animação sobreposta em CGI e locações reais, bem como a trilha sonora usada no episódio um, conseguem evocar urgência e emoção com tudo o que se passa durante as cenas de apresentação na abertura ou de confronto no episódio mencionado. Já “Antinomy”, canção interpretada pela banda Amazarashi, não é de todo ruim, consegue ser coesa com a proposta da animação mais emotiva do encerramento mas não chega a ser nada muito memorável.

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No entanto, vendo a adaptação como um todo, já que sua primeira temporada finalmente pôde ser encerrada, há de se convir que se por um lado o anime apresenta uma qualidade visual bem executada com a direção de fotografia de Toshiaki Aoshima e direção de arte de Yumi Okayama, o mesmo já não pode se dizer de seu roteiro. Ryouji Masuyama, encarregado da direção, script e composição do anime, até tenta — com um certo sucesso, verdade seja dita — trabalhar a empatia do público e de seus protagonistas para com a possível “humanidade” de suas criaturas metálica, a subversão de ações e respostas entre protagonistas de personalidades opostas e os constantes mistérios que rodeiam a trama principal. Mas é precisamente esse último ponto que dá ao anime a sensação de algo bastante inacabado. É óbvio que na confirmação de uma segunda temporada como é o caso NieR, uma ponta solta aqui e ali é bem vista para tal destino. Mas o que vemos nesta primeira temporada são tantas portas sendo abertas, que mesmo uma ou duas sendo explicadas e fechadas, a perspectiva de que há tanta coisa para se entender é tão grande que, para quem esperou os hiatos terminarem, foi como tentar beber uma gota de água no deserto. Ademais isso, seu roteiro é ligeiramente caótico, com idas e vindas no tempo e cenas em diferentes núcleos mal demarcados e exigindo do espectador uma revisão de seus episódios.

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Provavelmente muitas destas histórias e personagens pouco aproveitados tenham sido deixados de lado precisamente para que, em uma continuação, o seu potencial pudesse ser desenvolvido. Ainda assim, a tarefa de acompanhar a fragmentada história de NieR Automata é uma missão cuja porcentagem de sucesso dependerá bastante da compreensão do espectador.

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A primeira temporada de Nier: Automata Ver1.1a está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll com legendas em português. A série também possui uma dublagem brasileira no serviço, que até o momento, encontra-se inacabada.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*