Análise: Naruto x Boruto: Ultimate Ninja Storm Connections não consegue chegar aos pés da franquia

Após o êxito de Naruto Ultimate Ninja Storm 4, a CyberConnect 2 teve uma nova oportunidade de trabalhar com a produção de um novo projeto envolvendo os personagens e as histórias do universo de Naruto apostando na fórmula de sucesso que consagrou a franquia Ninja Storm. Nessa análise, serão apresentados os pontos positivos e negativos de Naruto X Boruto: Ultimate Ninja Storm Connections a fim de ajudá-lo a decidir se a mais nova aventura do herói da Vila Oculta da Folha vale ou não o seu suado dinheiro.

O Jogo

Naruto x Boruto: Ultimate Ninja Storm Connections traz consigo dois modos distintos para aproveitar o enredo da série: “História” e “História Especial”. No modo “História”, o jogador terá a possibilidade de acompanhar toda a saga de Naruto desde a fase clássica até o final da saga Shippuden, enquanto que no modo “História Especial” é dado o acesso a uma campanha totalmente inédita que se passa em meio às aventuras de “Boruto”, filho do agora Hokage que deseja trilhar o seu próprio caminho ninja. Além de tais modos, o jogo também fornece a opção dos já tradicionais modos de batalhas simples local/offline e online, assim como modos de torneio, treino, sobrevivência, entre outros alternativas velhas conhecidas do público que já é familiarizada com a franquia Ninja Storm.

As duas histórias

Apresentar toda a história de Naruto em um único jogo pode soar como algo que tem potencial de agradar muitos fãs que há algum tempo esperam por o que parece ser uma “obra definitiva” do personagem. Porém, ao invés de oferecer um longo jogo onde são revisitados todos os momentos marcantes, a desenvolvedora optou por resumir a história apresentando-a por meio de uma série de imagens estáticas retiradas do anime e acompanhadas de uma narração de fundo. Assim, ao longo de XX capítulos, que poderão ser escolhidos pelo jogador na ordem que preferir selecionar, será possível acompanhar uma linha do tempo com objetivos secundários que consistem em pequenos resumos sem narração e objetivos principais que apresentam não só o resumo dos secundários acompanhados de narração como também dos principais confrontos que existem no anime/mangá. E o que poderia ser uma recriação de momentos épicos, fica limitado apenas à reprodução daquilo que já foi visto em jogos anteriores. O reaproveitamento foi geral: cenários, personagens, estruturas, etc. É perfeitamente natural e esperado que em um jogo de luta que é uma sequência de uma fórmula consagrada recicle elementos que funcionaram bem em ocasiões anteriores, mas porque não trabalhar com mais afinco lutas mais antigas para que elas se aproximassem do padrão de qualidade que foi observado em Ultimate Ninja Storm 4? Vale destacar, por sinal, que ao se chegar nos últimos capítulos, o jogador perceberá uma evolução visível em termos gráficos dos eventos por eles representarem nada mais nada menos que os grandes momentos do jogo anterior, o que traz ao final aquela sensação que pode ser ou não tão boa de “eu já joguei exatamente isso antes”.

Por outro lado, a “História Especial” é onde as novidades estão concentradas. É em uma narrativa originalmente feita para o game, que são apresentados novos personagens que ameaçam a Vila Oculta da Folha motivados por acontecimentos da fase Shippuden. Não quero entrar em muitos detalhes aqui para não entregar os pontos principais do enredo, mas a narrativa funciona como um dos vários bons filmes da franquia e, novamente, irá revisitar todas as principais sagas contadas no anime/mangá de Naruto. Contudo, um grande problema é que você praticamente não irá jogar. Nesse modo, toda a história é contada através de cenas feitas com os gráficos do jogo (nada de imagens passando como slides, amém!) e só em momentos pontuais você enfrentará algumas lutas rápidas. Aos que esperam por aquelas partes antigas da série que trazem um quê de “exploração do mundo”, já antecipamos que isso não irá acontecer. Você assistirá 10 minutos da história, fará uma luta de um round e irá repetir essa atividade ao longo de cada capítulo. Lá pelo episódio 4 da história é que o ritmo melhora, fornecendo alguns combates secundários, ainda que de forma bastante superficial. Nada que chegue a ser ruim, mas frustrante para quem espera mais gameplay e não quer ficar preso a tanto conteúdo narrativo.

Gameplay

Quanto a esse aspecto, o jogo mantém o estilo consolidado pela série Ninja Storm, com Lutas 3 x 3 em ambientes 3D que trazem a possibilidade de combos de execução simples que podem ser conectados tanto com habilidades especiais quanto itens. Houve dessa vez a adição de um modo mais simplificado de controles, que para quem é novato(a), pode ser um ótimo auxílio.

Além disso, foram feitas algumas mudanças nas mecânicas de combate que fará jogadores hardcore terem a chance de explorarem novas possibilidades de combos com a utilização de jutsus. Uma outra mudança observável é na barra de chakra, que agora começa a recarregar lentamente de forma automática (embora ainda haja a opção de você carregar o seu próprio chakra de forma mais ágil). O elenco disponível é impressionante de tão numeroso, dando ao jogador a possibilidade de escolher entre mais de 100 personagens de todas as eras da franquia, que pode ir desde o Naruto do começo da série até o recente Boruto com sua transformação do Karma. Muitos podem considerar esse jogo como o definitivo da série Ninja Storm devido ao seu enorme elenco, e bem, se consumidores em potencial buscam um jogo pra focar apenas em batalhas, realmente esse pode sem dúvida ser o jogo definitivo para tal proposta. No que diz respeito a batalhas online, há a possibilidade tanto de partidas casuais quanto de ranqueadas.

Dublagem

É importante também destacar que o jogo oferece dublagem em português e para nós brasileiros, essa é uma grande conquista visto que se por um lado a dublagem do anime segue parada há anos, mesmo outras franquias com sucesso mais consolidado no país como Dragon Ball sequer receberam dublagem em seus inúmeros jogos lançados. Vale também comentar que algumas vozes sofreram mudança, o que para o grande público já acostumado com certos personagens sempre pode ser um ponto problemático e talvez a perceptível com maior facilidade por todos seja a do popular personagem Kakashi, cuja interpretação no jogo foi assumida pelo dublador Guilherme Briggs em substituição a Élcio Sodré

Além do áudio em português, o jogo também oferece a possibilidade de escolher outros idiomas, estando entre alguns deles inglês, espanhol e japonês. Por mais que a dublagem esteja boa, alguns problemas de sincronização foram percebidos durante a análise. Em algumas cenas o áudio e a movimentação labial dos personagens não estavam sincronizados, fazendo com que se presenciasse a boca do personagem se movendo sem a emissão de nenhum som. Outra coisa, que particularmente não chega a me incomodar mas talvez bastante a algumas pessoas, é o uso de gírias e expressões brasileiras. Isso acontece com alguma frequência na História Especial, com a turma do Boruto. Então não se assuste se ouvir frases e bordões que talvez são comuns do cotidiano brasileiro, mas estranhos a ninjas em um universo que emula o Japão feudal.

E afinal, vale a pena?

Se você está em busca de um jogo de Naruto que traga consigo o máximo de personagens possíveis seja para jogar sozinho ou batalhar com seus amigos através dos modos online ou offline, esse pode ser o jogo ideal para você. Além disso, se você nunca jogou os Storm’s anteriores, essa pode ser uma boa porta de entrada pra essa franquia. Mas se o que você busca é reviver os grandes momentos da série por meio de novas cenas refeitas com gráficos atualizados, talvez esse jogo lhe decepcione um pouco.

• Pontos Positivos:
• Está dublado
• Combate com opção simplificada que pode atrair novos jogadores
• Elenco bem completo

 

• Pontos Negativos:
• Poucas novidades em comparação com os anteriores
• Sem áreas de exploração
• Modo história simplificado

Naruto X Boruto: Ultimate Ninja Storm Connections está disponível para PlayStation 5 e 4, Xbox One, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC.

Para esta análise, foi utilizada a versão de PlayStation 5.

Autor: Brian Robson.