Análise | My Home Hero | Um suspense medíocre

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Começar a assistir My Home Hero pode ser um tanto quanto complicado se você for um daqueles consumidores de anime que prezam por uma animação ultra refinada, fluída e de ambientação milimetricamente polida. Não que o título do estúdio Tezuka Productions não abra margem pra implicância disso mas será que vale a pena deixar passar essa história, em detrimento da sua produção modesta? É o que vamos descobrir.

Pra quem não conhece o mote do anime, vale apresentar aqui uma breve sinopse: A história segue Tetsuo Tosu, um assalariado comum que se envolve no submundo do crime após assassinar o namorado gangster abusivo de sua filha. Encurralado, Tetsuo usará todos os meios à sua disposição para proteger sua família de um sindicato do crime que procura o gangster desaparecido.

Tezuka Productions / Divulgação

Veja bem, é inegável que a adaptação do mangá de Naoki Yamakawa e Masashi Asaki não é responsável por um dos visuais mais lindos do ano ou quiçá de sua temporada de primavera. Mas isso não quer dizer que My Home Hero não tenha pontos positivos em seu aspecto geral. O roteiro, organizado por Kohei Kiyasu, cumpre bem o trabalho de apresentar os personagens e desenvolve-los ao longo dos 12 episódios, de modo que tal progressão não comprometa a personalidade de cada integrante da trama e faça um uso real dos personagens — até mesmo a filha infantiloide do protagonista — para manter a história rodando de forma interessante.

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A construção na relação de Tetsuo e seus alternados antagonistas foi também algo que, particularmente, se mostrou como algo muito bem construído. Era fascinante ver como mesmo em um trabalho em equipe poderia existir tensão e ameaça ou como em um provável crime por sobrevivência, uma solução mais emocional poderia quebrar a expectativa e ainda assim ser coerente.

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Da mesma forma, os ganchos deixados no final de cada episódio são artifícios muito bem utilizados, cumprem o papel de deixar a expectativa alta e, naqueles que acompanharam o anime de forma semanal, a ânsia de conferir o próximo episódio de forma urgente. Também acertado, foi o trabalho de trilha sonora, que tendo em vista a importância que isso carrega para uma obra de suspense, em My Home Hero as trilhas que acompanhavam os instantes de tensão e suspense ajudam o espectador a mergulhar no momento aonde tudo pode ficar mais difícil na história para o protagonista. A dublagem em português é também, aqui, motivo de felicitação, com escalação e interpretações que tornam a experiência de assistir a produção em nosso idioma, muito mais palatável. Já no que diz respeito ao tema de abertura e encerramento, estes dão a empolgação necessária para querer assistir os episódios ainda que suas respectivas animações sejam mornas.

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E já que chegamos no assunto animação, é notório o quanto o trabalho da Tezuka cai em um lugar mediano se comparado a maioria das outras produções da estação. Apesar de contar com uma ambientação realmente boa na maioria de suas cenas, não dá pra ignorar o quanto o uso de 3D, movimentações de câmera, e fluidez de animação apresentam um desempenho que vai de medíocre a ruim dependendo da cena escolhida, seja numa bolha de ar, num caminhar ou um simples vapor.

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Com base em tudo isso, é possível dizer que My Hero Home é uma daquelas obras que teve a infelicidade de cair nas mãos de uma casa que não seria capaz de fazer justiça a toda a construção de tensão, brutalidade e possível tranquilidade que sua narrativa principal exige visualmente. Apesar de que podemos ver um esforço do estúdio com relação a esse ponto, e pra isso damos o crédito da tentativa. Resta torcer para que a sua, já confirmada, adaptação em live-action, consiga impactar seus espectadores.

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My Home Hero está com sua única temporada disponível no Brasil pelo serviço de streaming Crunchyroll com dublagem e legendas em português.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*