Análise | Malevolent Spirits: Mononogatari | Produção é promissora mas peca no ritmo

Bandai Namco Pictures/ Divulgação

A temporada de inverno dos animes já terminou mas os vereditos dessas produções seguem a todo vapor por aqui. Desta vez o alvo da nossa análise será um anime que apareceu com uma premissa ligeiramente interessante e que, modestamente, atraiu a atenção de algumas poucas pessoas que logo trataram de popularizar a obra com o bom e velho boca a boca. Vamos dar uma olhada no que Malevolent Spirits: mononogatari tem para nos oferecer.

Mas se você não sabe do que raios fala a história de Mononogatari, vale aqui uma pequena sinopse do que esperar do anime: Um garoto chamado Hyoma Kunato vê seus irmãos mais velhos serem mortos por um espírito maligno e após sobreviver ao ataque, jura ficar mais forte e aniquilar a entidade assim que a reencontrar. Mas seu ódio pela espécime de espírito denominada Tsukumogami o impede de progredir e o garoto é enviado para morar com Botan Nagatsuki, uma jovem que possui uma criação envolvendo os Tsukumogami, totalmente diferente da de Hyoma. Com isso, o rapaz precisará desconstruir tudo o que acreditava e tentar enxergar seus horizontes com uma visão mais ampla a fim de se tornar um lutador mais potente.

Bandai Namco Pictures/ Divulgação

Não é de hoje que a temática sobrenatural vem rondando o mundo dos animes e influenciando no nascimento de obras que, vez ou outra, tiram o público do tédio e despertam o interesse de uma gama de gente por essa vertente e assim, fomentam a produção de obras semelhantes. Mononogatari, sem dúvidas é uma dessas produções que surgiram ainda pela influência do alto consumo de títulos semelhantes como Death Note e Jujutso Kaisen, que casam suas criaturas sobrenaturais com os cenários dos dias atuais. No entanto, diferentemente de seus companheiros de temática, o êxito de mononogatari está bem aquém dos outros títulos mencionados e seu potencial é muito mal lapidado.

Bandai Namco Pictures/ Reprodução

Apesar de contar com uma sinopse bem interessante, Mononogatari já chega com uma variedade de informações logo em seu primeiro episódio, o que torna a compreensão da trama um tanto quanto caótica, principalmente se isso for feito em sua versão legendada – que na verdade é a única disponível no Brasil até então. São tantos clãs, famílias, personagens, tipos de espíritos, que particularmente, boa parte disso só foi possível fixar na mente ao assistir uma segunda vez. Mas passado o primeiro choque, acompanhar o desenvolvimento do anime, acaba por se tornar algo muito brando. O desenrolar das histórias, a maneira como o protagonista vai retrabalhando sua perspectiva a respeito das criaturas que ele tanto detesta, a relação com o seu par “romântico” e as tramas secundárias que vão acontecendo paralelamente a história principal, tudo é realizado de uma forma muito comedida. E essa escolha de fazer os acontecimentos principais ocorrem de forma tão lenta, acaba passando uma sensação de que estamos vendo uma pequena novela animada com algumas lutas razoáveis e outros poucos momentos de comédia entre seus personagens e a personalidade de seu protagonista.

Bandai Namco Pictures/ Reprodução

O anime da Bandai Namco Pictures até que tenta se sair bem — e sai, se comparado com outras produção da mesma temporada — no que diz respeito a qualidade de sua animação. Todavia esta não apresenta nada muito significante depois do primeiro episódio. Não chega a derrapar de forma catastrófica mas pouco chama atenção e acaba sendo um serviço satisfatório, mesmo em suas cenas de batalha, aonde a ação está mais concentrada. As ambientações, por outro lado, são imediatamente notadas e principalmente atrativas com a ideia de deixar uma textura porosa — semelhante a uma parede com tinta velha ou giz de cera — em alta evidência. Um trabalho muito bom realizado pela mente de Hiroki Matsumoto, que assina a direção de arte e divide a arte de fundo com Yumi Ishihara. Esta qualidade nos detalhes também se reflete quando vamos falar de seus temas de abertura e encerramento, que complementam muito bem o trabalho de animação, seja no início frenético aonde somos eletrizados pela canção do grupo Arcana e sua “Koigoromo” ou no encerramento delicado e comovente ao som de “Rebind” da solista True.

Bandai Namco Pictures/ Reprodução

De uma forma geral, apesar de nadar em águas já um tanto quanto conhecidas e por vezes saturadas para uma boa parte do público consumidor de animes, Malevolent Spirits: mononogatari, ainda consegue apresentar sementes que, se bem trabalhadas, podem germinar e se desenvolverem até chegar a um produto capaz de satisfazer seu espectador. Parece um pouco improvável, dada a sua equipe de primeira temporada e seu resultado mediano apresentado. Resta torcer para que em sua já confirmada segunda temporada, os espírito possam ajudar em seu sucesso total.

Malevolent Spirits: mononogatari está disponível no Brasil pelo serviço de streaming Crunchyroll.