Análise | Mashle: Magia e Músculos | Humor com uma mágica intervenção

Desde que o mundo é mundo, no universo das animações – ou pra ser um pouquinho mais preciso, dos animes – existem aquelas obras em que você geralmente não dá nada pela primeira imagem, segue não dando nada pela sinopse e depois de assistir ao primeiro ou qualquer episódio, você bate o martelo confirmando que aquele projeto realmente não é nada demais… isso até uma certa intervenção te fazer mudar de ideia.

Em 2023 a história se repete para com este que vós escreve, sendi a bola da vez o anime Mashle: Magia e Músculos. A intervenção? Bem, leia até o final para descobrir.

E como o leitor já deve ter sido exposto as imagens do anime por aqui, vale então uma breve sinopse para, quem sabe, ativar o interesse sobre o título, caso a primeira tentativa tenha falhado:

Na história, acompanhamos Mash Burnedead, um jovem que vive na floresta com seu pai adotivo, Regro, e que passa os dias fazendo exercícios para ganhar músculos. Para continuar vivendo em paz com seu pai e proteger sua vida, ele decide se matricular numa escola de magia chamada Easton Academy, mesmo que ele não tenha poderes mágicos. O rapaz, então terá que provar a todos que os músculos podem superar a magia.

E se ainda assim, você não se sentiu instigado em partir para o terceiro passo, considere o restante do texto como um prefácio para a próxima etapa.

Bem, apesar da popularidade entre os mangás, responsável pela sua adaptação em anime e uma casa de peso como estúdio A-1 Pictures em sua produção, Mashle: magia e músculos não me pareceu ser algo tão relevante durante seu período de exibição, na primavera deste ano. Claro, a qualidade visual que a A-1 sempre investe em seus projetos como “Your Lie in April” ou “Sword Art Online”, estava aqui também, mas por alguma razão, Mashle não parecia ser completamente interessante pra mim, não envolvia e sempre deixava a impressão de que algo estava sendo deixado passar. Que precisaria de uma nova assistida excruciante para achar esse elemento ofuscado. Foi então, apenas em um retorno tardio, que notei o que fazia falta no anime. Diversão. Mashle, o anime de comédia, não tinha graça.

E quando digo que a graça de Mashle era o elemento “ofuscado”, é precisamente no sentido em que a maioria de nós conhecemos da palavra: algo em que você sabe que está lá mas que por alguma razão é ocultado pelo brilho de outro objeto, corpo ou elemento. No caso da comédia do anime, ocultada pela dublagem sem sal.

A adaptação poderia ter tudo. Ambientações bem feitas, uma arte de fundo espetacular, uma animação sem tantos problemas, referencias cômicas a outras produções do cinema… E de fato, o anime tem tudo isso. Mas bastou um ponto mais capenga para deixa o projeto geral truncado.

No entanto, se a dublagem original de Mashle: foi o seu calcanhar de Aquiles, pouco tempo após a finalização da temporada, com a conclusão da adaptação para o português, foi que a dublagem brasileira se mostrou como a intervenção que o produto precisava para ganhar vida por aqui — e no meu caso, dar um ar mais interessante durante a revisão.

O trabalho feito pelo estúdio Som de Vera Cruz, com direção de Erick Bougleux trouxe a luz tanto o carisma dos personagens como a insanidade do roteiro e a forma como o anime não se leva tão a sério — mesmo sendo consciente de seus furos. É com esse elemento que o quadro geral do anime começa a parecer mais fluído, que questionamentos como “Esse personagem é negligente aqui por burrice ou propositalmente?” surgem e tudo fica um pouco mais palatável e os deslizes ficam restringidos apenas aos temas de abertura e encerramento, que são bem qualquer coisa.

De forma geral, o anime é aquela comida que pode ser boa quando você prova fora de casa. Mas que fica espetacular quando recebe o seu tempero ou de alguém que a gente ama e sabe fazer como ninguém. Resta torcer para que a já confirmada segunda temporada tenha essa mesma intervenção mágica brasileira.

Mashle: Magia e músculos, está disponível no Brasil através do serviço de streaming Crunchyroll, com legendas e áudio em português.