Análise: Make a Girl | Um jeito estranho de amar

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É inegável que os animes estão voltando a conquistar as telas brasileiras — seja na TV, streaming ou cinema, e a Sato Company é uma das companhias responsáveis por esta invasão de animações nipônicas. Neste mês de novembro, a empresa surpreende trazendo mais uma produção para a tela grande: Make a Girl, da Kadokawa Animation.

Dirigido e roteirizado por Gensho Yasuda, a trama é uma ficção científica com toques de romance e desejo de apresentar alguma discussão profunda sobre humanidade. Mas, sendo sincero? O cineasta realiza tal tarefa de forma pouco atrativa. Com duração de 1h30, este projeto custa a agradar.

Tendo sido lançado em janeiro nos cinemas japoneses, a trama acompanha um garoto com dons científicos chamado Akira, que se vê frustrado por não conseguir obter sucesso em suas criações. Seu sonho é seguir os passos de sua falecida mãe, que era exímia em seu trabalho.

Após um amigo da escola arranjar uma namorada, o mesmo lhe diz que a companheira o fez evoluir e se tornar melhor. Akira, então, toma uma decisão: arranjar uma namorada para que esta o faça melhorar suas habilidades no trabalho.

Kadokawa Animation / Divulgação

Detalhe que ele não almeja algo tão simplório como o encontro da felicidade a dois, seu foco é puramente para melhorar sua pesquisa. Por esta razão, ele resolve construir uma garota a quem nomeia de Zero. E o que já estava sem graça, piora. Akira é um protagonista chato. Não há outra palavra. É chato. Ele é clichê e não possui nada de relacionável, ele irrita, mas não é o único. Nenhum personagem nesta obra se salva e todos são bem descartáveis, incluindo o amigo citado anteriormente e uma outra colega que você sente que não teve seu desenvolvimento concluído, ficando no meio do caminho.

Zero chega para dar um pouco mais de corpo nesta trama, com suas questões existenciais mas consegue ser tão apática quanto o Akira. Sendo uma robô com emoções, seu objetivo de vida é simplesmente amar seu criador, todavia, para que seja mais humana, lhe foi solicitado imitar o comportamento das outras de sua ‘idade’. Lembrando que ela acabou de nascer, mas assemelha-se a uma adolescente.

Com isso, ela começa a exigir comportamentos de casal como saírem no final de semana; almoçarem juntos após as aulas; andar de mãos dadas e coisas do tipo. Sendo alguém totalmente avesso a proximidade de outras pessoas, isto causa um esgotamento mental enorme em Akira que se vê realmente incomodado com sua criação.

Kadokawa Animation / Divulgação

A partir deste ponto, começa o ‘momento reflexão e redenção do protagonista’ com o mesmo refletindo sobre questões existenciais e o passado com sua mãe. Ainda observamos uma certa revolta da criatura contra seu criador e a repetição de várias frases que já vimos em outros animes que trabalham temas parecidos, tais como: “por que você não acredita que meus sentimentos são verdadeiros?“.

Este é o primeiro filme onde Gensho atua na direção, além de realizar outras funções e isso deve tê-lo sobrecarregado. Gostaria de ter apreciado melhor este longa, mas realmente é uma experiência maçante. A animação em um estilo CGI que mais parece uso de inteligência artificial também não agrada.

Para não dizer que tudo foi desinteressante, há uma cena onde acompanhamos uma perseguição — sendo algo bem legal de assistir. Até acabamos criando alguma expectativa de vir algo fenomenal, mas não… apenas desbanca numa revelação que qualquer um já havia notado no início e que estava LITERALMENTE na cara do Akira, mas ele não notou.

Kadokawa Animation / Divulgação

Make a Girl apresenta questões como ética, a importância de cultivar bons momentos com pessoas queridas e que é sempre bom não duvidar dos sentimentos de uma robô – caso você não queira perder algum membro. Infelizmente, este filme realmente não me agradou.

Nota: 4/10

Agradecimentos a Sato Company pelo envio antecipado do material.

Make a Girl chega aos cinemas brasileiros em 13 de novembro.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*