Analise – Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii – União entre máfia japonesa e pirataria

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Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii não chega a explorar todas as suas ambições náuticas, mas a sua energia contagiante e a premissa diferente fazem com que o jogo se destaque como uma aposta ousada que podia ser adotada em mais spin-offs de grandes franquias de jogos. Atualmente, não há série melhor para se ser fã do que Like a Dragon da Sega, anteriormente conhecida l, e ainda chamada de Yakuza por muitos fãs.

Não existe série no mundo dos jogos que ofereça tantas novidades quanto Yakuza. Nunca é preciso esperar mais do que um ou dois anos para jogar um novo título, e o estúdio Ryo Ga Gotoku constantemente testa novas abordagens para a fórmula de um jeito surpreendente. Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii, é não apenas um dos games com o título mais literal de todos os tempos, mas também é extremamente divertido, e é exatamente o que o nome sugere: um jogo sobre um membro da Yakuza que viaja para o Havaí e se torna um pirata. Não se trata de uma metáfora criativa; é exatamente sobre isso que o jogo trata. O protagonista dessa vez é Goro Majima, um dos personagens mais populares da série, raramente jogável, exceto em Yakuza 0, lançado em 2017.

SEGA / Divulgação

Nos demais jogos de Yakuza, Majima é conhecido como o “cachorro louco de Shimano”, um cara imprevisível que adora facas e anda sem camisa. Em Pirate Yakuza in Hawaii, ele acorda numa uma ilha próxima ao Havaí com amnésia, faz amizade com um garoto que fala inglês chamado Noah, que sonha com aventuras náuticas, e a partir daí a história se desenrola. Assim, Majima, Noah e um grupo formado por pessoas peculiares começam a cantar e dançar uma música no estilo Disney, celebrando as alegrias da aventura no convés de um antigo navio pirata de madeira.

Nada disso é exagero, e é justamente esse tipo de situação que faz o título se destacar dos jogos mais sérios da série principal. Aqui, não há melodrama sobre disputas imobiliárias ou ansiedade sobre o declínio do crime organizado no Japão. Majima quebra a quarta parede nos primeiros cinco minutos para dizer que não vale a pena se preocupar com o fato de que todos falam idiomas diferentes. No geral, Pirate Yakuza in Hawaii é um jogo leve, recheado de piratas bobos e lugares curiosos.

SEGA / Divulgação

Por mais que em alguns momentos a proposta possa ser exagerada até para uma pessoa que conhece bem a série, se você se deixar levar vai gostar bastante. É interessante que uma série como Yakuza e suas representações realistas de bairros contemporâneos no Japão se arrisque com uma cidade pirata fictícia chamada “Madlantis”, cheia de piratas com navios de madeira em pleno ano de 2024. E, para completar, a cidade é comandada por Samoa Joe, famoso lutador de luta livre , ou pelo menos um personagem interpretado por ele.

Mas nem tudo é perfeito. Por mais que histórias sobre amnésia possam ser clichês, elas também servem como um bom ponto de partida para um estudo de personagem, onde a pessoa vai recuperando suas memórias aos poucos. Pirate Yakuza in Hawaii flerta com essa ideia, mas nunca a desenvolve completamente. Só no final do jogo você tem uma nova compreensão do estado emocional de Majima. Esse momento é muito legal para um fã da série, mas não espere que o restante da narrativa tenha esse impacto. Embora o jogo se passe após o último título principal, Infinite Wealth, ele não é uma sequência direta desse, sendo guiado principalmente pela atmosfera, o que não é ruim, e a trilha sonora, com suas músicas contagiantes, também ajuda muito.

Após as primeiras horas mais lineares e focadas em cenas cinematográficas, Pirate Yakuza in Hawaii abre espaço para a estrutura clássica da série. Você passará boa parte do tempo explorando uma representação surpreendentemente fiel de Honolulu (a mesma mostrada em Infinite Wealth), lutando contra bandidos, realizando histórias secundárias e recrutando novos membros para sua tripulação no navio Goromaru. Isso não é melhor nem pior do que em outros jogos da franquia, com a notável ausência de um mini-jogo de negócios, que, ao que parece, é exclusivo dos jogos principais. De qualquer forma, as histórias paralelas continuam tão cativantes e engraçadas quanto sempre, todos os tripulantes recrutáveis são tipos excêntricos e você ainda pode se divertir com o karaokê.

O que realmente torna tudo interessante são as novas mecânicas de combate de Majima. Assim como em Like a Dragon Gaiden (2023), este spin-off mantém o combate de ação, satisfazendo aqueles que não são tão fãs dos combates baseados em turnos (como eu) dos últimos jogos principais. Majima possui dois estilos de combate que podem ser trocados a qualquer momento: Mad Dog e Sea Dog. O primeiro é o típico Majima, com socos, chutes e ataques com sua faca, adequado para batalhas individuais.Já para lutar contra grupos grandes de inimigos, o estilo Mad Dog é o mais indicado. Neste estilo, Majima usa duas espadas enquanto também possui acesso a uma pistola antiga e a um gancho de corda. Ele pode lançar suas espadas como bumerangues, derrubar até cinco inimigos com um tiro carregado da pistola e até voar pelo campo de batalha com o gancho.

Animações fluidas, respostas de impacto e ângulos cinematográficos nas finalizações fazem cada luta ser tão engraçada de assistir quanto de jogar. Mais adiante, Majima ganha instrumentos musicais mágicos, como uma guitarra elétrica que invoca tubarões espectrais para devorar seus inimigos no campo de batalha. Faz sentido dentro do contexto da série Yakuza? Claro que não. Por que há instrumentos musicais amaldiçoados espalhados pelo Oceano Pacífico? E mais importante, quem se importa? Pode até chegar um momento em que Yakuza ultrapasse o limite do absurdo, mas a série já evitou isso de maneira inteligente, mesmo com tubarões reais no jogo. O Goromaru, o navio de Majima, não é apenas um dispositivo de enredo, mas uma embarcação totalmente controlável e personalizável que você usa para explorar os mares ao redor do Havaí.

Embora esse seja o aspecto mais fraco do jogo, felizmente não é o que o jogador mais precisa fazer. O combate naval não é ruim, mas depois de Assassin’s Creed IV: Black Flag lançado há mais de 10 anos atrás, as batalhas navais em jogos têm se tornado um pouco repetidas. As lutas basicamente envolvem se posicionar para disparar os canhões ou atacar a toda velocidade, sem muitas táticas ou armas especiais. Mesmo assim, a experiência não deixa de ser legal. Senti falta de um pouco mais de profundidade no desenvolvimento de Majima como personagem, como feito com Kazuma Kiryu nos últimos jogos. Mas não dá pra reclamar disso de um jogo de ação com piratas que ainda inclui várias músicas e números de dança.

*Análise feita a partir de uma cópia do jogo enviada pela Sega.

Like a Dragon: Pirate Yakuza esta disponível desde o dia 21 de fevereiro para PlayStation 5 e 4, Xbox One, Xbox Series e PC.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não remete necessariamente a posição do ANMTV*