O segundo volume do mangá Leviathan, de Shiro Kuroi, distribuído no Brasil pela editora JBC, já está em circulação. E se você acompanha as nossas redes sociais, então já sabe que ele foi um dos nossos recebidinhos deste mês de novembro. Assim, tão logo ele chegou por aqui, a sua leitura foi imediata. Afinal, o que aconteceu depois da grande revelação no fim do último volume? A trama se mantém interessante nesta edição? Vale a pena gastar o meu dinheirinho neste volume ou devo passar o primeiro para frente e seguir minha vida? É o que vamos discutir nesse especial de hoje.
E caso você não sobre o que Leviathan fala, acompanhe está breve sinopse: na história acompanhamos a aventura de três saqueadores espaciais que durante suas explorações entre o planeta Terra e a grande estrela Proxima Centauri, encontram uma nave abandonada e logo tratam de vasculhar a carcaça em busca de algo valioso, mas encontram, logo de cara, o diário de um dos habitantes da nave. Enquanto um dos saqueadores lê o conteúdo do diário durante a expedição, a visão de uma inofensiva nave desaparecida e abandonada vai mudando pouco a pouco para os três.
Dito isso e seguindo para o atual volume lançado pela JBC, o mangá de Shiro Kuroi dá prosseguimento à narrativa principal previsível das crianças “acidentadas” no espaço, enquanto apresenta individualmente alguns personagens vistos no primeiro volume e outros que passamos a conhecer apenas aqui. E apesar de contar com um capítulo inteiro de filler, Leviathan pouco enrola com sua narrativa e mostra de maneira gráfica e bastante brutal a selvageria presenta na natureza humana e praticamente irrestrita quando aplicada ao meio pré-adolescente, cujos sensos de limites e maturidade estão em desenvolvimento. É um trabalho moderno e que, em sua própria mídia, remete de maneira poderosa ao clássico da literatura estrangeira “O senhor das moscas”, de William Golding.
Aqui podemos ver como uma situação crítica pode despertar o instinto mais cruel de sobrevivência, seja de maneira truculenta ou mais dissimulada. Mas apesar do cenário caótico e, além disso, também é possível ver sororidade, arrependimento e um amor juvenil que inclusive dá uma leve distorcida na construção climática do mangá.
Diferente primeiro volume, nesta edição o par protagonista quase não interage entre si, o que pode deixar a dinâmica de disputa principal um pouco esquecida para o leitor além de ser um desapontamento para quem gosta de um certo personagem mais sorrateiro e que faz as coisas se movimentarem na história.
No que se refere ao aspecto visual, o mangá segue com um ótimo trabalho visual, entregando introdução colorida, cenas que, como anteriormente dito, não temem expressar brutalidade e estimular a repulsa em seu público. A diagramação segue com os mesmos pontos problemáticos apontados na análise anterior e aqui podemos constatar que talvez essa proposta mais “cortada” seja a identidade escolhida pela equipe editorial responsável. Se é bom ou não, provavelmente ficará ao gosto do cliente.
Por fim, Leviathan Vol. 2 é uma continuação razoável de seu volume de estreia. Não possui com tanta firmeza o fator calculista e misterioso que seu antecessor entrega, mas prepara terreno para acontecimentos promissores que seu sucessor deverá servir, uma vez que o “elenco” diminui e a estratégia deverá ser mais afiada para garantir a própria sobrevivência. Algumas pontas na história continuam soltas e a curiosidade em descobrir, com os três saqueadores espaciais, quem é o sobrevivente do conflito é levemente instigadora. Não é uma perda de tempo em leitura, mas com certeza poderia ser melhor.
Os dois volumes de Leviathan estão disponíveis no Brasil pela editora JBC.